Warner Music e Bain Capital lançam joint venture para compra de catálogos
Parceria de R$ 6,5 bilhões mira direitos de gravação e publicação
A Warner Music Group e a Bain Capital anunciaram uma joint venture de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 6,56 bilhões) com o objetivo de adquirir catálogos musicais de alto perfil, incluindo direitos de gravação e de publicação. Conforme noticiado inicialmente pela Billboard, a aliança estratégica — financiada conjuntamente pelas duas empresas — busca oferecer suporte a artistas e compositores, ao mesmo tempo em que amplia o impacto e a longevidade de seus legados criativos.
As empresas informaram nesta terça-feira que a WMG será responsável por marketing, distribuição e administração de direitos, enquanto ambas identificarão e adquirirão os catálogos de forma conjunta. Os bancos Goldman Sachs e Fifth Third Bank estão atuando como principais estruturadores da operação.
A parceria combina a infraestrutura global da WMG com a capacidade de investimento da Bain Capital, posicionando a joint venture como um dos principais destinos para ativos musicais.
“Artistas e compositores icônicos escolhem a WMG para expandir seus legados e apresentar sua arte a novas gerações por meio de campanhas impactantes e inovadoras”, disse o CEO da Warner Music Group, Robert Kyncl. “Ao somar nossa profunda expertise e estrutura global à força financeira da Bain Capital e sua crença no valor da música, nos tornamos o destino preferido para grandes catálogos.”
Angelo Rufino, sócio da Bain Capital, acrescentou: “Conteúdos musicais atemporais continuam no centro do entretenimento do consumidor. O cuidado com esses catálogos nunca foi tão importante, já que artistas e compositores merecem apoio para valorizar seu trabalho, ao mesmo tempo em que entregam colaborações novas e empolgantes aos fãs.”
A iniciativa reflete uma tendência mais ampla do setor, à medida que grandes gravadoras buscam capital externo para manter competitividade diante da valorização dos catálogos e do aumento das taxas de juros. Esses ativos tornaram-se mais lucrativos com a longevidade proporcionada pelas plataformas de streaming, onde faixas mais antigas ganham novo fôlego por meio de playlists algorítmicas e curadas. Ao mesmo tempo, investidores demonstram maior cautela diante da crescente preferência de artistas por independência e por condições contratuais mais favoráveis.
A joint venture surge em um cenário recente de aquisições milionárias na indústria musical. A Sony Music, por exemplo, adquiriu o catálogo do Queen por US$ 1,27 bilhão (cerca de R$ 6,94 bilhões), além de investir US$ 625 milhões (cerca de R$ 3,42 bilhões) em uma participação no catálogo de Michael Jackson. No início de 2024, a Universal Music Group fechou um acordo de US$ 240 milhões (cerca de R$ 1,31 bilhão) com a Chord Music para adquirir e administrar um portfólio com 60 mil direitos autorais musicais. A Sony também entrou nessa disputa, em parceria com investidores institucionais como a Apollo, para financiar aquisições semelhantes.
A WMG já vinha atuando nesse mercado, com iniciativas anteriores como os fundos Tempo Music Group e Influence Media, voltados à aquisição de catálogos.
Um dos principais nomes por trás da estruturação da nova iniciativa é Michael Ryan-Southern, chefe de desenvolvimento corporativo da WMG e ex-executivo do Goldman Sachs. Ele também liderou a aquisição de US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,46 bilhões) da Tempo Music, que inclui obras de Wiz Khalifa e Florida Georgia Line.
A relação da WMG com a Bain Capital remonta a 2004, quando a empresa se uniu a Thomas H. Lee Partners, Edgar Bronfman Jr. e Providence Equity Partners para adquirir a gravadora em um acordo histórico de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 14,23 bilhões), pago integralmente em dinheiro.