NewJeans: por que um dos maiores grupos de kpop foi processado por gravadora
Entenda a briga entre o quinteto e a ADOR, subsidiária da HYBE


A ADOR, agência que administra o NewJeans, está tomando medidas legais para impedir que o grupo de kpop assine acordos de publicidade de forma independente em meio a uma disputa contratual acirrada.
A empresa entrou com um pedido de liminar no Tribunal Distrital Central de Seul para restabelecer sua posição como administradora do NewJeans e impedir que as cantoras busquem contratos e atividades de publicidade sem aprovação.
As informações foram divulgadas pela “Yonhap”.
“Esta decisão foi tomada para evitar confusão e danos potenciais a terceiros, incluindo anunciantes”, disse a ADOR em uma declaração.
A agência alegou que a rescisão unilateral do contrato do grupo, feita no final do ano passado, poderia ter implicações para a indústria musical da Coreia do Sul.
A disputa entre a ADOR e o NewJeans aumentou depois que o grupo fez uma coletiva de imprensa e declarou seu contrato inválido, acusando a agência de maus-tratos e bullying.
Já a empresa afirmou que o contrato está em vigor.

Quem é NewJeans?
NewJeans é um grupo feminino composto por Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein, todas com idades entre 16 e 20 anos.
O grupo foi formado em 2022, com o single de estreia “Attention” se tornando um sucesso quase instantâneo.
A estética e o som dos anos 1990 e início dos anos 2000 do grupo se tornaram populares na Coreia e ao redor do mundo.
Em 2023, o quinteto se tornou o ato de kpop mais rápido a atingir um bilhão de streams no Spotify e entrou na Billboard Hot 100 cinco vezes no mesmo ano com os singles “Super Shy”, “OMG”, “ETA”, “Ditto” e “Cool With You”.
Seu segundo EP “Get Up” estreou na Billboard 200 em primeiro lugar em 2023, superando a trilha sonora de “Barbie”.
O NewJeans foi formado por Min Hee Jin, que já era bem conhecida na indústria por seu trabalho como diretora criativa na SM Entertainment, uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul.
Em 2019, Min foi para a Big Hit Entertainment, que mais tarde foi reestruturada em uma empresa multinacional chamada HYBE Corporation.
A HYBE possui várias subgravadoras como a ADOR, Pledis Entertainment, entre outras.
Min é creditada por desenvolver a estética nostálgica do NewJeans. Ela foi nomeada CEO da ADOR e recebeu 18% das ações da empresa, com a HYBE detendo 80%.

Como a briga começou?
Em abril de 2024, a HYBE anunciou uma auditoria formal da ADOR e pediu que Min renunciasse ao cargo.
A empresa disse que encontrou evidências de que ela estava tentando tornar a gravadora independente.
Min respondeu à auditoria alegando que HYBE havia plagiado seu conceito NewJeans para lançar o Illit, um grupo feminino de cinco integrantes sob a subsidiária Belift Labs, cujo estilo e coreografia foram apontados pelos fãs como sendo semelhantes.
A empresária fez uma coletiva de imprensa de duas horas em 25 de abril, negando a alegação de HYBE de que ela havia tentado uma aquisição corporativa e afirmou que a empresa, em vez disso, a usou.
Após meses de disputas legais, processos e reconvenções, a HYBE disse que Min não manteria sua posição como CEO, mas permaneceria como diretora interna na ADOR e produtora do NewJeans — papéis dos quais ela renunciou em novembro.
Leia também: Hanni, do NewJeans, fala sobre quebra de contrato com ADOR: ‘Tempos difíceis’

E o NewJeans?
Em 11 de setembro, as integrantes publicaram um vídeo no YouTube, expressando seu apoio a Min. Ela era “essencial para a identidade do NewJeans”, disseram, e as cantoras “sentem que ela é insubstituível”.
O grupo descreveu vários casos de um ambiente de trabalho tóxico – com Hanni alegando que o empresário de outro grupo feminino sob o selo havia pedido às integrantes que a ignorassem ao passarem por ela – e que as preocupações levantadas por Min, as jovens e suas famílias foram ignoradas por HYBE.
A transmissão ao vivo terminou com as cantoras dando um ultimato a HYBE: Min deve ser reintegrada até 25 de setembro.
Como suas demandas não foram atendidas, o NewJeans convocou uma coletiva de imprensa no dia 28 de novembro anunciando que estavam encerrando seus acordos exclusivos com a ADOR devido à quebra de contrato.
Veja mais: Ex-CEO da ADOR, antiga empresa do NewJeans, é processada por difamação
A ADOR negou as acusações do grupo e afirmou que eles “não violaram os termos do acordo”.
Eles também argumentaram que uma “reivindicação unilateral de quebra de confiança não constitui fundamento válido para rescindir o contrato”.
A ADOR entrou com uma ação judicial em dezembro para confirmar a validade de seu contrato com o NewJeans, alegando que isso era necessário para “garantir sua execução legal contínua”.
O NewJeans insistiu em resposta que tinha o direito de rescindir seu contrato e argumentou que havia dado lucros que excederam o investimento da ADOR e Hybe.
KPOP NO WHATSAPP: Participe do canal da Billboard Brasil para notícias e entrevistas exclusivas!
O que acontece agora?
O contrato que o NewJeans assinou com a ADOR foi definido para durar sete anos, expirando em 2027.
Segundo o “Korea JoongAng Daily”, se o tribunal ficar do lado do grupo e declarar o contrato rescindido, as integrantes poderão se juntar a outra agência, mas não serão donas do nome NewJeans.
No entanto, para deixar um possível contrato válido, elas podem precisar pagar uma multa de até 300 bilhões de wons (cerca de R$ 1,2 bilhão) – já que os termos estipulam que as artistas devem pagar a receita média mensal do grupo nos dois anos anteriores multiplicada pelo número de meses restantes no contrato.
Além disso, Hanni, que é vietnamita-americana, pode enfrentar deportação, já que o visto de trabalho que lhe permite se apresentar na Coreia do Sul depende inteiramente de um contrato exclusivo com uma agência registrada.
