Por que o Brasil foge da tendência lucrativa de grupos de kpop em festivais?
SEVENTEEN foi headliner do Lollapalooza Berlim neste domingo (8)
O SEVENTEEN foi o primeiro headliner de kpop do Lollapalooza Berlim neste domingo (8). Com um setlist de 19 músicas, o grupo levou os grandes hits de sua trajetória para o palco principal do festival –com 50 mil pessoas presentes em cada dia.
Os arranjos, acompanhados pela primeira vez de uma banda afiada, fizeram toda a diferença na apresentação. As guitarras em peso trouxeram ainda mais potência para “MAESTRO”, por exemplo, o single mais recente deles.
Apesar de novos no Lollapalooza, o SEVENTEEN já tem quase dez anos de carreira. Eles debutaram em 2015 pela Pledis Entertainment, uma ramificação da gigante HYBE –empresa responsável por outros grupos como BTS, ENHYPEN, NewJeans e TXT.
E o kpop no Brasil?
A escalação do grupo segue tendência forte no exterior, com grupos de kpop ocupando espaços de headliners e também preenchendo line ups. O BLACKPINK foi a atração principal do Coachella, nos Estados Unidos, em 2023, enquanto TXT e o Stray Kids levaram o kpop para os palcos principais do Lollapalooza em Chicago, em 2023 e 2024, respectivamente.
No Glastonbury deste ano, na Inglaterra, o SEVENTEEN foi o primeiro do gênero a estar no evento, um dos principais festivais de música do mundo. LE SSERAFIM, NewJeans, Red Velvet, The Rose, e mais grupos grandes e pequenos, estiveram nos line ups dos festivais já citados e também do Primavera Sound, em Barcelona, na Espanha.
Apesar de estar mais para o pop rock do que kpop, o The Rose foi a única atração do gênero a ter estado no Lollapalooza Brasil. E para 2025, seguimos sem atrações do pop coreano, tão popular globalmente.
Para Túlio Moura, diretor comercial e produtor na empresa W+ Entertainment, a repetição de artistas nacionais e internacionais nas programações dos festivais nacionais deixou o mercado “preguiçoso”.
“Tem essa cultura engessada [das produtoras], em não acreditar em novas oportunidades ou nomes diferentes, tudo entra nesse ciclo vicioso”, diz ele, que trouxe shows de Mark Tuan e o próprio The Rose antes do festival.
O empresário também afirma que os festivais brasileiros ainda não assimilaram a força do kpop como os outros países –o que poderia ser um forte atrativo de público nos eventos saturados por aqui.
“Lá fora, o mercado está muito mais aberto. O kpop veio como o grande salvador da pátria nos Estados Unidos, porque é uma grande fonte de venda”, explica.
Em números
Nem a complicada logística pela distância entre o Brasil e a Coreia do Sul pode ser motivo para que os grandes festivais daqui, como Rock in Rio, Lollapalooza e The Town –além do recém-cancelado Primavera Sound– poderia ser usada de desculpa. Os fãs querem comprar ingressos.
Segundo pesquisa da Luminate, responsável por compilar os dados dos charts da Billboard, os fãs de kpop gastam 75% a mais em música mensalmente e são 67% mais propensos a comprar música como demonstração de apoio aos artistas.
Em 2023, o BLACKPINK teve a turnê mais lucrativa do kpop com a “BORN PINK”. O quarteto arrecadou mais de US$ 148 milhões em 29 shows.
No mesmo ano, a HYBE teve uma receita de mais de R$ 8,4 bilhões em 2023 –dinheiro vindo de shows, venda de álbuns e outras estratégias promocionais.