Você está lendo
Billboard Brasil elege os 85 melhores discos brasileiros de 2025

Billboard Brasil elege os 85 melhores discos brasileiros de 2025

Melhores discos brasileiros 2025

Chegou o momento de celebrar e compartilhar os grandes discos do ano. Em julho, a redação da Billboard Brasil se reuniu para escolher os 50 maiores àlbuns brasileiros até aquele momento. Se a tarefa já estava difícil naquele período, a boa surpresa é que ficou ainda mais complexo neste fim de ano. As bandas, cantores e cantoras brasileiras tiveram um ano de grandes trabalhos. 

VEJA TAMBÉM

Melhores discos 2025 segundo a Billboard Brasil

Por isso, é importante reforçar: esta não é uma corrida, nem um ranking. Não tem primeiro nem último lugar. Reunimos aqui os 85 álbuns que mais nos marcaram, emocionaram ou fizeram pensar. Uma curadoria coletiva que valoriza a diversidade de sons, vozes e propostas que movimentaram a música em 2025. 

No menu abaixo, clique no sinal mais (+) para ouvir e ler as resenhas dos 85 melhores discos brasileiros de 2025, segundo a Billboard Brasil

Indicada ao Grammy Latino 2025 na categoria de melhor álbum de música cristã, Julliany é um dos maiores destaques do ano no segmento com o disco “A Maior Honra”. Um dos maiores do álbum é o single “ Quem é Esse?”, presença constante no Billboard Brasil Hot 100. Na faixa —e no disco completo— ela se inspira em passagens famosas da bíblia, como a morte de Jesus. (Bruna Calazans)

Parceria com o letrista Ronaldo Bastos, o disco combina poesia, pop, MPB, folk e referências das décadas de 1970 e 1980. O trabalho foi destacado pela densidade de suas letras e pelos arranjos evocativos, que constroem imagens e conectam os universos criativos dos artistas. As canções abordam temas como amor, existência e superação, com participações especiais de Catto (Redação).

Raphaela Santos ganhou as redes sociais com “Foi Logo Amor”, uma daquelas versões abrasileiradas de músicas internacionais. Neste caso, ela transformou “How Deep Is Your Love”, de Calvin Harris, em um forró delicioso, de rasgar o coração. O single faz parte do “After da Favorita”, álbum que segue o mesmo clima animado e desbocado, característica da cantora. (Bruna Calazans)

Ex-integrante dos grupos Dônica e Bala Desejo, além de ter participado da derradeira turnê de Milton Nascimento, Zé Ibarra faz um retrato precioso de seus contemporâneos e da própria carreira. Cinco das oito canções do álbum são de compositores da atualidade (entre eles Sophia Chablau, Maria Beraldo e Tom Veloso) e apenas três são de Ibarra. É uma MPB sofisticada, que conversa com o movimento tropicalista e o Clube da Esquina, mas também com a soul music e o pop elegante de uma Marina Lima. (Sérgio Martins)

O segundo disco de Zaynara evidencia uma fase mais amadurecida da artista e reafirma o beat melody paraense, ao abordar o amor, tanto o autocuidado quanto o romântico, por meio de imagens ligadas aos rios. O álbum combina brega, arrocha e pop, sustentado por composições confessionais e um acabamento sonoro refinado. O resultado são faixas envolventes e sensíveis, que exaltam a força, a superação e o recomeço, com destaques para “Perfume da Bôta” e “5 Estrelas”, parceria com o cantor Tierry.

“Antes que a terra acabe, quero me acabar nela”, diz o refrão de “Apocalipse”, balada com Seu Jorge, produzida por Arthur Verocai e Fejuca, que abre o novo disco de Luedji Luna, “Antes Que a Terra Acabe”. Lançado em junho de 2025, poucos dias depois da estreia de “Um Mar Pra Cada Um” — também ótimo, por sinal —, e que foi o último de três mergulhos profundos, com início em “Bom Mesmo É Estar Embaixo D’água” (2020) e continuação na versão “Deluxe” (2022). Juntos, eles compõem uma trilogia das águas e, talvez, por isso, na sequência (e quase de imediato), Luedji parece surgir revigorada para desfrutar a superfície. “Antes que a terra acabe” soa, então, como uma celebração. Com beats de neo soul, jazz e hip hop, sem abrir mão da ancestralidade sonora que marca a artista baiana, o disco convida ao movimento com sofisticação. Milton Nascimento surge ao fim de “Mara”, em solfejo delicado, como um sopro de bênção. Há ainda rimas certeiras de Mc Luanna (Brasil) e Rapsody (EUA), um dueto de bossa nova com a imensa Alaíde Costa em “Bonita”, e arranjos de ninguém menos que Robert Glasper (EUA). Um disco-evento. Vista sua melhor roupa e dê o play! (Lígia Hipólito)

Distorcido e dançante, “Apocalypso” é também um respiro nas tentativas que emergem na mistura de porradas com ritmos que, normalmente, se encaixam na classificação “regional”. Por vezes, aqui no país, essas vontades acabam finalizando-se em produtos pouco relevantes para além da proposta. “Apocalypso”, não. O quarteto Onda de Beleza Natural faz questão de ser estranho, silencioso, vagaroso: uma camada muito difícil para grupos que gostam de chupar o regional e levar para suas músicas algo com um que de emulado. Faz dançar, mas faz dançar quadrado —às vezes. (Yuri da BS)

Vida real. Lagum consegue demonstrar os caminhos, retos, sinuosos ou tortos, pelos quais passamos todos os dias. Em dez faixas, “As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo” reflete o cotidiano e ressalta o quão belo pode ser o ordinário. Basta observar. (Vitória Zane)

Em “As Pequenas Grandes Coisas”, Kley aborda temas filosóficos e deixa  nítido a presença de uma ausência: o seu pai, o tênista Ivan Kley, que faleceu aos 66 anos. No entanto, experimentando novas sonoridades em 11 faixas, Kley imprime experiências outras experiências pessoais nas quais pequenas emoções ganham grandes camadas. Com letras sobre amor, filosofia e sentido da vida, o ouvinte consegue refletir sobre si e o mundo. A sugestão de apostar novos caminhos da vida fica implícita. (Alexandre de Melo e Vitória Zane)

