Caça por sombras: como o público se protegeu do calor no 1º dia do Primavera Sound
Plateia estava preparada para altas temperaturas, o festival nem tanto assim
Do meio dia, ao fim da tarde do sábado (2), no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, os termômetros no primeiro dia de Primavera Sound 2023 bateram por volta dos 32ºC. Mas a realidade é que a sensação térmica estava bem mais alta. Bem mais quente, na verdade.
Em um dos shows que abriram o festival, o de Getúlio Abelha, era possível avistar funcionários oferecendo copos de água lacrados para o público. O que, para o baixo volume de pessoas na hora do show (por volta de 13h), conseguiu ser suficiente para ajudar no calor escaldante.
Após o fim do show do cantor, os fãs que sobraram no palco Corona foram os que já garantiam seu lugar para a apresentação do The Killers, que fecha os trabalhos do festival neste sábado.
Para encarar diversas horas debaixo do sol, os fãs da banda foram preparados. “Estamos bebendo a água que o pessoal está fornecendo desde a fila, nos protegendo com cangas, camiseta nas costas e muito protetor solar. Também trouxemos petiscos salgados e doces, além de carregar a pulseira para comer e beber no festival”, conta Fernanda Messias, 30 anos, fisioterapeuta de São Paulo, que chegou às 10h para ver o grupo liderado por Brandon Flowers.
Dariane Lima, de 28 anos, psicóloga, distribuiu algumas dicas extras: “Vir com outra pessoa é muito bom, porque ela pode me ajudar se algo acontecer. Ficar o quanto tempo eu puder sentada também ajuda. Não vamos sair do palco para ver nenhum outro show”, contou, enquanto comia um cacho de uvas que levou embalado em um zip lock.
Uma busca suada
No entanto, se Dariane não queria sair do palco, outros fãs queriam, mas foram desencorajados pelo calor que tomava o Autódromo.
Conforme a tarde foi caindo, as altas temperaturas não foram caindo junto, dificultando a experiência dos fãs que, durante o show de Dorian Electra (que começou por volta de 15h40) se espremiam atrás das grades e dos estandes de publicidade na busca suada por uma sombra.
“É dezembro, faz parte, é muito quente, não tem o que fazer. Mas tem vários bebedouros espalhados para ajudar”, garantiu Tabata Leutânio, de 35 anos, publicitária de São Paulo. Mesmo assim, seu amigo Guilherme Rodrigues, de 32 anos, designer, intercalou entre a frente do palco de Dorian, uma das atrações que foi ver, e seu lugar na sombra da grade.
No entanto, não era todo mundo que compartilhava da opinião do grupo. “Prometeram bebedouros e eu não achei nenhum até agora. Está sofrido. No ano passado, foi começo de novembro, estava mais frio, estava bem melhor. Eu preferi a edição do ano passado. Sobre o line up também”, contou Kivia Nogueira, 28 anos, publicitária do Rio de Janeiro, que se abrigou na sombra do estande de produtos oficial dos artistas.
O line up de 2023 não foi um problema para a estudante de publicidade Gabrielle Oresco, de 20 anos, que viajou de Porto Alegre para o festival e encontrou uma sombra atrás das paredes de metal do festival. “Vim para ver Pet Shop Boys, The Killers, The Cure, e também queria ver Grimes, que nos deixou com Deus. Fiquei muito triste”, conta, sobre o cancelamento da apresentação.
“O sol está muito quente, parece que vou desmaiar a qualquer minuto. Peguei água do pessoal na grade, depois comprei uma raspadinha, juntei com a água, e depois coloquei água da torneira do banheiro mesmo, já que eu não achei os bebedouros. Eu queria estar passeando mais, mas as filas estão muito grandes, e o sol, muito forte. Se tivesse melhor, eu já estaria na grade do Slowdive”, lamentou.