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7 perguntas: Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo falam sobre Lollapalooza

7 perguntas: Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo falam sobre Lollapalooza

Banda passeou pela obra de Zé do Caixão e diz que não enjoa de estar na pista

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SOPHIA CHABLAU LOLLAPALOOZA

O quarteto Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo se prepara para os menos de 100 dias que restam até o Lollapalooza Brasil sendo “foda-se”. Entre um show em tributo à “Lóki?” (clássico de 1974 de Arnaldo Baptista) aqui, um show com Vitor Araújo para a trilha do filme “Delírios de um Anormal” (de Zé do Caixão), acolá, a banda fala sobre como a convivência de banda só melhora, de planos para o futuro e sobre a fome por mais.

A banda toca no segundo dia de Lollapalooza, às 14h45, no palco que receberá o headliner Teddy Swins.

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Como vocês estão?

Theo Cecato: Cara, férias boas, coletivas. Fizemos a trilha do filme do Zé do Caixão com o Vitor Araújo no CSSP. Foram três ensaios para finalizar e foi isso.

E o que mais?

Sophia: A gente está em turnê. Sei lá há quantos anos porque foram emendando as turnês. A gente não teve um tempo de “bom, vamos ver o que vai acontecer”. Eu diria que estamos em um processo de irmos a lugares como o Norte do Brasil, focados em viajar pela América Latina, Argentina, Colômbia, Chile… Mas estamos esperando as coisas também chegarem na gente. É um novo momento da banda, demos uma crescida, temos mais tranquilidade. Temos o Lolla… Vamos ver o que vai ser.

Theo: Acho também que estamos com mais tempo para pensarmos em novidades, para não enchermos o saco das coisas. Pensar em bagulho novo, músicas novas.

Sophia: Essa é uma grande meta do ano: um trabalho de introspecção e começar a pensar no terceiro disco.

De 0 a 10, em que pontos estamos de enjoo das músicais atuais?

Sophia: [ela solta um longo “não”, achando a premissa da pergunta absurda] Nãããããão…
Theo: Nunca vamos enjoar.

Nunca é muito forte.

Theo: Velho, é que é assim: entre enjoar e virar uma coisa robótica tem uma linha muito tênue. Esse show que a gente faz funciona muito bem e acontece independente de qualquer coisa. Não tem muito processo, a gente não precisa ensaiar. É modus operandi, a gente vai lá e faz.

Téo Sérson: A gente está em um momento de pouca correria. A gente lançou o primeiro disco terminada a pandemia, depois fez o segundo, emendando turnê. Deu uma certa cansada. Mas não estamos em uma correria. É divertido fazer esse show e estamos em um momento de relaxar mesmo.

Sophia: E essas outras coisas como a trilha, o show do “Loki”, estão estimulando nossa criatividade. Eu adoro fazer esse show. Estou descobrindo muita coisa sobre perfomance e animada para descobrir mais. Estamos firme no palco, sonoramente e como pessoas encarando palcos grandes. Queremos mais e mais. No passado, a gente tava “vamos fazer 19 turnês e porrada de disco”. Agora estamos “vamos parar para sentar e fazer um disco bom para lançar em outro ano e gostar dele novamente”. Isso está nítido para a gente. Hora de decolar toda manhã [Sophia faz paráfrase da música “Não Estou Nem Aí”, de Arnaldo Baptista].

Tenho achado difícil de ler o Brasil cada vez que viajo, principalmente depois da pandemia. Como tem sido viajar pelo país?

Theo: Intenso, muito intenso.

Sophia: Cara, vou falar uma coisa bem rápida. Viajamos em cinco pessoas. Eu nunca tive um grupo tão sólido e maravilhoso de viajar e conversar. É muito boa a nossa convivência. O que a gente percebe é que esse contato foi aumentando a nossa capacidade de compreensão. Eu percebi que eu faço música por essa razão: conhecer mais o mundo onde estou. É um caminho muito incrível para conhecer lugares, paisagens, pessoas, alternativas, tristezas e tudo o que está no Brasil. Eu amo ter essa banda e a gente foi entendendo o que é São Paulo nessa dinâmica toda. Esse privilégio de nascer aqui e ir percebendo o território brasileiro. E isso me fez pensar sobre como é importante as bandas se disporem a isso. Porque é essa a verdadeira disputa que a gente tem com a extrema direita. A gente precisa disputar esse novo sentido. De uma perspectiva pessoal, a gente sabe que é importante para a gente construir um Brasil diferente, pessoas mais apegadas a si, não deixar que o capital decida sempre. Eu me emociono sempre que vou falar disso. Melhor país do mundo.

Theo: Além de conseguir chegar lá, a gente sempre tenta dar uma turistada “do bem”. E é muito louco ver um jovem emo de João Pessoa chegar para você e dizer “nunca imaginei que veria um show de vocês”. Isso é muito gostoso. Que bom que estou aqui, que bom que você veio, que festa gostosa. Se São Paulo tem muito recurso, quero ter esses recursos para viajar e estar lá de fato.

Sophia: O que é bonito é que quando você faz um som, a gente aglomera pessoas que não se conheciam. “Ah, eu conheci meu namorado no seu show”. Isso é maravilhoso. Pra mim, é a coisa mais maravilhosa que tem. Depois da pandemia, o que você mais precisa é que as pessoas tenham amigo, que transem, que façam filhos [gargalha].

Téo: E a experiência em grupo é muito doido. Criamos certas tecnologias de convivência que tornaram muito gostosas as últimas viagens.

E é doido porque vocês vão tocar em um festival que é transmitido pro país inteiro.

Sophia: Sim, é a hora do filho falar para os pais: “Olha, lá! Aquela banda que eu fiquei até tarde para ver o show, eles estão tocando no Lollapalooza! Viu?”. Esse reconhecimento do Lolla acaba fazendo que outros pais liberem os filhos para irem aos nossos shows ao redor do Brasil.

Vocês conversam sobre o “próximo patamar”? Isso é uma conversa entre vocês?

Sophia: A gente não fica pensando “Caralho, a gente vai dominar a estratosfera”, “A gente quer ganhar 200 Grammys”. Foda-se, bicho. Foda-se. Com todo meu respeito? Foda-se. A gente quer seguir. E seguir bem. Esse último ano foi muito mais viável financeiramente do que os outros… Se crescer significa que estaremos bem entre nós, então é isso. Eu penso desse jeito. A gente vai ter nossa reunião de 2025 e talvez eu te diga outra coisa totalmente diferente vindo da nossa equipe. “Não, Sophia, você e Theo vão para o Big Brother e é isso” [gargalha]. Mas eu acho que não.

Téo: É chegar em algum lugar, viver de música. É conseguir que as pessoas nos escutem porque a gente acredita nisso. Esse é o lugar. Mas “chegar”? Não sei.

Sophia: Que todos os esquisitos do Brasil e mundo conheçam a gente. Mais do que isso, quero que se foda. Desculpa aí, queria falar mais com você, umas duas horas, mas vamos ter que marcar um bar.

Theo: É, Yuri, vamos marcar um rolê aí.

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