DJ Nyack: ‘SXSW coloca a música brasileira no radar de muita gente’
Festival de inovação e música terá participação de artistas brasileiros
Começa nesta sexta (8) o South by Southwest, conhecido como SXSW, festival que reúne inovação, tecnologia e cultura na cidade de Austin, no Texas. Música é um assunto que faz parte da essência do festival desde seu início, e fazer parte do evento ainda é uma oportunidade preciosa para fazer contatos, mostrar seu trabalho e até desenvolver um eventual projeto de internacionalização de carreira.
É o que diz Nyack, que fará duas apresentações no SX. O DJ, que trabalha com Emicida, mas tem diversos projetos –solo e com outros artistas, como Luedji Luna, de quem participou do álbum “Um Corpo no Mundo”(2019)– conversou com a Billboard Brasil sobre sua passagem por Austin, tecnologia e o que esperar do festival.
Como serão suas apresentações no SXSW? O que está preparando?
Primeiramente, estou muito feliz de participar da Casa São Paulo [espaço criado no festival pelo Governo de São Paulo que terá foco em geração de negócios]. Estou preparando um set mais de música brasileira, porque vai ter muita gente de fora do país e acho que é legal apresentar um pouco do que rola por aqui, musicalmente falando. E, fora esse evento, tem outro que eu vou fazer que é organizado pelo selo Trucha Soul, da Cidade do México, que é de hip hop.
Você preza por um certo “conservadorismo” no seu trabalho como DJ, toca muito com vinil etc. Como essa visão se encontra com um evento de tecnologia e inovação?
Por mais que a gente tenha tido vários avanços na tecnologia, principalmente falando de música, é bom sempre trazer esse resgate de como tudo começou, especialmente na cultura DJ, que é uma tecnologia inventada há quase 100 anos e continua relevante. Nada mais digno do que sempre apresentar um set diferente e, quando se trata da cultura DJ, o SXSW entrega muito, porque tem vários DJs que tocam com vinil e estão se apresentando no festival –não só neste ano como em vários passados.
Qual é a importância do SX para a música de forma geral e, em especial, para os artistas brasileiros. Abre portas?
É um festival onde se encontram artistas emergentes e já considerados consolidados em suas carreiras. Essa troca é muito legal, num mesmo lugar ter um artista novo chegando agora, com talento, e outro que já está há muito tempo na estrada, com grande nome no mercado. Esse acesso que a gente tem a esses artistas é muito importante. E abre portas no sentido de que muitos produtores, selos e gravadoras vão a esses festivais em busca de novos talentos. Além disso, coloca a música brasileira no radar de muita gente, o que é importante.
Você vai também acompanhar mesas e apresentações do SX? O que mais quer ver?
Infelizmente, acho que não vou conseguir acompanhar mesas, mas tem algumas apresentações que eu quero muito ver. Vai ter um evento em que o Bootsy Collins [lendário baixista, cantor e produtor de funk e R&B] estará apresentando alguns artistas novos e quero muito ver. Vai ter duas festas também: uma se chama Soul in the Horn, em que a Natasha Diggs, DJ de que eu gosto muito, vai se apresentar. E também um evento chamado Bastid’s BBQ, que é do meu amigo Skratch Bastid, do Canadá, que sempre traz uns DJs muito fodas da cena. É sempre muito bom estar nesses lugares para aprender, principalmente.
Você é uma pessoa da tecnologia?
A tecnologia ficou indispensável. Então, eu me considero uma pessoa tecnológica nesse sentido: para trabalhar precisa ter internet, para a vida social, para divulgar nosso trabalho. E, em cima do palco, a tecnologia ajuda muito na questão de proporcionar equipamentos e softwares com os quais eu posso simular discotecagem com vinil, por exemplo. Inclusive aparelhos que eu uso muito nos shows com o Emicida, por exemplo, e em outros projetos que eu tenho. Se não fosse a tecnologia, não seria possível fazer essa entrega nos palcos.
Para além de SX, a turnê “AmarElo”, com Emicida, vai recomeçar. Pode falar um pouco do que está preparando para esse retorno e quais outros planos tem em sua carreira?
O clima é de muita alegria e ansiedade, para essa etapa final de “AmarElo”. Estamos preparando um repertório especial, com participações especiais também. Vai ser memorável para quem tiver a oportunidade de assistir ao show. Tem ainda meu projeto “Rádio Gatilho FM”, o projeto de R&B que eu tenho com outros artistas, que continua neste ano. Em abril tem com participação de Luedji Luna e Fat Family, estamos bem ansiosos. E, além disso, o plano é continuar investindo na minha carreira internacional, que venho plantando há algum tempo. No ano passado fiz três turnês nos Estados Unidos, neste ano estou iniciando a minha primeira. E trabalhando também em um disco autoral.