Fabricio Soares Teixeira, mais conhecido como FBC, é um rapper e compositor brasileiro que ganhou manchetes nacionalmente com o álbum “Baile”, de 2021 — na realidade, um álbum de funk. Esse vai-e-vem de estilos é uma das marcas registradas de Fabricio, que nasceu cria do rap e fez sucesso com hinos como “Quando o DJ Toca” e “Se Tá Solteira”. Depois, chegou com tudo na disco music com o ótimo disco “O Amor, o Perdão e a Tecnologia Irão nos Levar para Outro Planeta”. Neste 2025 que tem flertado forte com os anos 1990, Fabricio retorna fazendo rap com jazz, trazendo forte influência de Cypress Hill e dos primórdios da carreira solo de D2. Sem falar das letras — sempre cortantes e sinceras —, das bases e dos samples espertíssimos. Um discão. (Claudia Assef)

O violão cabuloso de Josyara é um espetáculo à parte em “AVIA”. Preciso e percussivo, ele conduz as canções com corpo, ritmo e invenção. No terceiro álbum autoral, a artista baiana firma seu lugar como compositora, instrumentista e intérprete de profundidade rara. Entre sopros, cordas e silêncios, Josyara canta sobre desejo, tempo, afeto e deslocamento. Cada faixa é um voo e um pouso: da força lírica de “Festa Nada a Ver” à doçura de “Peixe Coração”. Convidados, Pitty e Chico Chico somam sem tirar o disco de sua essência íntima. “AVIA” é música que paira e toca o chão — um trabalho que mistura técnica e emoção com a naturalidade de quem sabe exatamente o que quer dizer. (Ligia Hipólito)

Thalles Roberto é um dos nomes mais interessantes da música gospel brasileira. Com uma voz cheia de groove, ele costuma sair um pouco dos singles puramente contemplativos e traz letras de fé misturadas com energia. Para a primeira parte deste trabalho, o cantor foi além em sua ousadia: convidou Jorge, da dupla com Mateus, para cantar a faixa-título. A soma de duas vozes poderosas —mesmo que de gêneros totalmente opostos— resultou em um dos lançamentos mais bonitos do ano. (Bruna Calazans)

O disco feito em colaboração com os percussionistas baianos Peu Meurray e Magary Lord traz 11 faixas: seis composições inéditas e cinco músicas já gravadas por nomes da Bahia entre 2012 e 2021. No entanto, ao contrário do que o nome do álbum indica, na primeira parte temos a trupe de Seu Jorge, o Conjuntão Pesadão, mostrando muitas referências dos sopros, do samba rock e do suingue de Tim Maia, Jorge Ben e do próprio Farofa Carioca. Já na segunda parte, temos a percussão, o Chula, o Semba e o Black Samba característicos da Bahia. No todo, a soma tem tudo o que é preciso para esquentar pistas, salões e festivais. (Alexandre de Melo)

Um belo retrato do que está acontecendo na música eletrônica hoje no Brasil. Este EP do produtor e DJ paulistano Badista é como um roadshow da atual mistura de funk, techno e electro que tem feito a cabeça de quem frequenta festas do underground no país. A faixa de abertura, “SPDRIP”, serve como trilha sonora de toda uma geração que sai à noite (ou a qualquer hora) e abraçou essa mistura de gêneros da eletrônica com o nosso beat originário — o funk — com força e sem preconceito. Um registro excelente que não pode passar batido pela sua festinha. (Claudia Assef)

No quarto álbum da carreira, Rubel apresenta um disco pessoal e confessional, que mergulha em questões sobre vida e morte a partir de reflexões surgidas após uma cirurgia no coração. A sonoridade retoma as bases da MPB, com voz e violão em primeiro plano, acompanhados por arranjos de cordas e sopros que ampliam a delicadeza e a maturidade do trabalho, além de versões de Radiohead e El David Aguilar. Para ouvir e respirar tranquilo (Alexandre de Melo)

“big buraco” é Brasil. Jadsa conseguiu imputar em 12 faixas os sentimentos de estar dentro de um “grande buraco” no qual nos enfiamos. Abordando o cotidiano, os desejos básicos (“Viver bem / Comer bem / Dormir bem” em “big bang”), o amor e as vivências de um artista, o álbum, gravado em sete dias, coloca groove numa conversa franca. (Vitória Zane)

Os fãs desse cantor e criador de belas melodias e voz agudíssima esperam esse disco desde 2017. Naquele ano, Zeca, ao participar de “Ofertório”, ao lado do pai, Caetano, e dos irmãos Moreno e Tom, encantou o público com a balada “Todo Homem”. “Boas Novas”, lançado no final de novembro, é uma mostra de que a espera valeu a pena. Um MPB/pop sofisticado, com canções que remetem ao ijexá e marcha rancho presentes no repertório de Caetano (“Salvador”, primeiro single do álbum) e faixas que lembram o Black Rio, movimento da música preta carioca nos anos 1970 (“Máquina do Rio”, “Desenho de Animação”). (Sérgio Martins)

A dupla de produtores Murillo & LT no Beat estreia com o álbum “Bola + 1 Beck”, que mistura funk, trap e trap love em sete faixas — seis delas inéditas. O disco conta com participações de Hariel, Vulgo FK, TZ da Coronel, Ryu the Runner e outros grandes nomes da cena. O projeto audiovisual marca a estreia dos produtores no cast da Som Livre e reforça seu protagonismo na nova geração do funk e do rap. (Guilherme Lucio da Rocha)

A espera valeu: Stefanie lançou o primeiro álbum da carreira, “Bunmi”. A rapper de Santo André, região metropolitana de São Paulo, registrou seus momentos de conflitos e vitórias dos últimos 20 anos em dez faixas. Ela rima sobre maternidade, racismo, perdas na família, espiritualidade, vivências na capital paulista, saúde mental e a paixão pelo hip-hop. “Bunmi” teve produção de Daniel Ganjaman e Grou. Entre as participações especiais estão Luedji Luna, Emicida, Rashid, Nega Gizza e mais.(Isabela Pacílio)

O percussionista e produtor Renato Junior fez de “Cabaça” um bom resumo de suas propostas em “Novo Mundo”, de 2023 e de suas perfomances ao vivo —solo ou com a turma do coletivo Escola de Mistérios. Mais do que qualquer outra explicação, é fácil colocar o álbum como uma forma de deslocados do eletrônico se encantarem pela paisagem densa do clube ao ouví-lo porque, como Africanoise, Renato cria escapes pela percussão que podem ser distrações, brisas, brincadeiras para o ouvinte menos clubber. Mas é, direito e reto, um dos melhores experimentos eletrônicos do ano. De quebra, ele lançou também “Cara e coragem” com o compositor e MC Ôlirum. (Yuri da BS)

