Você está lendo
Como A&R e DJ, Paula Spit tem a missão de fazer a música chegar sem ruídos

Como A&R e DJ, Paula Spit tem a missão de fazer a música chegar sem ruídos

A profissional trabalha com nomes como Duquesa, Racionais MC's e Yunk Vino

Paula Spit

Música é mais do que entretenimento — é parte da identidade de milhões de brasileiros. No país, o consumo semanal chega a 25 horas por pessoa, segundo a Pro-Música. E nesse universo de sons e histórias, há quem atue longe dos holofotes, mas seja essencial para que tudo aconteça. É o caso de Paula Spit.

Mineira de Conceição dos Ouros e formada em design gráfico, ela encontrou sua vocação no rap. Hoje atua como A&R — sigla para artistas e repertório — da Label Records e da Boogie Naipe, produtora dos Racionais MC’s. Seu trabalho envolve organização, estratégia e um mergulho no processo que leva a música até o público.

VEJA TAMBÉM
Duquesa concorre no BET Awards 2024; veja como assistir ao vivo

“Eu fico mais na parte que ninguém quer falar, mas que é muito importante”, diz Paula. “Se eu fosse explicar para uma criança, diria que é cuidar com carinho da música que ela vai ouvir. Garantir que o artista e a gravadora ganhem, e que ninguém seja passado para trás.”

Além de acompanhar artistas em compromissos e contribuir pontualmente com o processo criativo, Paula é quem garante que tudo esteja certo na hora de distribuir um lançamento: metadados, registros, contratos, créditos. “Sou eu quem organiza e envia os materiais para as distribuidoras e gravadoras.”

Mesmo com um papel estratégico, ela afirma que a profissão ainda é invisível para o público. “Meu nome está na ficha técnica, mas ninguém sabe quem é Paula Spit.”

O nome artístico, aliás, nasceu no grafite, outra paixão antiga. “Eu e minha prima abrimos o dicionário e caímos em ‘spit’, que pode significar cuspir, vomitar, mas também expressar. Ficou.”

Crescida em uma casa musical, com trilha sonora de Pink Floyd, Led Zeppelin e Black Sabbath, Paula também teve sua fase emo-roqueira — e de negação à música nacional. “Achava que só música gringa era boa.” Com o tempo, mergulhou na cena do rap e começou a colaborar com grupos regionais, como o Tetris, ainda em 2018.

Foi aí que descobriu um espaço onde poderia unir talento e propósito. Em 2019, mudou-se para São Paulo decidida a mudar de carreira. Participando de eventos e comunidades como o WME (Women’s Music Event), conseguiu sua primeira oportunidade na agência Musickeria. Foi ali que deu os primeiros passos profissionais na música.

Hoje, sua atuação é reconhecida por artistas como Duquesa. “A Paula tem sido essencial na construção da estratégia e na organização com distribuidoras e selos. Esses diálogos são o fio condutor de parte da minha carreira.”

Apesar de toda a experiência, Paula ainda vê poucas mulheres atuando diretamente com decisões artísticas. “Quando você vê profissionais A&Rs que estão diretamente envolvidos na parte artística, são homens”, aponta.

No começo da carreira, ela também sentia a falta de referências femininas: “Quando penso em profissionais de A&R, quase não consigo citar mulheres. Quando entrei nessa história, pensava em Clive Davis e Quincy Jones. Mas cadê as mulheres?”
Ela também lembra episódios de machismo. “Eles sempre achavam que eu era mulher de alguém quando ia negociar algo. Perguntavam: ‘Você é namorada de quem?’”

Para quem quer trilhar esse caminho, ela dá o recado: “É preciso separar a música como profissão do hobby. Não pode ter preconceito e tem que se manter atualizada — em música, comportamento e o que está acontecendo no mundo.”

Essa matéria foi originalmente publicada na 15ª edição da Billboard Brasil – clique aqui para comprar.

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.