9 melhores momentos do Black Sabbath e da despedida de Ozzy Osbourne
Shows aconteceram neste sábado (5) na Inglaterra
Todo fim é apenas um começo. Como o título evocativo sugere, o show de um dia do Black Sabbath e seus muitos amigos famosos, aqui no estádio Villa Park, em Birmingham, pretende encerrar a história da banda onde tudo começou: sua amada cidade natal. O legado do quarteto está intrinsecamente ligado à cidade na Inglaterra, cuja interminável expansão de fábricas já produziu o que o Black Sabbath definiu: heavy metal.
A banda fez sua última apresentação no sábado (5), sob a bandeira de sua formação original e “clássica” (Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler, Bill Ward), e ostenta um legado quase impossível de quantificar. Eles são o marco zero da música pesada, o big bang do qual todos os subgêneros do metal e seus principais artistas nasceram. Como os grandes músicos aqui presentes atestam continuamente, ao longo de seus sets curtos e agradáveis (que variam de 15 a 40 minutos de duração): nenhum deles existiria se não fosse pelo Sabbath e sua música.
Mais de 45 mil fãs se reuniram no Villa Park (casa do amado Aston Villa F.C. de Ozzy) para testemunhar esta última comunhão, cujos lucros estão sendo integralmente doados a diversas instituições de caridade, incluindo o Hospital Infantil de Birmingham.
O imponente estádio, com design tradicional, proporciona um palco adequadamente grandioso para os eventos do dia e prova ser uma união inteligente de dois dos principais marcos culturais da cidade. Antes de vários outros grandes shows de verão e da inauguração de um teatro próximo, com capacidade para 3,5 mil pessoas, chamado The Warehouse, os eventos de sábado confirmam a importância do local como um espaço de eventos de alto nível e um anfitrião digno desta peregrinação.
Embora “Back to the Beginning” e sua densa gama de talentos em exibição se mostrem um banquete estonteante de metal e rock, um ar de pungência também paira sobre os eventos finais. Saber que este é o Sabbath e as últimas apresentações de Ozzy (este último está lidando com uma série de problemas de saúde) dá a sensação de fim de uma era, embora, como o título multifacetado do show pode sugerir: o heavy metal continuará, mas para sempre situado na sombra das contribuições titânicas do Black Sabbath.
Mastodon dá início com covers arrasadores do Sabbath
O sábado foi dedicado a homenagear o Black Sabbath e cada banda do evento apresentou pelo menos um cover. A banda de abertura, Mastodon (que lamentou que o dia seguinte seria o “maior show de metal de todos os tempos”), deu início à onda de forma espetacular com sua interpretação de “Supernaut”. O baterista Brann Dailor assumiu os vocais principais e fez um ótimo trabalho em igualar a famosa profundidade de poder que Ozzy evoca naquele clássico do Sabbath. O trecho final da faixa foi completado por percussão adicional no palco, com membros do Gojira e do Tool, dando o tom para um dia de covers, colaborações e performances de metal incandescentes.
Lamb of God eleva o nível do Heavy
A formação monstruosa de “Back to the Beginning” celebrou o metal em todas as suas formas, desde revivalistas do blues a lendas do thrash e mestres modernos. O Lamb of God se encaixa firmemente nesta última categoria. Seu groove metal intenso é tão hino quanto afiado, e seu set no meio da tarde leva o Villa Park a novos patamares de intensidade. O vocalista Randy Blythe percorreu o palco como uma hiena faminta, incitando incontáveis mosh pits e agradecendo aos quatro membros do Sabbath por “inventarem o metal”. Terminando com a estranha visão de Blythe jogando seus dois sapatos na plateia, o set do Lamb of God é tão curto, estonteante e satisfatório quanto uma tragada rápida em um cigarro ilícito.
Yungblud toca “Changes”
Um dos heróis discretos da noite foi o guitarrista do Extreme, Nuno Bettencourt, que, entre suas atuações em várias superbandas, passou mais tempo no palco do que qualquer outro músico. Ele se juntou ao baterista II, do Sleep Token, e a Yungblud para uma versão de “Changes”, do Sabbath, uma balada emocionalmente ressonante que parece feita sob medida para ser cantada pelo expressivo e carismático Yungblud. Este escritor estava no mesmo local que Sharon Osbourne durante a apresentação da faixa e pode confirmar que ela a levou às lágrimas. Considerando a letra reflexiva e pessoal da música e a famosa versão moderna com ela e a filha de Ozzy, Kelly, não é difícil entender por que ela – e o resto de nós – a acharam uma audição profundamente comovente.
