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Só Track Boa celebra 10 anos com noite de encontros históricos

Só Track Boa celebra 10 anos com noite de encontros históricos

Festival reuniu diferentes gerações em torno da música eletrônica

Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)

Noite mágica de Só Track Boa na cidade e chegar à Arena Neo Química, na zona leste de São Paulo, na sexta-feira (6), foi como atravessar uma fronteira entre a realidade e o extraordinário. Já na estação Corinthians-Itaquera, o grave ecoava pelo bairro, anunciando que a noite seria emocionante e intensa. A multidão que tomava o caminho até a arena vestida majoritariamente de preto e com produções ousadas e criativas, sugeria o que vinha pela frente: uma entrega total à música eletrônica.

Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)
Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)

O caminho entre a estação e os portões já era um festival à parte: muita gente (mesmo!), passos apressados, filas longas, expectativa no ar e a certeza de que algo grandioso estava prestes a acontecer. De fora da arena, já era possível ver parte do show de luzes e sentir o impacto do som reverberando no corpo. Chegando no estádio, entrar no espaço era ser imediatamente engolido por uma avalanche sensorial: múltiplos palcos, cada um com sua estética, seu clima, e uma multidão pulsando junto com as batidas.

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Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)

A noite começou com uma temperatura amena, clima ideal para se perder (ou se encontrar) entre os palcos. Em alguns momentos, a chuva chegou de leve, mas não foi suficiente para dispersar o público ou esfriar a energia. Pelo contrário, a pista seguiu firme, vibrando sob as gotas como se nada pudesse interromper a celebração.

Os shows

Um dos primeiros momentos marcantes foi o set do DJ Marky no palco Luv Lab, detonando um drum and bass pesado e preciso, que já mostrava o tom da curadoria: liberdade, autenticidade e respeito pela pista. O shows já rolavam desde às 17h, e a programação de cada palco era tão interessante que a vontade era se multiplicar para conseguir aproveitar tudo.

Só Track Boa 2025 (Andrews Clayton)
Só Track Boa 2025 (Andrews Clayton)

Eleger um único destaque seria injusto. O line-up da noite estava diverso e propositalmente complementar: diferentes propostas sonoras, diferentes recortes de cena. Havia um frescor contemporâneo nos artistas que ocupavam palcos como Oca e LuvLab, enquanto outros reverenciavam a história da música eletrônica no Brasil e no mundo. Esse equilíbrio foi um dos grandes acertos da edição comemorativa de 10 anos do Só Track Boa.

Entre os momentos de maior vibração coletiva, dois se destacaram. O primeiro: o encerramento catártico da DJ ANNA no palco Oca. Seu set de techno foi denso, emotivo, com uma entrega que ultrapassou a técnica. Era visível a emoção dela no palco, em total sintonia com o público.

O segundo momento inesquecível da noite foi a performance de Fatboy Slim no palco principal que se desenrolou como um verdadeiro ritual coletivo. A expectativa no ar era palpável, e quando ele finalmente começou, a pista explodiu numa celebração vibrante. A apresentação foi uma combinação magistral de pirotecnia e uma seleção refinada dos sons clássicos que consagraram sua carreira, entrelaçados a faixas contemporâneas de artistas globais, incluindo o Brasil, com remixes com influência do funk. Ao incorporar o funk brasileiro em seu set, Fatboy Slim não apenas mostrou sua sintonia com as tendências atuais, mas também criou uma atmosfera onde passado e presente se fundiram em uma experiência surpreendente. Foi um momento em que o tempo pareceu se dobrar, unindo os ravers veteranos, que acompanharam o auge dos anos 1990, a uma nova geração, todos imersos numa celebração atemporal e contagiante.

Só Track Boa 2025 (Andrews Clayton)
Só Track Boa 2025 (Andrews Clayton)

“O Fatboy Slim marcou a minha adolescência. Nunca imaginei que um dia ia ver ele ao vivo, e num festival como esse. Vai ser histórico!”Thiana Lago, 30 anos, grafiteira.

Talvez esse seja um dos aspectos mais tocantes do festival: a presença forte da juventude, vibrando com referências históricas da música eletrônica. Ver milhares de pessoas se reunindo por amor à música, cruzando idades, estilos e histórias pessoais, é algo poderoso. A música eletrônica comprova, mais uma vez, seu poder de conectar gerações e afirmar-se como uma expressão cultural essencial.

Brasil na pista

Além dos nomes internacionais, o line-up brasileiro teve protagonismo real. Carola e Pricila Diaz entregaram um back-to-back poderoso, cheio de identidade.

O encontro entre Cat Dealers e Dubdogz também teve peso, mostrando a força de duas duplas que vêm se destacando nos últimos anos e que acompanharam o crescimento do Festival. Mau Mau, DJ Marky, Mochakk, Gabe e tantos outros nomes da cena nacional tiveram espaço e prestígio, evidenciando o compromisso do festival com o que é feito aqui, com a cena que cresce e se reinventa dentro do Brasil.

Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)
Só Track Boa 2025 (Alisson Demetrio)

Conversando com alguns dos artistas, ficou claro que o festival não é só uma vitrine, mas um espaço de experimentação. Muitos falaram sobre a liberdade criativa que sentiram ali: para improvisar, mudar planos, sentir a pista. Até os back-to-backs muitas vezes nasceram de encontros espontâneos, algo raro em festivais de grande porte. Essa abertura revela o cuidado da curadoria, que confia nos artistas e respeita a organicidade da experiência.

“Foi uma noite que valeu muito a pena de se viver. Vários sets me emocionaram — uma vibe única, que a gente não esquece tão cedo. O do Marky, então… que energia!”Maikão, 26 anos, artista plástico.

Outro ponto alto foi a cenografia. Imersiva, criativa, impactante — ela não era só cenário, mas parte ativa da vivência. Cada palco era um mundo, e atravessá-los era como mudar de atmosfera sem sair do mesmo espaço.

Ao fim da noite, a sensação era de plenitude. Uma noite vivida ao máximo, daquelas que ficam no corpo e na memória. Ver artistas nacionais com destaque real, tocando para multidões, sendo celebrados com paixão, renova a esperança em uma cena eletrônica forte, diversa e criativa. O Só Track Boa, ao completar uma década, não apenas reafirma sua importância: ele mostra que é possível fazer um grande festival com alma, história e horizonte.

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