Profissão handler: o que fazem as ‘babás’ de artistas internacionais?
Função pode até parecer um sonho, mas é uma profissão cheia de perrengues
Acompanhar artistas internacionais durante suas passagens pelo Brasil pode ser o sonho de muitas pessoas. No entanto, poucos sabem quais são as funções dos profissionais que são as “babás” dos famosos por aqui. Conhecida como handler ou tour manager, a função é repleta de desafios e perrengues.
No Brasil, a profissão de handler consiste em coordenar a passagem de artistas internacionais no país. Isso significa cuidar de pedidos para camarim, traslado para aeroporto e hotéis, e até indicações de locais para comer na cidade.
“Eu sempre costumo explicar que quando você vai para um outro país para trabalhar, você quer fazer o seu e ir embora. Quando eu recebo os artistas aqui, eles não conhecem nada do país. Eles não querem ligar para um motorista, que não fala inglês, e saber como sair do aeroporto. A gente precisa agilizar o trabalho desse cara”, explica Nathia Nicolau, 45, que trabalha como produtora do palco principal do Lollapalooza desde 2013.
“A gente acaba sendo meio intérprete para o artista, mas também cuida de toda a logística da passagem dele pelo país. E aí acabam rolando indicações de restaurantes, festas e passeios legais por aqui”, contou.
Handler x tour manager: qual a diferença?
O termo handler também é usado por produções internacionais e, fora do Brasil, pode ser entendido como pessoas que fazem trabalhos mais manuais. “Aqui no Brasil, nós temos os carregadores, que são os profissionais que pegam no pesado mesmo, levam os equipamentos. Já fora do país, essa mesma função é descrita como handler”, explica Anna Moreira, 28, que atua como tour manager da Fresno.
No Brasil, o termo handler também pode ser usado para os profissionais que são responsáveis pelo embarque e desembarque dos artistas no país. “O termo que eu mais uso mesmo é de tour manager, que se encaixa em todas essas posições”, explica.
Pedidos bizarros: como agir?
Uma das funções dos tour managers é garantir que os pedidos feitos pelos famosos sejam atendidos no camarim, por exemplo. A produção do famoso envia um documento, chamado rider, para que a produção do país em questão cumpra todos os pedidos.
Nesse momento, existem pedidos bastante específicos, e alguns até impossíveis de serem cumpridos. “Um dos DJs do The Town, o Paul Kalkbrenner, tem um rider de dez páginas. Tequila, água, várias coisas. E, entre elas, um elefante rosa”, revelou Joane Ely Momo, 44, atua como tour manager desde 2012 e está por trás do palco New Dance Order na primeira edição do The Town.
A profissional conta que é comum que os produtores internacionais incluam um item inusitado dentro da lista de pedidos para saber se o tour manager brasileiro está atento ao que o artista precisa. “Uma vez eu precisei ir atrás de um carrinho de bebê, pois a artista vinha com uma criança pequena. Eu fui atrás de tudo e aí, claro, na hora H, ela veio sem a criança”.
Além dos detalhes inusitados em camarins, as profissionais também já tiveram que lidar com pedidos ilícitos. “Tem gringo que pede de tudo, até droga. Você precisa ser polida e explicar pra ele que não é traficante, né? Eu prefiro me abster quando me pedem. Imagina se acontece algo com a pessoa? É uma coisa bem séria”, contou Anna.
Nathia revelou que já recebeu pedidos de artistas que queriam garotas e garotos de programa. “Como tour manager, a gente procura não se envolver com isso. De certa maneira, você é um local e o cara vai te pedir de tudo”. Ela afirmou que, em pelo menos 80% dos casos, existe um pedido ilícito feito por um famoso.