Hermeto Pascoal é cotidianamente obsessivo com música —ao mesmo tempo, não ouve suas gravações e, quase sempre, deixa o vento levar suas melodias. “Às vezes sinto-me cansado isto antes de começar compor”, ele diz. O projeto “Calendário do Som”, iniciado em 1996, ganha mais um corpo em 2025 ao revelar como foi o mês de janeiro na cabeça do compositor e também pelas mãos do pianista Uaná Barreto. Hermeto encara a música como um assopro de Deus em sua mente e corpo e, por isso, o projeto passa a ser uma espécie de registro dessas conversas espirituais. (Yuri da BS)

“Caminhos Selvagens”, quinto e mais íntimo álbum de estúdio de Catto, é o registro que celebra 15 anos de carreira da cantora em 2025. Produzido por ela, Fabio Pinczowski e Jojo Inácio, o disco mergulha em suas memórias e transformações pessoais com profundidade. Com influências do rock dos anos 1990, arranjos elaborados e vocais intensos, Catto compôs todas as faixas, exceto a melodia da faixa-título, assinada por César Lacerda. Segundo a artista, o álbum é sua obra-prima: visceral, melancólico, espiritual e feminino. (Isabela Pacilio)

O projeto dá continuidade à mixtape “Caro Vapor / Vida e Veneno de Don L” (2013) e amplia o diálogo do rapper com outras sonoridades do Sul Global — tema central do trabalho. Com 15 faixas, o álbum mistura rap com ritmos brasileiros e faz referências à MPB. A obra também aborda temas como o capitalismo tardio. Entre as participações estão Fernando Catatau, Alice Caymmi, Alt Niss, Anelis Assumpção, Giovani Cidreira e Luiza Lian. (Guilherme Rocha)

Em “Carranca”, Urias apresenta um álbum de estética densa e discurso afirmativo, que mistura pop e eletrônico com referências brasileiras. As faixas abordam identidade e resistência, reforçando a força conceitual do trabalho e a posição da artista na cena pop contemporânea. (Redação)

O disco mistura  forró com MPB e traz releituras de clássicos da música nordestina, como “Sabiá”, “Dona da Minha Cabeça” e “A Natureza das Coisas”. A cantora também apresenta um single autoral, chamado “Proibido Notícia”, uma parceria com Dorgival Dantas. Depois de dar play, será inevitável dançar. (Redação)

Nascida em Taiobeiras, Minas Gerais, Marina Sena surgiu na cena da música brasileira de forma explosiva, com o sucesso de “Por Supuesto”. Para quem dizia que ela poderia se tornar uma daquelas one hit wonders, ela tem provado cada vez mais o contrário — especialmente em “Coisas Naturais”, seu terceiro álbum. Uma voz mais madura, letras gostosinhas para mandar pro crush e batidas interessantes, daquelas que não dá pra ficar parado. (Bruna Calazans)

Depois de ganhar os charts da Billboard Brasil com “Bençãos Que Não Tem Fim” e até um destaque no Prêmio Multishow, Isadora Pompeo precisou se isolar um pouco do mundo para se reconectar com a própria fé. Deste período surgiu “Dependente de Deus”, projeto audiovisual gravado em Alagoas, diante de um cenário paradisíaco. Assim como em outros trabalhos, a cantora gospel trouxe letras sensíveis, em que fala sobre problemas reais e como a fé te ajuda a vencer obstáculos. (Bruna Calazans)

Segundo o filho pródigo da Cidade de Deus, Abebe Bikila (nome de batismo de BK’), “DLRE” é um autorretrato que coloca o dedo em suas próprias feridas. Porém, ele faz isso homenageando seus mestres. Profundamente brasileiro, o álbum, com suas 16 faixas, conecta as identidades do país por meio de vozes como Luedji Luna, Luciana Mello, Borges e Evinha. E vai além dos samples de Djavan, Milton Nascimento e Trio Mocotó. Conta também com Pretinho da Serrinha, Fye, o suingue black de Melly, o groove melódico da Fat Family e o trap do MC Maneirinho. O curta-metragem homônimo foi gravado na Etiópia e é um lindo tratado sobre desprendimento e determinação. Assista aqui. Com BK’, o rap veste a verdadeira camiseta da seleção brasileira — com orgulho da face moderna e ancestral negra. Sim, temos um clássico do rap nascido em 2025. (Alexandre de Melo)

Este é o segundo trabalho da baiana Rachel Reis, em que ela traz uma mistura de pagodão, arrocha, MPB, samba e jazz — tudo bem selado pela voz sedosa da cantora de 28 anos. Para engrossar o caldo, ela convidou BaianaSystem, Don L, Nêssa, Rincon Sapiência e Psirico para parcerias autorais que mantêm a régua do seu repertório lá em cima. (Bruna Calazans)

Nos anos 1990, o É O Tchan lançava um som que, segundo o grupo, era a mistura do Brasil com o Egito. Em 2025, Mu540 & Kyan apresentam em “DOIS Quebrada Inteligente” uma fusão entre os Estados Unidos e o Brasil — mas com um pé na quebrada. O álbum combina referências da música eletrônica gringa (como a house de Chicago, o bass de Miami e o trap de Atlanta) com o funk brasileiro e seus múltiplos sotaques. Neste projeto, dois dos nomes mais estrelados da cena paulistana trazem o mandelão — estilo consagrado nos bailes de SP — com o molho do trap e da club music. O gênero trap ganha ainda mais força no disco com participações ilustres, como Veigh, Djonga, KayBlack e Triz. (Claudia Assef)

“Dominguinho” é um abraço em forma de som, uma tarde ensolarada que se estende em doze faixas gravadas no Sítio Histórico de Olinda (PE). João Gomes, Jota.pê e Mestrinho entregaram um álbum que transpira cumplicidade, brasilidade e leveza. A sanfona de Mestrinho dança com os violões de aço de Jota.pê e Vanutti, enquanto a percussão inventiva de Gilú Amaral cria um clima de roda entre amigos. A voz grave de João marca como um contrabaixo e se soma com harmonia aos outros timbres: Jota.pê, com sua suavidade aveludada; Mestrinho, com um calor que vem do folk e do forró. Entre inéditas e releituras — como o medley “Mete Um Block Nele / Ela Tem” e a delicada versão de “Pontes Indestrutíveis” — o álbum equilibra suavidade e força. Em “Flor”, composição de Mestrinho, o disco encontra seu momento mais terno. “Dominguinho” é um respiro: feito para ouvir sem pressa, sentir com o corpo inteiro e deixar a música fazer morada. (Lígia Hipólito)

