Paul McCartney continua o mesmo de sempre. E isso é muito bom
Ontem, no Allianz Parque, o ex-Beatle iniciou uma nova turnê brasileira
Paul McCartney deu ontem, no Allianz Parque (São Paulo), o pontapé inicial de mais uma temporada brasileira. A “Got Back Tour”, que ele trouxe ano passado para o país, traz poucas novidades em relação a sua passagem anterior –na verdade, apenas uma canção nova: “Now and Then”, última gravação dele ao lado do baterista Ringo Starr e dos cantores e guitarristas John Lennon e George Harrison, mais conhecidos como The Beatles.
Porém, nunca é demais assistir a um entertainer nato, um dos arquitetos da história da música pop. São quase três horas de espetáculo, nas quais ele mescla canções dos Beatles e dos Wings (grupo que criou ao lado da então mulher, Linda, e do guitarrista Denny Laine) e da carreira solo. Ao seu lado, uma banda competente formada pelos guitarristas Rusty Anderson e Brian Ray (que assume o baixo nas vezes em que Paul vai para o piano e toca guitarra), o tecladista Wix Wickens e o baterista –e dançarino diletante– Abe Laboriel Jr.
Paul toca baixo, piano, guitarra e canta. E como canta. Os agudos, claro, não são os mesmos de tempos atrás –estamos falando de um senhor de 82 anos–, ainda que ele interprete as músicas praticamente em seus tons originais. E por mais que a apresentação seja exaustivamente ensaiada, há momentos em que Paul se dá ao direito de improvisar. Como o solo triplo de guitarra em “Golden Slumbers/The End” ou fala de Jimi Hendrix, cuja “Foxy Lady” é tocada ao final de “Let Me Roll It”, um dos principais sucessos dos Wings. “Eu conheci Jimi em Londres, nos anos 60. Era um sujeito doce”, solta. Rusty Anderson, por seu turno, também dá seu toque pessoal a solos consagrados por George Harrison (“Let it Be” e “Something”, embora não mexam na estrutura original, trazem o timbre do músico).
Paul subiu às 20h30 com “A Hard Day`s Night”. Estava com barba por fazer e um elegante blazer preto (numa das brincadeiras com a plateia, simulou um strip tease e usou o tecido como manto de toureiro). “E aí, paulixxtas” saiu vez ou outra, ao lado de “manos”, “minas”, “galera” e “parças”. E no mais, o que dizer de uma performance que traz alguns dos principais hinos da música do século XX? Cuja primeira parte termina com um coro de 47 000 pessoas em “Hey Jude”, tem uma das melhores declarações que um sujeito pode fazer para o amor de sua vida (“Maybe I`m Amazed”) e “Let it Be”? Hoje tem mais Paul em São Paulo. Sábado ele toca no Ressacada, em Florianópolis. E como o próprio músico disse ao final do show de ontem… “Até a próxima!”