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De Alice Cooper a Demi Lovato, por que todo mundo quer tocar com Nita Strauss

De Alice Cooper a Demi Lovato, por que todo mundo quer tocar com Nita Strauss

A guitarrista americana é uma instrumentista requisitada e musa fitness

Avatar de Guilherme Lucio da Rocha
A guitarrista Nina Strauss durante show

A cena já se tornou corriqueira: ao final de cada performance, Nita Strauss é cercada por um grupo de meninas adolescentes. Mais do que tietagem, as jovens fãs agradecem a guitarrista por tê-las inspirado. “Para mim, é recompensador assistir a essas meninas tocando piano, bateria e guitarra, além de saber que minha carreira as incentivou”, diz Nita para a Billboard Brasil.

A missão “educadora” da guitarrista ganhou um reforço extra em julho do ano passado com “The Call of the Void”, seu segundo –e mais ambicioso– disco como solista. São 22 canções (algumas delas têm versões cantadas e instrumentais) com participação de gente de ponta na cena pesada, como o guitarrista Marty Friedman (ex-Megadeth), a vocalista Alissa White-Gluz (do furioso grupo de thrash metal Arch Enemy) e Alice Cooper, entre outros. “Demorei cinco anos para lançar um trabalho novo, daí ter acumulado tantas canções”, explica Nita, que se derrama para os convidados.

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“Foram as músicas que escolheram quem devia cantar no álbum. Essas pessoas acabaram atendendo ao chamado delas”.

Nascida há 37 anos na cidade de Los Angeles, Vinita Sandhya Strauss é parente distante do compositor romântico Richard Strauss (1864-1949), conhecido principalmente pelo poema sinfônico “Assim Falou Zaratustra”. Mas, inicialmente, a carreira musical não fazia parte de seus planos.

Ela tocava bateria, mas sem a paixão necessária para se desenvolver no instrumento. A mudança aconteceu quando se bandeou para a guitarra, a fim de acompanhar uma amiga. Foi amor à primeira palhetada. O fogo inicial foi alimentado de vez quando Nita assistiu a “Encruzilhada” (1987), do cineasta americano Walter Hill, no qual um fã de blues busca uma canção perdida do guitarrista Robert Johnson (1911-1938). O ponto alto é um duelo entre o rapaz -interpretado por Ralph Macchio, de “Karatê Kid”–e um virtuose da guitarra, vivido pelo genial Steve Vai.

“Ali, percebi que meu estilo tinha de ser parecido com o daquele músico”, confessa. Na linguagem guitarrística, Nita se tornou uma shredder (no Brasil, uma “fritadora”, músicos que soltam notas com a velocidade da luz). Sua primeira experiência artística, no entanto, foi mais tranquila. Ela integrou The Iron Maidens, grupo de mulheres, cover do quinteto inglês de heavy metal Iron Maiden. Em 2014, teve a sua grande chance ao ser chamada para acompanhar o cantor norte-americano Alice Cooper, que unia rock pesado ao teatro gótico. No palco, além da destreza musical, Nita se destacava por ostentar pinturas vermelhas ao longo dos braços.

“Muita gente acha que havia algo tribal nisso. Na verdade, como as apresentações de Alice têm aquele elemento sanguinolento, achei que chamaria mais a atenção ao usar essa maquiagem”, comenta.

Alice Cooper foi um bom chefe. Deu a ela diversas chances de brilhar em solos e a apoiou num momento decisivo: dois anos atrás, a guitarrista foi chamada para a banda da cantora pop Demi Lovato. Os fãs de heavy metal encararam como uma traição. Alice deu sua bênção. “Ele disse para ir excursionar com Demi que meu emprego estava garantido. Amei a experiência, porque pude dar palpites e virei uma espécie de coprotagonista do show”, revela.

Nita retornou à banda de Alice em 2022, mas saiu para privilegiar a carreira solo. Quem vê sua performance esfuziante no palco não imagina que a guitarrista passou por sérios problemas pessoais. Em 2015, ela estava envolta num mar de álcool e drogas tão denso que se internou numa clínica de reabilitação. “Rock’n’roll soa melhor quando se está careta”, brinca. A experiência rendeu uma das principais canções de seu álbum. “The Wolf You Feed” é baseada numa lenda indígena, que volta e meia é contada nessas clínicas. “Ela fala do lobo bom e do lobo mau. Dependendo de quem você alimentar, ele ficará mais forte”.

A sobriedade veio acompanhada da preocupação com a forma física. Nita e seu namorado, o personal trainer Josh, criaram um programa de exercícios que ela pratica onde estiver. Chamado de Body Shred, consiste em oito semanas de treinamento duro. Quem completa tem a chance de ganhar uma guitarra autografada. É um dos passos mais importantes de Nita na luta pela sobriedade. “Afinal, ninguém de ressaca consegue fazer exercícios direito.”

Fã do Brasil, que visitou com as Iron Maidens e as bandas de Alice Cooper e Demi Lovato, Nita até dedicou uma canção ao país –“Alegria”, repleta de solos intrincados. E por mais que tenha seu talento reconhecido, ela não deixa de apontar a importância de se destacar num universo machista. “Guitarristas, jornalistas,
cirurgiãs… A gente sempre tem de se esforçar o dobro para mostrar nosso valor”, lamenta.

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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