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Black Sabbath, o ‘Jason’ do heavy metal, se despede dos palcos

Black Sabbath, o ‘Jason’ do heavy metal, se despede dos palcos

Os criadores do heavy metal encabeçam um festival de música em sua terra natal

Black Sabbath criaram o heavy metal. (redes sociais)

O Black Sabbath faz sua derradeira apresentação neste sábado (5) no estádio do Aston Villa, em Birmingham. Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarra), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria) retornam à sua terra natal para encabeçar um festival que conta ainda com a presença de grupos como Metallica, Slayer, Anthrax, Pantera, e muito mais. Os ingressos estão esgotados há tempos, mas pode-se assistir ao show online (pago, claro) no site backtobeginning.com 

O quarteto deixou sua marca na história por ter criado o heavy metal em seu disco homônimo, lançado na sexta-feira 13 de fevereiro de 1970. Sim, naqueles tempos havia um número razoável de bandas e cantores experimentando uma sonoridade mais pesada –Cream e Led Zeppelin, para ficarmos nesses dois exemplos–, mas Ozzy, Tony, Geezer e Bill criaram um conceito musical que mais tarde seria batizado como heavy metal

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Black Sabbath (Divulgação)

Dissecando o Black Sabbath

Mas o que seria esse conceito? Canções de andamento arrastado –caso da faixa-título, na qual Iommi usa o trítono, uma sequência de notas consideradas “sinistras” –, baixo e bateria de frequências abissais e temas que falam do macabro (cortesia de Geezer, autor da maioria das letras, e fã confesso do escritor inglês de terror Dennis Wheatley).

Os fundamentos do Black Sabbath foram posteriormente adotados por bandas dos até nos dias de hoje –confira a playlist abaixo. O título é igualmente aterrorizante: foi tirado de Black Sabbath – As Três Máscaras do Terror (1963), filme do cineasta italiano Mario Bava (1914-1980).

Os lançamentos do quarteto sempre receberam vaias da crítica especializada, então interessada em criadores “cerebrais” como Bob Dylan e Lou Reed. “Eu sabia que uma desgraça dessas aconteceria mais cedo ou mais tarde”, ironizou o decano Robert Christgau ao receber “Black Sabbath”, o disco. Puro preconceito. Tempos depois, a música desses quatro senhores se mostrou tão influente que muitos veículos de imprensa refizeram suas resenhas e deram nota máxima para os trabalhos que tinham sido malhados à época de seu lançamento.

Birmingham, a cidade natal do Black Sabbath (e também do Judas Priest, outra lenda do heavy metal) foi uma das localidades que mais sofreram com os horrores da Segunda Guerra Mundial. Nos tempos em que os quatro roqueiros cresceram, era comum ver bairros em ruínas, devastados pelos bombardeios alemães. O fato de também ser uma cidade industrial colaborou para que a música do Black Sabbath traduzisse o clima de desesperança que reinava naqueles tempos.

O quarteto é uma espécie de “Jason” do rock pesado. Passou por diversas encarnações, foi declarado morto várias vezes, mas sempre acabou renascendo. A primeira formação durou de 1969 a 1979. Naquele ano, as loucuras de Ozzy passaram dos limites (e para uma banda cheia de excessos isso indica que estava beeeeem doido) e o vocalista foi mandado embora. Ronnie James Dio assumiu o canto e as letras, que eram escritas por Geezer. Bill Ward foi o segundo a sair, substituído pelo baterista Vinnie Appice. Em 1982, Dio e Vinnie saíram. Bill Ward voltou e Ian Gillan, do Deep Purple, assumiu os vocais. O Black Sabbath lançou então “Born Again” e depois viu Gillan e Ward saltar do barco. Iommi foi o único que resistiu ao vai-e-vem dos músicos.

O Black Sabbath se reuniu novamente com Ozzy em maio de 2012, mas com o baterista Tommy Clufetos no lugar de Bill Ward. O retorno do cantor ao grupo pode ter suas razões emocionais, mas tem ainda um motivo econômico: Sharon, mulher de Ozzy, é quem hoje detém o nome Black Sabbath (ela “comprou” de Iommi). Em 2013, o trio original soltou “13”, seu derradeiro disco. Quatro anos depois, eles anunciaram o seu fim.

A apresentação de Birmingham marca o retorno de Bill Ward e pode ser uma das derradeiras performances de Ozzy, que recentemente anunciou sofrer do Mal de Parkinson –tanto que sua participação poderá se limitar a uma ou outra intervenção ao longo do show. Ozzy, inclusive, ficaria sentado porque não teria pique para aguentar um show inteiro. Não importa. Sentado ou não, o Black Sabbath merece uma despedida digna de sua importância, sendo reverenciado por todas as bandas que influenciou.

OS HERDEIROS DO BLACK SABBATH

 

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