“Eita” marca o retorno de Lenine ao estúdio com um conjunto de faixas inéditas com participações especiais de Arnaldo Antunes, Carlos Posada, Dudu Falcão, Família Bongar, Gabriel Ventura, Lula Queiroga, Maria Bethânia, Maria Gadú, Siba

O álbum tem um tom  pessoal. Um dos destaques, que já pode ser considerado um hit, é “Meu Xamego, canção dedicada à esposa, que funciona como gesto de afeto e celebração da vida a dois. A tradição nordestina aparece como eixo central, especialmente na faixa ligada ao universo do boi, evocando rituais, memória e ancestralidade.Musicalmente, Lenine combina violões rítmicos, percussões orgânicas e texturas contemporâneas, criando um som ao mesmo tempo artesanal e atual. O disco reafirma sua relevância na música brasileira ao unir intimidade, experimentação e raízes culturais em uma obra madura e significativa. (Alexandre de Melo)

O disco presta homenagem a obra do grupo Racionais MCs, mais especificamente “Cores & Valores”, álbum de 2014 do grupo. O álbum foi gestado em um período focado na vida doméstica, absorvendo os sons da natureza e do cotidiano ao longo das faixas. O projeto inclui as vozes de sua mãe, Dona Jacira, que faleceu em julho deste ano, e de suas filhas, Estela e Teresa.

Apostando em explorar diversos ritmos e colaborações, Anitta lançou músicas inéditas para o novo “Ensaios da Anitta”. A cantora mescla funk, forró, pop e tecnomelody em 6 novas faixas, que integram a primeira parte lançada ano passado. Ela se juntou a outros 10 nomes da música brasileira, dentre eles Pabllo Vittar, Marina Sena, Felipe Amorim e Priscilla Sena. O disco deve embalar o carnaval, e sintetiza tudo aquilo que um fã espera para curtir a maior festa do país.(Rafael Flosi)

Se depender de Matheus e Kauan, o romance nunca vai morrer. A dupla sertaneja, que é uma das mais ouvidas do Brasil, está celebrando 15 anos de carreira neste ano com mais um projeto que rapidamente ganhou o coração dos fãs. “Envolvente” tem a participação de nomes como Ana Castela e Felipe e Rodrigo, com letras inéditas e perfeitas para mandar como indireta para aquele ex. (Bruna Calazans)

Firmes à origem folk que norteou sua formação em 2002, o Vanguart chegou ao sétimo álbum de estúdio contando apenas com Hélio Flanders e Reginaldo Lincoln da formação que consagrou a banda. A dupla mantém a essência do grupo nesta obra marcada pela poética sempre presente na discografia dos mato-grossenses e por uma atmosfera moderna, onde a valorização dos arranjos vocais se destaca. O disco mostra que, após tanta estrada, a banda ainda tem muito a tocar e cantar.(Lucas Vieira)

 

Em “Eu Venci o Mundo”, Veigh mergulha em um trap introspectivo e espiritual, com 16 faixas sem participações. O álbum equilibra vivências da rua e reflexões sobre fama, fé e identidade. Com produção de Timbaland em uma das faixas e sample de “Ayo Technology”, o disco marca uma nova era em sua carreira, com sonoridade mais madura e visual sofisticado. Destaque para o clipe de “Filho da Promessa”, lançado junto ao álbum.  (Guilherme Lucio da Rocha)

“Fim do Mundo”, do trio carioca Menores Atos, é uma explosão emocional de rock alternativo que traz letras intensas sobre ansiedade, esgotamento e esperança. O disco explora sonoridades novas na discografia da banda, como os ritmos eletrônicos em “Nem choro, Nem festa” e “Furacão”. O rock brasileiro está vivíssimo. (Isabela Pacilio)

Márcia Fellipe lança o projeto “Forró e Mulher”, projeto que celebra o protagonismo feminino no forró. Gravado em Fortaleza com participações de Samyra Show, Taty Girl, Walkyria Santos e mais, o álbum reúne regravações marcantes em clima intimista. Destaque para a faixa “Essa Paixão Virou Chiclete”, com Yara Tchê. Apresentado por Gkay, o lançamento reforça a força das mulheres no ritmo nordestino (Guilherme Lucio da Rocha).

O disco foi gravado durante a temporada de shows de Xand no São João de 2024, incluindo momentos icônicos como sua performance explosiva no São João de Campina Grande. Ele promoveu um verdadeiro passeio por grandes momentos do forró, com direito a homenagem para nomes como Mastruz com Leite, Luiz Gonzaga e Flávio José. Uma verdadeira junção das raízes com o moderno, característica cada vez mais presente na carreira de Xand.

“Fragmentado” é uma grata surpresa vinda de um dos nomes mais famosos do rap no mainstream brasileiro. “Grata” porque a cena se repete como nunca e “surpresa” porque nem o mais otimista fã de rapper esperava que Xamã fosse um dos responsáveis por um grande álbum do gênero em 2025. Mas sabendo que era fácil, o carioca foi lá e fez. É, claro, tem uma meiota ali no longo álbum de mais de uma hora que faz você lembrar como anda o marasmo do rap nacional. Mas, tirando esse miolo, o álbum é instigante. De quebra, fez Flora Matos ter mais um hit em sua carreira, o excelente “Aeromoça”. (Yuri da BS)

O que seria da vida sem uma sucessão infinita de gambiarras? Quase nada. É com essa energia de aceitar (e subverter) o destino que as Irmãs de Pau criam o irreverente “Gambiarra Chic”. Sem papas na língua e sem medo de dizer a real, o álbum celebra a ascensão da dupla que conquistou a cena underground com “Shambaralai”, enfrentando a transfobia do mercado. Ao lado delas, somam forças nomes como Ebony, Ventura Profana e Duquesa. (Bruna Calazans)

Em comemoração aos 50 anos de trajetória, o mestre Djavan trouxe um disco sobre o amor e a existência, que transita do pop-jazz ao samba. Esse som hibrido do compositor alagoano é reconhecível e único ao mesmo tempo. No trabalho, Djavan presta tributos a Gal Costa e Michael Jackson. A faixa “Pra Sempre” foi composta originalmente para o rei do pop no final da década de 1980, a pedido do produtor Quincy Jones, mas a parceria não se concretizou na época.

