MC Marechal para rappers que querem fazer música: ‘Para de batalhar!’
Lenda do rap deu masterclass para rappers estrangulados no labor musical
O rapper Marechal —um dos maiores nomes da lírica rap no Brasil— implorou para rappers novatos e em carreira em desenvolvimento para que “parem de batalhar” se o objetivo desses mesmos artistas for fazer música. Ele ministrou palestra “Independente de Música” no Festival No Ar Coquetel Molotov, nesta quinta (05), em Recife.
“Quando você batalha e viraliza, as pessoas pensam ‘eu achava que tu tinha uma música'”, exemplificou o MC, conhecido por músicas como “GRIOT” ou “Primeiro de Abril”, mas também pela história no coletivo Quinto Andar, produção do hit “Loadeando”, de Marcelo D2 e também pelo álbum solo que nunca viu a luz do sol.
Conversando com rappers que buscam entender a equação de pouco dinheiro e muita vontade de lançar música, Marechal direcionou a fala anterior aos viciados em batalhas de rima. “Quantas vezes você batalha por semana?”, ele perguntou a uma MC aspirante à carreira de rapper. “Três”, disse ela. “Então, a segunda pergunta seria ‘Quantas músicas você faz na sua semana?’. Para de batalhar!”, implorou. “Eu também amo batalhar. Mas eu parei para fazer música”.
Durante o papo, o MC deu exemplo de como são suas aulas no projeto “Independente de Música”, no qual conversa com artistas em busca de um entendimento mais inteligente do mercado para artistas com pouco dinheiro e muita vontade de lançar algo.
“Eu vi todos esses MCs: Filipe Ret, L7, BK… E eles estouraram não foi dinheiro. Foi trabalho. Se você tem 40 músicas, não lança tudo. Lança uma e usa os outros 39 esforços para arranjar dinheiro para essa música”, aconselhou em outro momento da palestra. “Se o Djonga tivesse cinco discos ruins, mas ainda tivesse ‘Sensação, sensacional’ [refrão de ‘Olho de Tigre’] você ainda diria que ele é foda”, exemplificou.
Durante a palestra, ele contou detalhes da parceria “Quem Estava Lá”, hit do Costa Gold em que fez participação memorável. “Eu conheço o Predella desde moleque. Quando eu fui participar da música, eu tive que impressionar. Então por isso que eu começo a música com um speed flow. Eu tava cantando para crianças, o Predella já fazia uns speed flow. Então eu tinha consciência que o público deles nunca tinha me ouvido. E, fi, essa música rendeu três anos de reconhecimento para mim junto a um público diferente”, disse revelando sua estratégia de posicionamento.
De fato, os versos de Marechal na canção se tornaram tão marcante que, mesmo após a canção ter sido derrubada por briga por direitos entre participantes do fonograma, a canção continua um hit por meio de vídeos piratas no You Tube —um deles, inclusive, traz somente a parte do rapper carioca e tem mais de um milhão de acessos.