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Tudo sobre o ‘boom’ do agro-funk-eletrônico no Brasil

Tudo sobre o ‘boom’ do agro-funk-eletrônico no Brasil

O rodeio que virou bailão e até rave segue conquistando o Brasil – e os charts

Avatar de Isabela Pétala
DJ Kevin, Luan Pereira e Ana Castela

A fusão de gêneros definitivamente não é algo inédito na música. Agora, então, na era do feat., vem sendo uma das práticas mais populares da indústria fonográfica. No entanto, o agro, nova força da música brasileira, encontrou no funk e até no eletrônico um match inusitado que fez o país botar chapéu e bota de cowboy… para dançar o quadradinho e, quem sabe, o dubstep

‘Deixa tocar funk com moda de viola’

“Os menino da pecuária não para, senta que aqui nóis tem dinheiro, mas usa chapéu de palha”, cantam Leo & Raphael na música “Os Menino da Pecuária”, de 2021, um dos primeiros hits que trouxeram a batida do paredão e do eletrônico com a embalagem agro.

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Eles inspiraram a sonoridade atual de Luan Pereira, que aparece no segundo lugar da Billboard Brasil Hot 100 desta semana com “Dentro da Hiluxc”, parceria com MC Ryan SP e MC Daniel – expoentes do funk paulista. 

Luan Pereira conta à Billboard Brasil que ouvia nomes tradicionais do sertanejo, como Gino e Geno e Edson e Hudson na infância. “Ficava na frente da televisão brincando com meu cavalinho e, assim, criei paixão pela música”, conta em entrevista à Billboard Brasil. Mesmo com as raízes tradicionais do gênero, e que influenciaram o seu primeiro single “Do Mato Para o Mundo”, de 2021, foi quando decidiu arriscar e incorporar o funk a sonoridade agro.

“Vamos dar as caras, fazer diferente. Foi um sonho que a gente sonhou”, relembra sobre “Pira Nos Caipira”, daquele mesmo ano. O sonho não só virou realidade, como tendência. Hoje, com sucessos como “ELA PIROU NA DODGE RAM”, que ocupa a 53º posição nos charts, ele se tornou uma das principais vozes da vertente.

O sucesso com as possibilidades da fusão entre os gêneros também inspirou Ana Castela, cantora que ocupa o topo do Billboard Brasil Artistas 25. “Meu estilo de vida é o agro, meu pai é da fazenda, e o funk, pop, o sertanejo, são músicas que eu já escuto muito, então a gente ficou, ‘por que não misturar todos esses estilos musicais?'”, conta a cantora sul-matogrossense.

Mais uma vez, o risco foi frutífero, e a transformou em um fenômeno no país com apenas 19 anos, graças a músicas como “Não Para”, com Belle Kafer e Charles New, que ocupa atualmente a 72º posição do Billboard Brasil Hot 100, e já ultrapassa mais de 81 milhões de reproduções no Spotify, e “Pipoco” de Melody e DJ Chris no Beat, que integra a 131º posição dos charts, mesmo depois de mais de um ano de lançamento. 

Tá bem, nós já entendemos que essa moda pegou. Mas como a fusão de gêneros tão diferentes foi tão bem aceita? Bem, no começo, ela não foi. Quem relembra essa jornada é o DJ Kevin, responsável pelo hit “Welcome to the Mato”, de Marco Brasil Filho que contabiliza mais de 24 milhões de plays no Spotify, e que também reforça a presença do eletrônico como gênero inusitado que entrou para somar com a força da música agro.

“Hoje as pessoas abriram a mente, mas antigamente o preconceito era maior. Quando eu lançava remixes de sertanejo, tinha mais crítica do que elogio. As pessoas caiam matando, mas mesmo assim, algumas pessoas gostavam”, relembra.

Kevin acrescenta: “No começo era tudo uma brincadeira, mas as visualizações começaram, e depois de meses, contratantes estavam em ligando para que eu tocasse na festa deles. Com o tempo a aceitação cresceu, a internet ajudou muito nesse processo.”

Sonho de boiadeiro

A aproximação do agro com funk surge, além de uma tendência, como uma jogada de mestre de produtoras como a AgroPlay, responsável pelos hits de Ana Castela e Luan Pereira. Afinal, qual é o único gênero capaz de competir com o sertanejo dos charts? É um clássico caso de que, se não pode vencê-los, junte-se a eles.

No entanto, mais do que isso, a força desses subgêneros nasce e se fortalece de uma única palavra: orgulho. “Eu frequentava batalhas de rap em Belo Horizonte e São Paulo, e via o orgulho dos rappers ao rimarem sobre suas quebradas. Faltava representatividade para quem vinha do interior”, conta Gabriel Vittor, da dupla Us Agroboy, que além do funk e eletrônico, também traz o hip-hop para sua sonoridade. Para ele, faltava um espaço na música brasileira para falar sobre os sonhos das pessoas do agro.

Nas músicas, os símbolos de vaidade de quem vive no interior – como cintos com favelas chamativas, chapéu Karandá e botas de cowboy – aparecem de forma empoderadora, e não como algo nichado e até brega, como em tempos anteriores. O resultado do trabalho árduo das gerações que vieram antes dos cantores em atividades típicas do agro como plantações ou na pecuária também aparecem como motivos de orgulho, como adquirir a tão almejada Dodge Ram e a Hilux.

O agro e seus sonhos vieram para ficar, e ainda com hits feitos sob medida para dançar, parece que esse rodeio não tem hora para acabar’

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