O disco conta com 15 faixas que passeiam por música eletrônica, funk, tecnobrega e rock, a essência do trabalho, que conta com a participação do Black Pantera. Realista, mas não derrotista, o disco apresenta tons teatrais em músicas como “A Gente Vive Menos Que uma Sacola Plástica”. (Redação)

“KM2”, terceiro disco da rapper carioca Ebony, mostra o poder da canetada autobiográfica dessa artista que se diferencia justamente pelo consciência social transformada em ótimas rimas. Com beats de Larinhx, produtora musical que tem chamado a atenção do rap ao funk nos últimos anos, o álbum vai do trap ao hip hop clássico e já rendeu novos hits a Ebony, como “Extraordinária”, “Gin com Suco de Laranja” e “Kia” (uma das rimas mais afiadas do rap nacional em 2025). Em dezembro, Ebony chamou reverberou na internet com o discurso que fez ao receber no WME Awards o prêmio de artista revelação de 2025 e soltou: “A indústria é traiçoeira com mulheres negras”. Assim como as cacetadas que soltou em “KM2”, a fala da rapper na premiação foi cirúrgica. (Claudia Assef)

O ano de 2025 foi marcado por um show lindo e intenso de Chico Chico e Nando Reis. Mas não foi a única boa notícia do artista vascaino. O filho de Cássia Eller lançou o terceiro álbum: visceral e bilíngue. O trabalho reflete sua jornada pessoal de sobriedade e reinvenção musical. O disco explora dores, afetos e processos de reconstrução ao misturar rock e ritmos brasileiros. Faixas como “Tanto Pra Dizer” e “Two Mother’s Blues” aparecem ao lado de releituras de Zé Ramalho e Bob Dylan. O resultado é uma obra autoral e grandiosa sobre acender uma nova chama na vida.(Alexandre de Melo)

Celebrando dez anos de carreira, Cat Dealers lançou seu primeiro álbum em 2025. “Loop Theory” carrega o conceito de que vivemos numa alternância contínua de fases: situações que se repetem o tempo todo, mas de maneira diferente. Com sonoridade enérgica, as dez faixas deixam claro que a vontade de se jogar na pista de dança é atemporal. (Vitória Zane)

 Luan Santana é um dos nomes mais longevos da música sertaneja no estilo universitário, que ganhou as rádios de todo o país nos anos 2000. O cantor já fez de tudo um pouco e, em uma conversa com a Billboard Brasil nos bastidores da Festa do Peão de Barretos, em 2024, disse que só faltava “ir pra lua”. Foi inspirado nesse pensamento que lançou o disco “Luan Santana Ao Vivo na Lua”, com um cenário criado especialmente para o projeto e músicas que traduzem a essência que fez com que seu nome se tornasse tão forte: letras românticas, sensuais e que rapidamente grudam na cabeça. (Bruna Calazans)

 Zé Neto e Cristiano estão na estrada há 10 anos, com uma trajetória de sucesso e muitos, mas muitos hits. Para comemorar, lançaram o acústico “Magia das Estrelas”, com um clima mais intimista e pessoal. O nome do projeto é uma homenagem à primeira música que fizeram juntos, quando tudo ainda era um sonho distante. O grande destaque é “Escondendo o Ouro”, uma romântica de rasgar o coração. (Bruna Calazans)

O álbum marca a estreia como disco de estúdio de TETO. As 11 faixas misturam trap com influências de afrobeat, MPB e R&B, explorando sua evolução artística e liberdade criativa. Na semana de lançamento, o trabalho entrou no  top 10 global do Spotify. (Redação)

No álbum, Léo Foguete apresenta um repertório centrado em experiências pessoais e emoções cotidianas. As canções apostam em uma linguagem direta e em melodias pop, destacando temas como relacionamentos, amadurecimento e identidade artística, em um trabalho que consolida a proposta do cantor no cenário musical atual. (Redação)

A banda feminina de hard rock melódico é atualmente formada por Indira Castilho (voz), Bruna Tsuruda (guitarra), Juliana Salgado (bateria) e Rafaela Reoli (baixo). O disco mostra mais maturidade abordando temas de identidade e reflexões emocionais com  letras em português e inglês.

 Quando a dupla Henrique e Juliano lançou a primeira versão do “Manifesto Musical”, em 2022, eles cravaram seu nome como um dos principais nomes do sertanejo. Agora, ao lançarem a segunda versão do projeto, deixaram isso ainda mais claro. Inspirados por histórias de coração partido e vontades de viver um novo amor, eles criaram uma seleção de músicas que se transformaram em hits atemporais rapidamente, daquelas que os fãs reclamam se eles não cantam. (Bruna Calazans)

 

Cantora, compositora, atriz, baixista e diretora criativa, Julia Mestre viveu grandes momentos em 2025 graças ao seu terceiro disco, “Maravilhosamente Bem”, lançado em maio. Indicado ao Grammy Latino nas categorias Melhor Álbum de Pop Contemporâneo e o Melhor Canção em Língua Portuguesa, o álbum é uma celebração aos anos de ouro do pop nacional, com Rita Lee encabeçando a lista de referências – conexão nada velada de Julia. Vencedora de um Grammy em 2022 com sua banda, Bala Desejo, Julia voltou à premiação em 2025 para um show solo que deixou quem não a conhecia atiçado com sua presença de palco e voz aveludada. “Maravilhosamente Bem” é a radiografia de um momento numa nice de uma das grandes artistas da nova MPB brasileira. (Claudia Assef)

 Seu Mateus disse que o álbum que carrega seu nome foi o mais confortável de se fazer. Em movimentos sinfônicos — muitos deles ultrapassando 10 minutos de duração — conduzidos pelo produtor Tadeu Mascarenhas e pela poeta, cineasta e também produtora Tenille Bezerra, o compositor navega em suítes que mais parecem as águas do Rio Paraguaçu — líquido amniótico que fez surgir a música de Aleluia e que conecta sua Cachoeira, na Bahia, aos melhores lançamentos de 2025. (Yuri da BS)

