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N.I.N.A: ‘As pessoas podem não aceitar, mas eu sou a Rainha do drill’

N.I.N.A: ‘As pessoas podem não aceitar, mas eu sou a Rainha do drill’

Rapper carioca é um dos destaques da capa da terceira edição da Billboard Brasil

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N.I.N.A é um dos destaques da capa da Billboard Brasil (Jeferson Delgado/Billboard Brasil)

Uma das maiores estrelas do rap e drill nos últimos anos, aos 25 anos, N.I.N.A. porta e banca muita coisa, como a autoconfiança em seu trabalho, que ultrapassa os milhões de plays, mas também o seu processo de vulnerabilidade, e de ser enxergada por muitos como uma referência musical, mas como inspiração de vida e carreira.

Confira o bate-papo com N.I.N.A. para a terceira edição da Billboard Brasil abaixo:

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Como você enxerga a importância do ano de 2023 para música urbana?

A nossa verdade é o que está fazendo tanto sucesso. Não é todo mundo que canta o que vive, mas isso pega muito, porque muita gente sonha estar em um lugar elevado. Isso conecta as pessoas, mesmo que seja só na sensação. Temos mais liberdade para sentir. 

Quando você percebeu que a música era uma possibilidade na sua vida?

Minha família é muito eclética, meu pai era rasta, e minha mãe era grunge. Mas eu nunca tive muita referência de mulheres pretas na música. Quem me abriu os olhos para isso foi a Kmila CDD, ela conversava com a favela. Até o momento em que a música começou a me mover. Trabalhei com poesia de slam, depois como DJ e pesquisadora musical, até começar a me aventurar com o drill. 

O trap e o rap são o novo pop, pop vem de popular, especialmente entre a galera mais nova. Na sua visão, que o tem conquistado esse público?

Quando eu comecei, tinha medo de não ser compreendida, porque naquela época o que estava na moda nas paradas era falar sobre dor de corna, sobre amar. As letras do drill eram mais afrontosas. Mas percebi que as meninas da favela também sentiam falta de um discurso verdadeiro sobre a nossa vivência na música. O público se sente íntimo com a nossa história. 

Sobre o machismo do meio… As meninas do rap, do trap, falam sem medo sobre sexualidade, para você, como isso se dá nas suas músicas, na sua composição?

Desde o começo eu coloquei na cabeça que não estava procurando a aprovação de ninguém. Se eu, como mulher, não fizesse por mim, ninguém mais ia fazer. Em um ano, conquistei coisas incríveis. Não estou vinculada a gravadoras. Sou uma mulher representada pela imagem de uma mulher. As pessoas podem não aceitar, mas eu sou a Rainha do drill. Ainda existem muitos machos que xingam minhas músicas por falarem de sexualidade, mas eu converso com mulheres, com o público LGBTQIAP+, porque eu faço parte dessa sigla. Homem hétero cis branco… o que eu tenho a ver? [risos]

Como é a sua relação com dinheiro?

Sinto que quando as mulheres são mais cuidadosas que os homens quando começam a lucrar. Quando eu comecei a ganhar dinheiro, passei a investir na minha espiritualidade, no candomblé. Agora eu ajudo a minha avó, faço a compra do mês dela. Eu mobiliei a minha casa do jeito que eu sempre quis. Com 17 anos, eu tinha que tirar dinheiro do gás para comprar comida. Para mim, o luxo está na simplicidade. 

Nós sabemos que você é “a bruta, a braba e a forte”, mas como você lida com a vulnerabilidade nesse meio?

Tem uma diferença entre a Anna, e a Nina. A Anna maratona “Gossip Girl”, sabe de todos os filmes de “Barbie”, ama RBD e Paramore. A Nina é o lado que a arte despertou na Anna. Elas se completam. Eu sou muito transparente com meu público. Quando recebi meu diagnóstico de depressão, quis abrir isso para eles. O niLL foi um artista que salvou minha vida na época em que a minha mãe morreu. Eu ainda não sei lidar tão bem ainda com o fato de que a minha arte é um amparo para alguém. Mas recebo diariamente mensagens de pessoas falando que minhas músicas já salvaram a vida delas. Quando eu olho meus fãs, me lembro que já estive ali.

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Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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