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Quem é o produtor responsável por sucessos de Pabllo Vittar, Urias, Banda Uó e mais?

Quem é o produtor responsável por sucessos de Pabllo Vittar, Urias, Banda Uó e mais?

Rodrigo Gorky também integrou o Bonde do Rolê –que já tocou até no Coachella

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Talvez você não reconheça o rosto, mas você já ouviu muitos dos hits produzidos por Rodrigo Gorky. O sucesso estrondoso de “K.O.”, “Sua Cara” e “Amor de Que”, todos eternizados na inconfundível voz de Pabllo Vittar, faz dele um dos produtores musicais mais importantes da atualidade no Brasil. Tal título se justifica por uma jornada de quase duas décadas desafiando o pop, o mainstream e o preconceito de uma indústria musical que não está –até hoje, segundo ele– pronta para receber cantores e profissionais LGBTQIA+.

Mas esse brilho nos olhos que o acompanha até os dias de hoje começou a dar play há um bom tempo. “Quando eu era criança, sonhava em ter uma sala dentro de uma gravadora. Ficar ouvindo várias músicas e falando para as pessoas que elas eram boas ou não. Já sabia o que eu queria, mas só fui descobrir o nome disso vários anos depois”, revela o produtor, natural de Alegrete, no Rio Grande do Sul.

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Na adolescência, morando no Rio de Janeiro, decidiu ir atrás de tal resposta. Como a época era anterior ao e-mail, o jeito foi mandar cartas escritas à mão para gravadoras. A Camelo Records, de Minas Gerais –responsável por lançar Sepultura e Pato Fu–, respondeu. Explicaram ao jovem que o nome daquele cargo era A&R [sigla de Artístico e Repertório] e que, apesar de ser uma profissão concorrida, ele poderia começar trabalhando ao lado de amigos que faziam música. “Esse foi um conselho que levei para a vida. A produção é uma parte do que eu faço, mas eu me vejo muito como A&R”, define.

No começo da fase adulta, se mudou novamente, desta vez para Curitiba, no Paraná. Depois de seis meses, desistiu do curso de matemática na faculdade e se jogou de vez na música. Primeiramente, como DJ, criando mashups inspirados no duo belga 2manyDJs (que, inclusive, integra o line up do C6 Fest 2024).

Gorky também participava de bandas, e sua amizade com a cantora Marina Vello e com Pedro D’Eyrot resultou num projeto de funk “de zoeira”. Em 2005, nascia então o Bonde do Rolê.

A zoeira deu tão certo que o grupo assinou com o selo do incensado DJ e produtor norte-americano Diplo –do qual Gorky é próximo até hoje– e tocou em diversos festivais internacionais, como o Coachella, nos Estados Unidos.

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Depois de quase uma década com o Bonde, Gorky viu que não gostava dos holofotes, mas, sim, dos bastidores. Em uma viagem para Goiânia, conheceu um grupo de cantores que combinava brega e pop e estava viralizando nas redes sociais. Pediu para produzi-los em meados de 2011. O trio era composto por Mateus Carrilho, Davi Sabbag e Mel, que formavam juntos a Banda Uó, que saem em uma turnê de reencontro neste ano. Após trabalhar no primeiro álbum do grupo, “Motel”, Rodrigo decidiu se aprofundar em sua identidade como produtor.

Quem o ajudou no momento de virada em sua carreira foi, por coincidência, Sérgio Martins, editor sênior da Billboard Brasil. O jornalista o apresentou para a cantora Luiza Possi, resultando no álbum “LP”, de 2016. Um dos singles do projeto foi o cover de “Insight”, de Jaloo —que recentemente transicionou de gênero, passando a adotar a identidade feminina. “Acho que Luiza se encantou quando falei que tudo que eu sempre fiz com música não foi convencional. Se ela queria algo novo, eu era a pessoa certa”, conta.

Naquela mesma época, conheceu, primeiro pela internet e depois em uma viagem para Uberlândia, em Minas Gerais, a até então desconhecida cantora Pabllo Vittar. Após o EP de estreia de Pabllo, “Open Bar”, em 2016, o sucesso do disco “Vai Passar Mal”, de 2017, fez a cantora emplacar cinco músicas do álbum no topo do Spotify.

A aproximação entre Gorky e Pabllo se deu por meio de contatos feitos na época do Bonde do Rolê –como Yan Hayashi, na época booker e dono de uma boate em Uberlândia e, hoje, um dos responsáveis pela carreira da drag queen mais famosa do Brasil, ao lado de Leocádio Rezende. A relação entre os dois sempre ultrapassou a produção, se estendendo ao empresariamento.

“Vender o trabalho de uma drag queen naquela época foi muito difícil. E ainda é. Não era esperado esse sucesso todo”, conta. “Ser LGBTQIA+ na indústria musical brasileira é um desafio até hoje. De forma metafórica, parece que o Bonde do Rolê e o Cansei de Ser Sexy foram jogados no meio de uma ilha, sem nada, que teve de ser capinada na mão. Na vez da Banda Uó, eles já tinham uma foice. Quando a Pabllo chegou, existia um rastro. No entanto, é importante lembrar que ainda estamos em uma ilha. Seguimos nichados, não estamos entre todo mundo. Nos últimos anos, nós [profissionais LGBTQIA+ da música] fomos persistentes e excelentes mesmo com as condições que temos, ganhando migalhas.”

Estendendo sua visão de mercado, e de seus desejos, Gorky revela: “O que eu mais quero ver é outros grandes produtores LGBTQIA+. É difícil achá-los. Nos álbuns de remixes da Pabllo sempre priorizamos usar nossa plataforma e chamar nomes do underground.”

Ele destaca o trabalho dos produtores S4TAN, do duo CyberKills, da curitibana Vivian Kuczynski e de Jeska, jovem baiana que integra a segunda parte de “Batidão Tropical” –projeto programado para este ano, que tem como carro-chefe a faixa “Pede Para Eu Ficar”,  que tem referência a música “Listen To Your Heart“, de Roxette. –Jeska foi descoberta pela drag na internet, por conta de seus remixes em versão forró de músicas da cantora Lana Del Rey.

https://www.youtube.com/watch?v=DY6u4GxDq7w

Hoje, aos 43 anos, segue trabalhando com nomes como Urias, Anitta, e lançando jovens cantores LGBTQIA+ na XYC Discos, selo próprio ao lado de Zebu, que faz parte com ele do grupo de produtores Brabo Music (que também conta com Maffalda, Pablo Bispo, e antigamente, com Arthur Marques). Gorky também entrega que segue se divertindo com a música como se ainda fosse um adolescente, quando aquilo era apenas um hobby, inclusive em trabalhos pessoais.

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“Tudo o que produzi até hoje tem um foco: o legado eu gostaria de deixar com aquela obra e aquele artista”, entrega. “Eu não quero ser o tipo de pessoa que faz algo por muito dinheiro e, daqui a seis meses, vai ter seu trabalho esquecido. Eu tenho orgulho de tudo o que fiz e do que eu faço até hoje.”

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