 Produtor musical das estrelas, beatmaker visionário e fundador do selo Papatunes, Papatinho não só molda hits para nomes como Anitta, Seu Jorge, Marcelo D2, Xamã, Marília Mendonça e Péricles, como também constrói uma carreira solo onde pesquisa musical, técnica e bom gosto se fundem com maestria. A prova definitiva? Seu álbum autoral “MPC” (Música Popular Carioca), um tributo ao funk dos anos 1990 que dispensa algoritmos e modismos — a essência é humana, e o resultado, genial. Com 11 faixas e um line-up digno de festival (de TZ da Coronel a Anitta, passando por Kevin O Chris, Xamã, MC Carol, Furacão 2000, Fernanda Abreu e MC Cabelinho), o disco é uma viagem no tempo que resgata a batida crua dos bailes, mas com a precisão de quem domina o presente. O detalhe que eleva a obra à categoria de experiência: o lançamento foi orquestrado como um falso programa de auditório dos anos 1990, com apresentador histriônico (o ótimo Paulinho Serra), dançarinas, plateia e os próprios artistas recebidos no palco — todos vestidos a caráter, em sintonia com a nostalgia do projeto. Papatinho não brinca em serviço. (Claudia Assef)

 A banda paulistana de rock alternativo Terno Rei celebrou os 15 anos de carreira com o seu quinto álbum de estúdio, “Nenhuma Estrela”. O disco conta com participação muito especial de Lô Borges (1952 — 2025) e produção de Gustavo Schirmer, que também assinou os dois trabalhos anteriores do grupo, “Violeta” (2019) e “Gêmeos” (2022). Mais noturno em som e letra, o álbum aborda o amadurecimento, mas também traz cor e esperança. (Yuri da BS)

Um disco cru, visceral, de rock’n’roll. Esse foi o pedido de Raquel ao convidar Moreno Veloso para produzir seu novo álbum. Missão dada, missão cumprida com primor. O álbum da ex-As Bahias e a Cozinha Mineira, que antes assinava como Raquel Virgínia, é visceral, forte e anestesiante como uma cachaça de jambu. Tem letras regadas à raiva que, segundo a cantora, foi a força que a fez lançar este disco, totalmente inspirado nas aspirações mais roqueiras de Gal Costa. Um álbum que entrega o feeling de ter sido gravado ao vivo, com todos os (ótimos) músicos juntos no estúdio. Ponto alto é a regravação de “Vidinha”, de Rita Lee, e “Carne dos Meus Versos”, composição de Raquel da época das Bahias. (Claudia Assef)

Álbum de estreia de Bad Luv, “Nós” estampa a união dos integrantes pela música e convida o público a fazer parte desse senso de coletividade presente no rock. As oito faixas mostram que mesmo com diferentes vivências, nenhuma experiência é individual. A conexão do público com a diversidade sonora e emocional da banda torna-se instantânea. (Vitória Zane)

A poesia concreta de Arnaldo Antunes tem muito coração para expor sua racionalidade. O estilo do ex-Titãs é velho conhecido, mas segue surpreendendo. Na faixa “Viu, mãe?”, por exemplo, a parceria com o gigante gentil Erasmo Carlos (1941 – 2022) gerou uma canção de gratidão pelo amor materno. A doçura perde espaço na preocupada e pessimista canção “Novo Mundo” que utiliza as palavras de Arnaldo e do rapper Vandal para sacudir nossa mente para a reflexão do mundo hostil de redes e telas. O contraste do álbum entre arranjos que misturam sons elétricos, eletrônicos e acústicos é muito bem pilotado na produção feita por Pupillo. O disco conta com a super banda formada por Kiko Dinucci (guitarra, violão e programações), Betão Aguiar (baixo) Vitor Araújo (piano e sintetizador) e as participações de Marisa Monte, Vandal, Ana Frango Elétrico e do norte-americano David Byrne, ex-Talking Heads. Para ouvidos sensíveis e contemporâneos, da-lhe Arnaldo. (Alexandre de Melo)

A frase que abre “Dharma” (“Eu quero que se foda, eu vou mudar meu cabelo”) não é apenas um verso; é um manifesto. E serve como cartão de visitas de AJULIACOSTA, a rapper, compositora e empresária mogiana que transformou nome e sobrenome em marca de resistência e atitude.

Com apenas 26 anos e um disco anterior na manga (“Aju”, 2022), ela chegou a Los Angeles em junho deste ano e saiu de lá com o BET Awards de Revelação Internacional nas mãos – segunda brasileira a conquistar o prêmio mais relevante da música preta global.

No segundo álbum, lançado em setembro, AJULIACOSTA mantém a fórmula que a consagrou: rimas inteligentes, humor cortante e uma autenticidade que ecoa como grito e espelho. Se antes ela anunciava a mudança do cabelo, agora anuncia uma nova era – e escreve, verso a verso, o que pode ser chamado de seu “Novo Testamento”. (Claudia Assef)

 Jeeh FDC é um dos maiores nomes do funk paulistano e do gênero em âmbito nacional. Por miopia dos grandes festivais e curadorias país adentro, ainda é um daqueles nomes super ouvidos mas pouco conhecidos por quem não é do funk. Em “VBT – O Funk Além do Sexo”, o DJ da Favela da Caixa segue na sua missão de mapear o gênero e se tornar um expoente que consegue não só catalogar, mas reeducar os ouvintes ávidos por aulas do produtor. O álbum traz expoentes como Livinho, Yuri Redcopa, DJ Arana e Marlon PH, mas a grande estrela —como sempre— é o produtor da Zona Norte. (Yuri da BS)

“Invariavelmente a perigo”, Joyce é especialista em transar consigo. Uma das maiores violonistas do pós-bossa nova, ela ainda é pouco reconhecida na música verdadeiramente popular —apesar de ser um ícone da MPB reconhecida pelas bandas até do Japão. Discreta como persona-artística, ela é exuberante em “O Mar é Mulher” —ao que pese a pouco inspirada capa do álbum. “Comigo” remete ao melhor da obra da cantora que tem discos ainda pouco conhecidos como a obra-prima “Saudade do Futuro”, de 1986, “Línguas e Amores”, de 1991” e, principalmente, “Visions Of Dawn”, dela com Naná Vasconcelos e Maurício Maestro. (Yuri da BS)

