fbpx
Você está lendo
Aos 85 anos, Dona Onete relembra ‘bagaceiras’ e vive auge como compositora de toadas e carimbós

Aos 85 anos, Dona Onete relembra ‘bagaceiras’ e vive auge como compositora de toadas e carimbós

Quarto álbum da compositora faz viagens pela farra e ritmos paraenses

Avatar de Yuri da BS
Dona Onete em foto que inspirou capa do álbum "Bagaceira"

A cantora e compositora Dona Onete, de 85 anos, vive o auge artístico em seu novo álbum, “Bagaceira”, o quarto de inéditas. Nascida em Cachoeira do Arari, interior do Pará, ela iniciou a carreira após os 60 anos. E com voz de galhofa, pelo telefone, foi relembrando à Billboard Brasil sua maior bagaceira.

VEJA TAMBÉM
Design sem nome 2024 01 18T193733.326

“Eu estava com duas amigas e não atravessa o rio sozinha”, começa relatando a volta de uma festa em Moju e com o trio tendo que voltar para Iguarapé-Miri, percurso que necessita ser feito atravessando a Baía de Marajó. “Eu não bebia. Elas duas, sim. E eu dependia delas para poder voltar para casa porque eu tinha medo de ir sozinha. Quando eu vi, no meio da ‘bagaceira’ uma veio e disse ‘quem te disse que eu vou [voltar]?’. Ninguém queria. Quando voltamos, na travessia já deu ‘muita bronca’, o nosso barco deu problema no motor… Quando atravessamos, as duas ainda foram convidadas para jogar ‘bilharito’ [bilhar, sinuca]. Fui chegar em casa só uma hora da tarde em casa. Não tinha onde comprar nada, nem comida em casa. E elas ainda foram para a minha casa e depois começaram a chamar muitas pessoas. Quando dei por mim, parecia um aniversário! Teve uma hora que eu saí dos meus limites e joguei todo mundo na rua! Eu tava acabada!”, gargalha ao relembrar a armadilha que caiu.

“Bagaceira”, portanto, é onde tudo pode acontecer, sem hora para acabar. Na faixa-título, ela escreve que “toca brega, toca lambada, toca carimbó, toca guitarrada” e que tem lugar para a “garça namoradeira”, para o “urubu namorador” e que era “um grande tititi” e, ainda, “um enorme zum-zum-zum”.  Como tudo que fez nos três álbuns até aqui, a vivência da Ionete da Silveira Gama se confunde com a compositora e cantora Dona Onete e o Pará, o carimbó, e os 25 anos em que foi professora.

“Eu nem chamo de música o que eu faço, são textos! Enormes, pertos desses hits que estão fazendo por aí. Eu sou assim, vou fazendo na minha cabeça. Depois eu monto para ver o ritmo. Mas eu não toco nada! É uma coisa de cabeça, um dom. E se é um dom, vamos aproveitar e deixar isso pra vocês!”, graceja. Além das composições, Dona Onete assumiu também o figurino e a direção da arte da capa, baseada em fotografia do fotógrafo Renato Reis e recriada por Maitê Zara.

Antes de “Bagaceira”, Dona Onete fez sucesso nacional com a estreia de “Feitiço Caboclo”, de  2013, que continha o sucesso “Jamburana”. Três anos depois, emplacou “Banzeiro”, do disco de mesmo nome. Durante os shows desses álbuns, a compositora chegou a reclamar de como era bem recebida em outros estados e que não via tal carinho na terra onde nasceu.

“Olha, Graças a Deus, o carimbó conseguiu. Já temos casas, conjuntinhos que param na cidade e fazem suas festinhas de terreiro e de palco. Ficou meio ‘pavulagem’, sabe? Se você vier ao Pará vai ter dificuldade de saber em qual carimbó você vai dançar”, explica, mais otimista e feliz com a repercussão. “Bagaceira” sai também em LP, com  edição especial vinil 180g colorido.

Recentemente, ela foi parceira da conterrânea Luê no álbum “Brasileira do Norte“.

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.