Tico Santa Cruz grava novo DVD com ‘emos’ e reflete: ‘Conflito não vale a pena’
Banda lançou DVD em celebração de 20 anos de primeiro disco


Mais de 20 anos de carreira consolidaram o Detonautas como uma das maiores bandas do país. Milhares de discos vendidos, turnês mundiais, apresentações em festivais – como no The Town, em setembro – e uma lista de hits atemporais, como Tico Santa Cruz mesmo define.
“Quando se é adolescente, você tem uma experiência de vida muito conectada com a música, né? Ela vai determinar sua tribo, seus sentimentos”, diz o cantor em entrevista para a Billboard Brasil.
“A música tem essa capacidade de tatuar na alma das pessoas os momentos bons e ruins que elas viveram”.
Para Tico, a nostalgia, que tomou conta da música com o “revival” da música dos anos 2000, faz parte do amadurecimento de cada um.
“Quando a gente vai amadurecendo com o tempo, às vezes vamos nos desconectando de alguma forma da música. Por volta dos 30 anos, de alguma maneira, por tudo o que você está passando, existe uma tendência de lembrar como era a vida naquela época. Resgatar esse lugar.”

O DVD, além de contar a história do Detonautas, conversa novamente com o público a partir da nostalgia. Fábio Brasil, Renato Rocha, Phil Machado e André Macca formam a banda ao lado da vocalista.
“O projeto também conta a história de um monte de gente que se conectou com a gente naquela época quando eram mais jovens. Isso é muito legal. Você começa a ver que esse conteúdo se tornou atemporal e continua fazendo parte da vida das pessoas.”
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Pandemia atrapalhou projeto
O acústico, que comemora o lançamento de 20 anos do primeiro álbum do Detonautas, começou a ser produzido em 2020. Entretanto, o projeto precisou ser pausado devido à pandemia de covid-19.
A banda planeja a turnê do acústico em 2024. O quinteto também incluiu “Aposta” como o novo single no DVD – ouça abaixo.
“Apesar de todos os problemas que a gente enfrentou, falta de show, dificuldades financeiras, a tristeza por tudo o que estava acontecendo no mundo… Acabamos transformando a música, tomou outro sentido”.
Ele também analisa que a pandemia o trouxe uma série de reflexões sobre seu comportamento ao longo dos anos.
“Eu tinha várias questões, tive muitas polêmicas, problemas com outras pessoas e artistas. Foi um momento de reflexão, de internalizar tudo o que eu poderia. Eu decidi sair daquele momento de pandemia, da tragédia que a gente estava vivendo, como uma pessoa diferente”, conta Tico.
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O cantor se aprofundou em si, se apoiando na psicanálise e em sessões de psicoterapia. O vocalista diz que encontrou na infância a justificativa para seu comportamento conflituoso na juventude e vida adulta.
“Esses papos podem parecer filosóficos demais, mas precisamos tentar fazer que seja acessível. No meu caso, era um ambiente familiar de conflito. Eu começo a entender que esse é o lugar comum e de conforto, e que minha vida toda vai ser pautada nisso.”

“Quando você faz uma imersão e sabe de onde vem, você vai desengatilhando tudo isso. Você vê a bobagem, as coisas nada legais que fez naquela época. O natural é a mudança de comportamento, de abordagem”.
Sem mais polêmicas
No DVD, Tico traz participações especiais de Badauí (CPM 22), Di Ferrero (NX Zero) e Lucas Silveira (Fresno). Os dois últimos fizeram parte do movimento Emo, que recebeu críticas do vocalista na época do auge.
“Eu quase perdi a oportunidade, em vida, de conhecer pessoas maravilhosas. Como foi com o Lucas, o Di, e outras pessoas do meio artístico. O conflito não vale a pena no final das contas”, explica.
“Eu vejo esses garotos do trap hoje em dia fazendo esse movimento [de conflito] me parece tão previsível. Vai trazer problemas, um desgaste fodido da tua carreira. Não compensa.”
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