 Esse é o primeiro álbum da banda após a pandemia. Por isso, o disco celebra a volta dos encontros e dos abraços com as pessoas — e, também por isso, justifica-se o fato de ser inteiramente colaborativo. Não faltam participações muito especiais: Gilberto Gil, Pitty, Anitta, Antonio Carlos & Jocafi, Dino D’Santiago, Melly, Emicida, Seu Jorge, Orquestra Assinfônica, Manoel Cordeiro e a atriz Alice Carvalho. No novo caldeirão de músicas, há muito de autorreferência, especialmente aos álbuns “Duas Cidades” (2015) e “O Futuro Não Demora” (2019). Porém, desta vez, os hits têm alguns BPMs a menos. Misture tudo com dub, religiões de matriz africana, pitadas de bolero, ancestralidade, raggamuffin, crítica social, punk de roda, identidade, brega — e temos, sim, um baita disco. E mesmo usando um superlativo para defini-lo, há quem diga que queria mais de “O Mundo Dá Voltas”. Tudo bem. Aqui, a expectativa é alta mesmo. Não é surpresa a vitória no Grammy Latino 2025 na categoria de Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa. Afinal, o grupo soteropolitano une o melhor do Brasil. (Alexandre de Melo)

Negra Li, que iniciou sua carreira no grupo de rap RZO, chega aos 30 anos de trajetória entregando sua maturidade artística em “O Silêncio que Grita”, um álbum que evoca todas as suas vozes. Ao longo das faixas, suas rimas percorrem temas como identidade, resistência, espiritualidade e afetos, com lirismo e força. A musicalidade costura rap, R&B, reggae e elementos brasileiros de maneira única. O uso da voz é um destaque: versátil, Negra Li alterna entre o canto melódico e seu flow peculiar. As participações são pesadíssimas: Liniker em “Direito de Amar”, Gloria Groove em “Retrovisor” e Djonga em “Olha o Menino 2.0”. No mais, a cantora entrega um álbum coeso, maduro e necessário. É a afirmação de uma trajetória que segue pulsando, atual e relevante. (Lígia Hipólito)

Em seu quinto álbum solo, “Onda”, Rael mistura ritmos e reafirma a leveza conquistada desde “Capim-Cidreira” (2019). Com produção de Nave Beatz, o disco traz 14 faixas que passam por pagodão, R&B, soul, afrobeat e reggae. Os feats incluem nomes como Ludmilla, Ivete Sangalo, Marina Sena e Mano Brown. Mesmo com tantas colaborações, o rapper mantém a unidade ao celebrar o amor, o groove e a ancestralidade com sensibilidade e balanço. (Guilherme Rocha)

Quem ouve certamente entra em um transe hipnótico com a voz, a percussão corporal e o remelexo de violão únicos de Vanessa Moreno. Mas, desta vez, ela está acompanhada do suingue e da densidade ímpar das teclas de piano de Salomão Soares. Ambos convidam o ouvinte a experimentar um menu conhecido, porém com outros temperos. É o caso das novas roupagens de “Drão” (Gilberto Gil, 1982), “Chiclete com banana” (Gordurinha e Almira Castilho, 1958), “Sapato velho” (Mu Carvalho, Claudio Nucci e Paulinho Tapajós, 1978) e “Um dia, um adeus” (Guilherme Arantes, 1987). O sal nesses pratos é o improviso jazzístico, que às vezes convida para brincadeiras rítmicas e, às vezes, pede licença para mergulhar no profundo das harmonias ousadas. Chico César participa e dá a bênção para a recriação de sua “Béradero” (1991). (Alexandre de Melo)

Chegando de mansinho —mas sempre mostrando sua personalidade— Henry Freitas tem se tornado um dos grandes representantes do forró contemporâneo. Divertido, despojado e mirando as tendências, o cantor costuma incorporar outros gêneros dentro de seus trabalhos, algo que fica evidente em “Paralelos”. Ele trouxe nomes como Zé Vaqueiro, Lauana Prado e Léo Foguete para participações especiais em uma mega produção. É daqueles discos pra colocar na caixa de som, aumentar o volume e curtir um dia de sol. (Bruna Calazans)

Entre referências do pop dos anos 2000 e arranjos com frescor tropical, Alulu Paranhos voltou. Violão, percussão e sons eletrônicos se encontram com a voz doce e envolvente que é marca de sua obra. O canto se destaca junto às letras confessionais que mostram o amadurecimento da artista desde seu último trabalho, versando sobre temas como amor, impermanência, e fé nas descobertas. Este é, até agora, o trabalho mais interessante lançado pela cantora, cujo potencial mostra que o melhor ainda está por vir – põe. (Lucas Vieira)

Trata-se de um trabalho intenso e plural, que investiga tanto a fome concreta de suas raízes quanto o desejo simbólico de crescimento e descoberta interior. A obra combina comentário social, espiritualidade de matriz afro-brasileira, exposição emocional e um senso de vitória, tudo sustentado por uma produção sofisticada e colaborações emblemáticas de Milton Nascimento e Samuel Rosa. (Redacão)

 Zé Vaqueiro é um dos grandes expoentes do forró que, misturado com tudo o que vê pela frente, surgiu fazendo poeira levantar por bailões de piseiro e vaquejada. Como principal nome do escritório de Xand Avião, o cantor difere-se de João Gomes — seu principal aliado na retomada deste forró: abraça inspirações da música pop e do pop rock dos anos 1980. E, em “Que pancada de mulher”, temos: forrozão, bregaço, piseirão, caixa com reverb, saxofone distorcido e tudo o que se pode ter. (Yuri da BS)

 

O “Rock Doido” é um dos melhores álbuns lançados no Brasil em 2025. Sim. Mas é também um movimento de música de eletrônica feita no Pará, mais precisamente nas periferias de Belém e que a genial Gaby Amarantos embalou para o resto do país – e para o mundo – com todo o seu carismo, swing, inteligência e poder de relações públicas, que ela tem exercido ao longo dos últimos 20 anos, divulgado a música originária do Pará. Seu trabalho tem dado certo e de uns tempos para cá, a música paraense tem recebido outro nível de atenção, especialmente de grandes festivais, como aconteceu no último The Town este ano. Lançado em agosto, “Rock Doido” é o quinto álbum de Gaby e foi catapultado em seu lançamento por um videoclipe-conceito filmado em plano sequência no bairro do Condor, periferia de Belém. A vibe do disco lembra um DJ set numa festa de aparelhagem: frenética, futurista, quente e costurada pelo tecnobrega e o carimbó do coração da amazônia. Uma viagem sinestésica de onde você estiver até o coração do Pará, sem escalas. (Claudia Assef)