Jake E. Lee recebe uma recepção calorosa (menos para David Draiman)
A primeira de muitas formações de supergrupos lendários contou com uma rara participação de duas faixas do ex-guitarrista solo de Ozzy Osbourne, Jake E. Lee. Acompanhado por nomes como Mike Bordin, do Faith No More, na bateria, e Dave Ellefson, do Megadeth, no baixo, ele subiu ao palco sob enormes aplausos da plateia e de seus companheiros de banda, e pareceu um pouco impressionado com a aclamação. Em outubro de 2024, Lee foi baleado em um ato de violência aleatório e levado para a UTI, mas voltou ao palco. O carinho não se estendeu ao vocalista do Disturbed, David Dramian, que foi repetidamente vaiado sempre que se dirigia ao público durante sua breve passagem pelo palco, antes de partir docilmente. O Google é seu amigo se você está se perguntando o que pode ter provocado essa reação.
Dê um toque especial ao(s) baterista(s)
O segundo supergrupo contou com um número estonteante de músicos se entrelaçando em uma série de covers. A seção de abertura desse fascinante e divertido trecho do show foi um destaque especial. Travis Barker, do Blink-182, Danny Carey, do Tool, e Chad Smith, do Red Hot Chili Peppers, acompanharam Tom Morello e outros em uma versão desconstruída de “Symptom of the Universe”, do Sabbath, revezando-se para desfiar solos incendiários. Barker usou seus truques habituais, mas foi Smith e seu pequeno kit (comparado ao de Carey) que se provou um deleite intuitivo de assistir.
Frontmen lendários impressionam
Perto do final do segundo supergrupo mencionado, uma formação estelar que inclui Chad Smith, Tom Morello, do Rage Against the Machine, e Steven Tyler, do Aerosmith, se reuniu para tocar “Whole Lotta Love”, do Led Zeppelin, e “Walk This Way”, do Aerosmith. Tyler fez uma apresentação fantástica, exalando presença e arrogância que despertaram admiração generalizada. Mais tarde, Axl Rose, do Guns ‘N’ Roses, também silenciou seus críticos. Suas apresentações ao vivo, às vezes irregulares, são bem documentadas, mas ele estava em forma, com notas perfeitas e energia, principalmente durante um ótimo cover de “Sabbath Bloody Sabbath”, longe de ser a performance vocal mais fácil de imitar.
Metallica prova por que é a “atração principal” da noite
Uma empolgação palpável pairava no ar antes da chegada do Metallica. Abrindo com um cover sólido, ainda que nada espetacular, de “Hole in the Sky”, o show imediatamente engatou a quinta marcha com uma dupla de “Creeping Death” e “For Whom the Bell Tolls”. O quarteto parecia extremamente disposto a tudo, pulando pelo palco, executando todos os seus movimentos característicos (do andar de caranguejo do baixista Robert Trujillo ao rosnar do baterista Lars Ulrich) e detonando essas músicas icônicas com tanta naturalidade que você pensaria que estavam em sua sala de ensaio, não em um estádio. Quando terminaram a obra-prima sólida como granito que é “Master of Puppets”, o Villa Park estava explodindo em paroxismos de deleite.
Ozzy retoma o Trono
Chegara a hora do príncipe das trevas retomar o seu trono. Sentado na frente do palco em uma cadeira preta ornamentada (sobre a qual, é claro, está um morcego gigante), Ozzy Osbourne explicou à sua plateia febril: “Estou de cama há seis malditos anos, vocês não têm ideia do quanto isso significa para mim.” Suas palavras resumem o tom deste set, que o viu tocar cinco de suas melhores faixas solo.
Ele pode não conseguir ficar de pé, mas sua voz soa impecável, ainda possuindo aquele volume e peso característicos que impulsionam faixas energéticas como “I Don’t Know” e “Crazy Train”. Junto com o frágil e grato Ozzy, outra visão surpreendentemente comovente é a do guitarrista grisalho de longa data Zakk Wylde ao seu lado como um fiel cão de guarda, ou talvez o servo favorito do diabo.
O Sabbath nos leva de volta ao começo
É claro que terminamos onde tudo começou. A formação original do Black Sabbath (Ozzy, o guitarrista Tony Iommi, o baixista Geezer Butler e o baterista Bill Ward) subiu ao palco junta pela primeira vez desde 2005, para um set de meia hora que abriu com “War Pigs”, seguido por “N.I.B.” e “Iron Man”, antes de encerrar com “Paranoid”.
Curiosamente, foi o baixista Butler quem fez a apresentação mais chamativa, lembrando ao mundo sua estatura como um dos maiores baixistas de todos os tempos do rock. Quando chegaram a “Paranoid”, era possível sentir que as lendas não tinham muita energia. No entanto, atendendo ao pedido de Ozzy para “enlouquecer”, uma infinidade de mosh pits se abriu por toda a plateia. É curto, doce e absolutamente monumental.
Uma explosão final de som metálico de quatro músicos memoráveis cuja influência é impossível de quantificar. Este evento espetacular lhes fez justiça e sugeriu de forma pungente que todo fim é apenas um novo começo.
[Esta lista foi traduzida da Billboard dos EUA. Leia a reportagem original aqui.]