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Post Malone e o fundo do poço: ‘A música já não me inspirava mais’

Post Malone e o fundo do poço: ‘A música já não me inspirava mais’

Cantor de 28 anos foi capa da Billboard Brasil de outubro

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Post Malone

Post Malone não é um rockstar. Não só por ter se consagrado no trap e no rap (que, há quem diga, são o novo rock), mas principalmente por ter deixado para trás os excessos associados a músicos famosos, como retratados na letra de seu primeiro #1 do Billboard Hot 100, “Rockstar”. Desde o lançamento da parceria com 21 Savage, em 2017, o músico, nascido em Nova York e criado no Texas, emplacou outros quatro singles no topo dos charts mais importantes dos Estados Unidos, conquistou 18 certificados de platina e o recorde de mais singles com certificação de diamante pela RIAA (Associação Americana da Indústria Fonográfica).

Chegou ao topo realizando sonhos que o jovem Austin Richard Post, que definiu seu nome artístico ainda na adolescência usando um desses geradores online, jamais imaginaria realizar. E mesmo assim não estava feliz. Vivendo a vida louca de Los Angeles, abusando do álcool, decidiu dar um basta antes que fosse tarde demais. Atualmente com 28 anos, o músico mora em uma mansão de 1,2 quilômetro quadrado na pacata Salt Lake City, em Utah, onde cria a filha ao lado da noiva –cujas identidades tenta preservar.

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Em entrevista exclusiva à Billboard Brasil –sua primeira ao país– Austin garante que o pior já passou. Dias antes de subir ao palco para fechar o primeiro dia do festival The Town, o rapper conversou com a reportagem diretamente de um camarim em Santiago, no Chile, sem tirar do rosto o sorriso (adornado por brilhantes de quase R$ 8 milhões), que se abria ainda mais ao falar da bebê, de pouco mais de um ano.

Outro assunto que faz brilhar os olhos de Posty, como é carinhosamente chamado, é o seu renovado amor pela música, após um período em que nada parecia fazer sentido para ele.

“Nunca estive tão feliz”, conta o músico, entre um gole numa Bud Light, um trago num cigarro e mais sorrisos. Totalmente diferente do que pode sugerir a imagem de um sujeito com mais de 80 –estima-se– tatuagens, cabelos e barba por fazer e que canta versos como “my money thick, won’t ever fold” (“meu dinheiro é grosso, não dá nem para dobrar”) e “I’ve been sleepin’ with the .45 like every night” (“eu tenho dormido com a [pistola] .45 todas as noites”).

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Post Malone se apresenta no The Town
Post Malone se apresenta no The Town (DiegoPadilha/The Town)

“Houve um momento em que a música não me inspirava mais, mas estou adorando criar, improvisar, ver o que posso fazer, me esforçar de diferentes maneiras. Já estou escrevendo novas canções e trabalhando em projetos. Tentando entender até onde posso empurrar meus limites na criação e fazer músicas melhores, ser um compositor melhor. Estou animado para ver aonde posso chegar”, afirma ele, que quer soar mais pesado numa próxima.

Austin diz isso pouco mais de um mês depois de lançar seu quinto álbum em menos de uma década de carreira. Álbum esse que norteou o setlist apresentado no The Town, junto de hits como “Better Now”, “Circles” e a catártica “Sunflower”. “Austin”, que leva seu nome, como se sugerisse um mergulho interior, traz o rapper, apaixonado pelo rock de Fleet Foxes, Metallica, Megadeth e Father John Misty –com quem ele sonha em um dia gravar–, tocando violão e guitarra em todas as 17 faixas.

Entre um “yes ma’am” (“sim, senhora”) e outro, ele explica que compor no instrumento expandiu sua habilidade de criação.

“Compor no violão me levou a um monte de lugares fodas e interessantes. Eu nunca tinha feito isso antes. Foi algo muito do momento, mas acho que há mais expressão na música. Sou só eu tocando os acordes, o melhor que posso, e meu cérebro pede para eu fazer outro, e pode não ser o melhor [para encaixar]. É meio maluco, mas é divertido.”

Um dos pontos altos de “Austin” são as letras. Em “Something Real”, ele canta: “It don’t matter what car is sittin’ outside/ It’s a lonely road/ It’s a double-edged sword, cutting off ties with the ones I know/ So tell me, how the fuck am I still alive? It’s a miracle” (“não importa qual carro está parado lá fora/ É uma estrada solitária/ É uma faca de dois gumes, cortar laços com aqueles que eu conheço/ Então me diga, como diabos ainda estou vivo? É um milagre”).

Em “Don’t Understand”, ele diz não entender como alguém pode gostar tanto dele se nem ele gosta de si mesmo tanto assim. Versos que, segundo o rapper, remetem mais aos tempos passados do que ao presente.

“Fico feliz se minha música, só por um segundo, leva a alguém algum conforto ou um sinal que mostre que ele não está sozinho e que eu o amo. Ser capaz de abrir esses sentimentos no meu álbum é supercatártico para mim e poder me expressar livremente, estar lá para os fãs, é o mais legal”, analisa ele, que é dado a grandes gestos como tirar os próprios tênis dos pés e dá-los a um fã mirim que os elogiou, ou deixar uma gorjeta de US$ 500 para o barbeiro que o atendeu no último Rock in Rio, no ano passado.

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Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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