Divertida, Sophia Chablau ajuda Lollapalooza 2025 a ser menos insosso
Cantora foi destaque na tarde deste sábado (29)


Sophia Chablau tem algo a dizer. “Como são crueis os Estados Unidos”, notifica em uma canção inedita dela com o conjunto que a acompanha, o Uma Enorme Perda de Tempo.
Em sua segunda participação no Lollapalooza, a banda estava serena junto a uma serena (e parca, como de lei no festival) plateia de 15h.
“Tá com medo, porra!?”, questionou a plateia na segunda vez em que protestou contra o imperialismo ianque.
Mais para o fim do show, ela ainda pediria Bolsonaro na cadeia (“Cadê o Bolsonaro réu? Vou falar sim, foda-se”).
Alvo de elogios e piadas extremos desde quando eclodiu como revelação em São Paulo, a banda segue por um caminho que parece óbvio (rock indie-garage de todas as sortes acrescido de um toque regional paulistano que vai de José Miguel Wisnik a Arnaldo Baptista) mas está sempre de olho em coisas que a maioria não está nem aí (seja o cinema de José Mojica, o Zé do Caixão; seja o álbum “Rela” do carioca Negro Leo).
Aí, no meio disso tudo, tem a Sophia, o Teo, o outro Theo e o Vicente que, em 2019, cantavam as ” Idas e vindas do Amor” e em 2023 queriam saber o porquê de não terminar bem o “Último Sexo” —a banda se portar como se com atitude de “se é para falar, bora falar, entender isso”. É uma raridade entre as bandas que tocam no Lollapalooza 2025.
Headliners ou não, a grande maioria das atrações cantam, ainda, o amor romântico e, quase sempre, possuem posições políticas (também quase sempre) neutras. É um tal de quase sempre que aconteceria sempre não fosse o papel que cabe a artistas que a organização coloca às 15h.
Se na sexta (28), tivemos Dead Fish deslocado em um dia de electro pop fofo, no sábado (29), Sophia estava pedindo para que as pessoas entendessem o que ela diz e chora —mesmo que isso custasse a revelação de um jeito impulsivo e visceral.
Mas essa aposta de deixar transparente quem é, se fragiliza, também entretem.
(E Sophia sabe disso. Aos 5 anos, ela colocou o prefeito Gilberto Kassab contra a parede)
Quando chamou Sophia para as baquetas, Teo Ceccato chamou a atenção para uma pessoa na plateia, da familia, que estava pela primeira vez em seu show. A cobrança gerou mais cobranças na plateia. “Seis anos de banda e essa é a primeira vez que tu ve seu irmao!?”. “É a segunda!”, retrucava o familiar.
Enquanto buscam finalizar o terceiro álbum, a banda vai ganhando seu corpo nesses ambientes —mais família e menos familiares— que se diferem muito da busca atual do grupo: a procura por um público esquisitinho que gosta desse ambiente indie sincero e está espalhado em minorias pelo Brasil e América do Sul.
E com um “Cadê os maconheiros? Vamo torar aquela baga máxima, papai!”, a banda fez uma ode à sauna de maconha, dizendo que “não cheira” e “nem bebe” mais, “só maconha que me satisfaz —e você, no chuveiro”.
O kit tava completo, então: dúvidas, amor, sexo, maconha, reboladinhas, menção ao DJ Ramemes, pedidos de abraços no amigo da frente e uma sintonia que trata fãs como vizinhos —e, por isso, uma intrusa na vibe shopping center do Lollapalooza 2025.