Marília Mendonça, a ‘rainha da sofrência’, virou referência no rap
Fã do gênero, cantora fez feat e ajudou carreira de diversos artistas
O grau de influência musical de Marília Mendonça (1995-2021) vai muito além do sertanejo. No rap, ela foi de influenciada por Tribo da Periferia a influenciadora de Xamã.
A morte da cantora completa dois anos neste domingo (5).
Seu nome foi tão impactante para cena que até nome de música ela virou. O rapper BIN lançou “Marília Mendonça“, que tem o seguinte trecho:
Sem amor com o bolso cheio de onça
Como é que dança?
Vou cantar sofrência igual Marília Mendonça
Nossa vizinhança já já se cansa
Vou cantar sofrência igual Marília Mendonça
No entanto, para entender e explicar melhor essa relação, a Billboard Brasil conversou com artistas que foram diretamente impactados pela obra e pelo alcance de Marília.
Referências
Pipocam nas redes sociais vídeos de Marília Mendonça cantando músicas de artistas de rap. Um dos mais icônicos é dela cantando “Vida Loka Pt. I“, do grupo Racionais MCs, durante uma live no Instagram.
Mas, em entrevista publicada em 2019 no portal “Sucesso”, ela falou que sua relação mais próxima com o rap após lançar a música “Conspiração”, em parceria com o grupo Tribo da Periferia.
“Escuto rap desde a minha adolescência. Tenho amigos nesta cena urbana, já gravei vários vídeos cantando rap, então, não tem porque não aceitar um convite como o do pessoal do Tribo. Adoro sertanejo, canto basicamente este gênero, mas aprecio outros estilos de música e o rap é um desses”, disse Marília ao site.
Parcerias musicais
Durante sua trajetória, uma das suas maiores parcerias da “rainha da sofrência” no hip-hop foi com Xamã. O rapper carioca gravou “Leão” com Marília, música na 28ª posição do Billboard Brasil Hot 100, com 33 milhões de plays no Spotify e 53 milhões de visualizações no YouTube.
“A gente gravou num estúdio em Goiânia. Ficamos bêbados de gin. Teve uma cena que a gente tinha que gravar em pé, um de frente para o outro, mas estávamos tão chapados que precisávamos fazer sentados. Ela fazia o set ser uma verdadeira festa”, disse o cantor.
Outro que teve o prazer de fazer um feat com Marília foi Gaab, com a música “Intenção“.
“Desde a primeira vez que a gente se falou até o dia da gravação foi um período de um ano, num processo de escolher música, e foi uma aula pra mim. Nunca vi um artista com tanto carinho para escolher o trabalho”.
Marília, a Twitteira
Uma das maiores artistas da música sertaneja era uma usuária da rede social Twitter (agora X). E foi por lá que ela conheceu dois artistas de rap que ela era fã – e eles também eram fãs dela.
No caso de Luccas Carlos, a cantora gravou o trecho do rapper na música “Bilhete 2.0”, que conta também com Rashid.
“Nós nunca chegamos a nos conhecer pessoalmente, só conversamos pelo Twitter. E foi incrível, ela sempre foi super disponível. Cheguei a fazer uma produção que acreditava ser a cara dela, mas não consegui dar seguimento”.
Foi também pelo Twitter que ela ajudou FBC na campanha 15/11, que visava promover o lançamento do seu álbum “Padrim“. Uma das primeiras artistas a engajar foi Marília.
15/11 curti seu som hein @fbctadoido
— marília mendonça (@MariliaMReal) November 4, 2019
“Parando para pensar, é muita generosidade. Afinal, a Marília tem um fandom enorme. Penso que alguns artistas colocam a sua cara nas redes, e ela tinha disso, de ser autoral no que fazia na internet”.
Mas, para todos os artistas ouvidos pela Billboard Brasil, o carinho que a cantora tinha com a cena do rap era uma pequena demonstração da forma com que ela enxergava a arte como algo coletivo.