Kawe faz diss contra ‘jogo do tigrinho’: ‘Para você ganhar, alguém tem que perder’
Rapper critica MCs que faturam com jogos de azar


O rapper Kawe lançou nesta quinta-feira (1º) uma diss de protesto contra MCs e influenciadores que fazem “publi” para casas de aposta e para o famigerado “jogo do Tigrinho”, incentivando jogos de azar.
Antes de mais nada, caso você não esteja por dentro do que é uma diss track, aqui vai uma explicação rápida: a prática, comum na cultura hip hop, vem do inglês disrespect (desrespeito). Uma diss track, portanto, é uma música feita para desrespeitar alguém, uma foma de ataque.
No caso de Kawe, o rapper não mira ninguém em específico, como Kendrick Lamar e Drake fizeram recentemente um com o outro. A ideia é fazer uma crítica ao conteúdo publicitário voltado a jogos de azar ou seus derivados.
“É muito fácil [entender]. Se uma casa de apostas me paga R$ 1 milhão, ela muda minha vida. Mas, para isso, eu vou acabar com a vida de milhares de pessoas que vão perder dinheiro ali. Todo mundo que está mudando de vida com o ‘Tigrinho’, está fodendo com alguém”, diz, em entrevista para Billboard Brasil.
O receptor
Kawe diz que já recebeu propostas para fazer propagandas do tipo. Porém, diz não ter aceitado por acreditar que as consequências para o público são muito piores que o retorno financeiro.
No entanto, muitos colegas do MC adotaram tal medida –inclusive, fazendo menção ao ‘Tigrinho’ ou outros jogos de azar nas músicas. É o caso de MC Don Juan, por exemplo, que cita os seguintes versos no sucesso “Let’s Go 4“:
“Elas quer [sic] foder com nóis que é chefe / Rico bem novinho / Banca silicone, só jogando no tigrinho
O rapper explica que a canção mistura um pouco de raiva com uma crítica mais analítica, algo mais pensado. Segundo ele, sua ideia se baseou em histórico. “Conheço pessoas que já enfrentaram problemas com esses sites”, resume.
Pode soar ingenuidade, mas Kawe deseja conscientizar quem produz esse tipo de conteúdo e não quer que sua música seja vista como um ataque.
No entanto, para que o desejo do rapper se concretize, temos que partir do pressuposto de que quem faz este tipo de publi não tenha ideia dos seus malefícios. Em se tratando das múltiplas denúncias nas redes sociais e na imprensa, com direito a reportagens [no plural] de TV, é quase impossível crer que esses artistas não saibam exatamente o que estão fazendo.
“Não quero que minha amizade com ninguém entre em jogo com isso. Quero que eles escutem a música não como um ataque, mas para conscientizar que isso, sim, acaba com a vida de algumas pessoas”, explica.