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Atração do The Town, Mamba Negra aposta na redução de danos no consumo de drogas

Atração do The Town, Mamba Negra aposta na redução de danos no consumo de drogas

DJs da tradicional festa de eletrônica se apresentam no palco New Dance Order

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A Mamba Negra estará representada no The Town pelas DJs Cashu, Paulete Lindacelva e Valentina Luz. Elas se apresentam no palco New Dance Order, neste sábado (9). A festa se tornou uma das mais cobiçadas da cena eletrônica e techno de São Paulo, e recebe cerca de 4 mil pessoas por edição. 

A apresentação no The Town acontece no mesmo ano em que a festa celebra seu décimo aniversário. “A Mamba começou em São Paulo, nessa área central da cidade. Ela foi tomando proporções maiores com o passar dos anos, e hoje é algo bem grande. O público aumentou muito, e hoje é uma das poucas festas que promovem diferentes tipos de sonoridade”, conta Victor Lorencini, diretor artístico da Mamba, em entrevista à Billboard

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Para ele, o festival não será uma fonte de novos adeptos da festa. “A Mamba já tem um lugar de busca. A cada edição que passa, o nosso público aumenta, e vai além daqueles que já acompanham a gente há muitos anos”, disse. 

Victor acredita que faz mais sentido a marca Mamba Negra estar no The Town do que o contrário. “As pessoas acreditam nessa experiência [da festa]”. 

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Foto: Ivi Magia Bugrimenko

Sem bad trip 

Há cinco anos, a Mamba aderiu ao projeto ResPire, que trabalha para a redução de danos no consumo de drogas. 

O projeto surgiu em 2011, com um edital do Ministério da Saúde focado para a população LGBTQIA+, com a premissa de levar esse cuidado para festas frequentadas pelo público. Ele é administrado pelo Centro de Convivência É de Lei, organização da sociedade civil que atua na redução de danos com usuários de drogas.

Matuzza Sanfoka, coordenadora do projeto, explica que a organização entendeu que havia uma vulnerabilidade de pessoas usuárias de drogas não apenas nas ruas, mas também em festas privadas.

São três frentes de atuação de festas como a Mamba:

  • Estande com informativos feitos pela equipe do ResPire
  • Testagem de substâncias psicotrópicas
  • Um espaço de acolhimento, onde quem entra em uma bad trip (quando o efeito da droga é extremamente desagradável) será monitorado por uma equipe especializada.

“Na Mamba, a gente tinha cerca de 30 a 40 casos por noite, em média, de pessoas que precisavam de acolhimento. Conforme a gente foi ofertando os cuidados, as pessoas começaram a ter orientação sobre a substância e algumas até pararam de usar aquela substância que a gente não indicaria como boa ou pura para o uso”.

Segundo Matuzza, a informação sobre o consumo de drogas nas festas tem sido o maior aliado do projeto. “A partir da informação, as pessoas passam a criar uma cultura de fazer um uso cuidadoso. Passam a se alimentar, se hidratar durante a festa, não misturar com outras coisas”, opina.

“A pessoa passa a ter informação de formas mais seguras de fazer esse uso e se proteger em relação a isso. A gente cria com os frequentadores da festa uma cultura de cuidado”.

Cota para o público transexual

Uma das políticas da Mamba Negra é a lista trans, que promove a entrada de forma gratuita de pessoas transexuais dentro da festa. Segundo Victor, a produção disponibiliza mil ingressos por edição. 

“Quando a gente fala sobre o público trans, são pessoas mais marginalizadas, que já tem alguma dificuldade financeira, e é importante termos essas pessoas dentro da festa”.

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Foto: Ivi Magia Bugrimenko

Também são incluídas na lista pessoas não binárias. Ele conta que a organização da festa faz um recorte para dar prioridade para quem vive em vulnerabilidade social. Além da lista trans, a festa também disponibiliza um lote de ingressos a preço mais barato para incluir pessoas periféricas e de baixa renda. Cerca de 400 pessoas são contempladas. 

Os ingressos para o público geral da Mamba são vendidos a R$ 80 no primeiro lote e a próxima edição fora do festival acontece no dia 16 de setembro.

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