Antes do João Gomes vem um menino chamado João Fernando —nome assim lhe dado em homenagem ao tio homônimo que era famoso nas vaquejadas de Serrita, em Pernambuco. Com 17 anos, o João Fernando virou João Gomes e também um adulto: estrada, turnê, shows, broncas de Ivete Sangalo, dois filhos e a briga contra o álcool.
Em entrevista à Billboard Brasil, o cantor sentou no divã para falar sobre como foram esses cinco anos que separaram, de vez, o João Fernando do João Gomes. Agora, dono de um dos maiores álbuns de 2025, “Dominguinho”, o cantor está em outra fase: vencendo a solidão, os medos e, cada vez mais, se tornando um dos maiores astros da música pop.
“Eu comecei a cuidar da parte psicológica antes do ‘Dominguinho’. Pelo fato de eu já estar me cuidando, esse álbum me fez perceber novas reações e um novo João. A ansiedade hoje é um desespero. A gente quer tudo instantaneamente. Fica difícil enxergar a grandeza das pessoas ao seu lado”, ele explica.
Por isso, as quase duas horas de conversa soam — nas palavras dele — como terapia.
“Eu não tinha habilidade. Estou em um quinto ano de carreira e passamos por muita coisa. Não estou à deriva e eu consegui botar no meu barco as pessoas certas. As erradas já se foram pelas águas da vida. Estou muito feliz onde estou e com meu trabalho novo. Por mais que minha mulher não entenda, às vezes, o porquê de eu ficar tanto no telefone, o motivo de chegar tarde…”, comenta.
A entrevista completa está na Billboard Brasil #17, já à venda em nosso site.
Comparado frequentemente à Luiz Gonzaga (seja pelo chapéu cangaceiro que sempre ostentou — e que, recentemente, virou um boné— ou pela voz rouca), João queria mesmo era ser Kara Veia (Edvaldo José de Lima, 1973-2004), cantor alagoano que renovou o forró de vaquejada e que, aos 31 anos, suicidou-se com um tiro.
Produto do século 21, João encontrou essa verdade também no trap — outra influência que marca seu canto. Inicialmente, ele achava que seria Matuê um dos braços nessa jornada (“Tipo, foi impactante, até tenho uma tatuagem…”), mas descobriu em dois álbuns específicos respostas que separaram, de vez, o João Gomes do João Fernando.
“Nessa busca encontrei o ‘ÍCARUS’, do meu amigo BK, e o último do Teto [Yes or No]. Eu passei muito tempo vivendo como João Gomes, vivendo do artista e com uma muralha no meu coração. Depois que o Teto lançou o disco e o documentário, aí eu consegui entender que podia separar os dois Joãos e que o João Fernando precisa do tempo dele e, ao mesmo tempo, entrar no mundo do João Gomes para ser feliz”.