Quem é José Maurício Machline, homem por trás do Prêmio da Música Brasileira
Edição deste ano homenageou Tim Maia
José Maurício Machline, idealizador do Prêmio da Música Brasileira, consagrou-se como um dos mais importantes empresários e agitadores culturais do país. Nas quatro décadas de carreira na área, comandou 31 edições da premiação, teve um programa de TV no qual entrevistou estrelas da MPB e lançou álbuns e livros.
Mas o apresentador, de 67 anos, diz que tem ainda outros sonhos para realizar. “Quero cada vez mais poder ampliar o alcance da música brasileira. Enquanto eu tiver força, vou atrás desses artistas e dessas músicas que significam a pluralidade social. Eles são um retrato absolutamente verdadeiro do que acontece no nosso Brasil”, diz o produtor para a Billboard Brasil.
A música nem sempre fez parte do propósito de vida de Zé Maurício, como é chamado pelos mais próximos. Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, ele era presidente do Kennel Club –entidade cinófila, ou seja, relacionada à criação de cães, e que frequentemente organiza competições ao redor do mundo.
Entre as responsabilidades, além de ser um dos juízes das exposições de cães, Zé buscava também recursos financeiros para a organização. Foi numa dessas que pediu ajuda a Elis Regina (1945-1982). “Queria fazer um jantar e levantar fundos para o clube. Não lembro muito bem como eu a conhecia, mas eu tinha um telefone. Elis não poderia participar naquela data, mas ficou de me indicar alguém”, relembra.
Quem subiu ao palco do evento beneficente foi Rosa Marya Colin. A cantora e atriz teve como grande sucesso a regravação de “California Dreamin’”, do grupo vocal The Mamas & The Papas. “Eu me apaixonei por ela e pelo talento dela. Montei uma gravadora por causa de Rosa. [A música] virou uma cachaça na minha vida”, diz. Em 1982, Zé fundou a Pointer, que mais tarde se transformou no selo que lançaria álbuns de Leny Andrade, Jane Duboc e César Camargo Mariano, entre outros artistas.
Trabalhando como executivo no Grupo Sharp – império criado na década de 1960 pelo pai, Matias Machline, e que conquistou uma boa parte do mercado de televisores e som –, uniu o útil ao agradável: criou o Prêmio Sharp de Música em 1987. Ao longo dos anos, o evento passou por transformações no nome e nas categorias, mas sempre buscou celebrar a diversidade dos gêneros musicais brasileiros.
A edição mais recente aconteceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de junho, e elegeu os melhores artistas em 32 categorias, além de homenagear Tim Maia (1942-1998) e o legado do Síndico (e seus causos) para a cultura brasileira.
“O prêmio só existe por um motivo: entender que aqui há uma música diversa e plural, com sotaques regionalizados. E, por causa disso, ela é extremamente rica. É uma maneira de dar oportunidade e igualdade de escuta para todos os tipos de artista”, diz Zé.
“O maior desafio é ter a certeza de que fazemos um trabalho de avaliação digno para as pessoas que inscrevem seus produtos na premiação. Temos um corpo de jurados bastante plural. Meu desejo é que essa avaliação seja cada vez mais bem-feita e que traga o que tem de melhor na nossa música.”