 Depois dos aclamados volumes de “TAURUS”, Duquesa entregou um álbum de sete faixas que percorre a música preta, passando pelo rap, R&B, rock e house. “SIX” traz uma pluralidade de sonoridades que são o retrato das vivências da rapper, abordando sua ousadia e liberdade, sem ceder às pressões da indústria, e ainda denunciando as injustiças. (Vitória Zane)

Sob a direção musical de Alceu Maia, o “Sambabook Beth Carvalho” reúne 32 artistas, entre cantores e instrumentistas, para celebrar as canções da grande Madrinha do Samba. O projeto é uma verdadeira ode ao mais brasileiro dos ritmos, resgatando o legado de Beth Carvalho, conhecida por impulsionar uma geração de bambas. Um dos afilhados, o grupo Fundo de Quintal, em sua formação atual, participa com a faixa “Samba no Quintal”. O álbum ainda traz interpretações marcantes como: Péricles em “Fogo de Saudade”; Ferrugem em “Água de Chuva no Mar”; Leci Brandão em “Samba de Arerê”; Jorge Aragão em “Pedaço de Ilusão”. Idealizado e produzido pela Musickeria, o projeto Sambabook celebra grandes nomes da música brasileira. A edição dedicada a Beth Carvalho é a sexta da série, que inclui álbum, conteúdo audiovisual e turnê — uma releitura que reverbera o coração e a alma da música que ela nos deixou. (Lígia Hipólito)

“Serena & Vênus” é o primeiro álbum de estúdio completo das artistas, com 21 faixas que exploram a história de uma mulher no sistema prisional, com participações de Liniker, Bivolt, MC Marks. O título do álbum, “Serena & Vênus”, presta homenagem às irmãs tenistas negras Serena e Venus Williams, naturais de Compton, nos Estados Unidos. Mais do que compartilhar um sonho, elas se tornaram símbolos de inspiração e referência ao vencerem a escassez de recursos e a exigente disciplina imposta pelo pai.(Redação)

Gravado no icônico “Abbey Road”, em Londres, “Sorriso Eu Gosto No Pagode Vol. 3 – Homenagem Ao Fundo de Quintal (Gravado Ao Vivo)” homenageia o Fundo de Quintal, influência central na trajetória do Sorriso Maroto. O projeto marcou a estreia de um grupo de pagode no estúdio dos Beatles e é a terceira parte de uma série de tributos. Com reverência e sofisticação, o grupo celebra suas raízes no samba com arranjos renovados e espírito de gratidão. (Guilherme Lucio da Rocha)

A multiartista baiana Ventura Profana já foi pastora — e, quando nessa condição, desafiou sua própria história ao se ver reinventando táticas que antes serviam para sobreviver e, com o amadurecimento da obra, passaram a falar também sobre usufruto e, inclusive, sobre usufruir. A catarse de seus shows, agora, está toda registrada em louvores neste “Todo Cuidado é Pouco”, seu melhor trabalho desde o EP “Traquejos Pentecostais Para Matar o Senhor”, de 2020. (Yuri da BS)

Ao sintetizar 17 anos de carreira no álbum “To Diy” lançado em sua própria gravadora, o DJ e produtor Albuquerque mostra a importância de “Do It Yourself”, em tradução, “Faça você Mesmo”, como mencionado no título. Essa independência serviu também para ele encontrar sua identidade, uma mistura entre deep house, indie dance, progressive e tech house. (Vitória Zane)

Gravado no famoso Parque do Ibirapuera, em São Paulo, Lauana Prado quis mostrar para o mundo sertanejo que é uma cantora muito além do hit viral. E conseguiu. Em um clima descontraído e com um time de gigantes ao seu lado, a cantora mostrou seu lado saidinho com letras sensuais, divertidas e românticas. Um dos destaques é a parceria com Nando Reis, cantor que ela descreve como uma de suas grandes inspirações na composição. (Bruna Calazans)

“Transespacial” marca uma fase de experimentação na trajetória de Fitti. O álbum investe em sonoridades eletrônicas e ambientações que criam um clima introspectivo e sensorial. A proposta é menos narrativa e mais atmosférica, com faixas que funcionam como paisagens sonoras e ampliam o espectro criativo do artista. (Redação)

Em “Universo de Paixão”, Natascha Falcão reúne canções que abordam o amor e suas diferentes camadas emocionais. O álbum dialoga com a música brasileira contemporânea, mesclando romantismo e intensidade interpretativa, e reforçando a identidade da artista ao unir tradição e linguagem atual. (Redação)

 A banda carioca Vera Fischer Era Clubber emerge como uma das revelações mais eletrizantes do underground nacional, conquistando plateias com performances ao vivo que transbordam energia e letras que grudam na memória. Misturando electro, punk e cold wave, com um pé no electroclash dos anos 2000, o grupo bebe de referências como NoPorn, Letrux e Cansei de Ser Sexy, mas cria uma identidade própria — ácida, divertida e visceral. No centro do furacão está Crystal, vocalista que comanda o palco com a presença de uma bandleader afrontosa. Entre spoken word e cadências que beiram o hipnótico, ela cospe letras que passeiam pela vida noturna, pelo cotidiano carioca (como em “Altinha”) e por homenagens à cultura pop — com a própria Vera Fischer servindo de musa inspiradora na faixa-título. Mais do que um projeto musical, a banda é um sopro de loucura necessária em tempos de produções excessivamente polidas. (Claudia Assef)

 Após atravessar um período desafiador, Hooker apresenta um trabalho que celebra a identidade, a cultura e a resiliência da América Latina. No disco temos samba, brega, forró, frevo e rock, com participações de Ney Matogrosso e Daniela Mercury. O artista transita por temas como paixão, política e renovação em uma sonoridade que conecta o popular ao elaborado, marcada por sua voz única. (Alexandre de Melo)

 Com nove faixas inéditas entre as 14 do repertório, “Vizinhança do Bigode” mostrou MC Negão Original em nova fase, reforçando sua identidade com letras sobre vivência periférica. Lançado após o sucesso global de “A Nata de Tudo”, o álbum trouxe feats com MC Ryan SP, Vulgo FK e MC Kelvinho. A estética inspirada no filme “A Vizinhança do Barulho” foi refletida também nos cinco clipes gravados em vila cenográfica criada para o projeto. (Guilherme Lucio da Rocha)

 Selvagens à Procura de Lei voltou aos palcos com nova formação e disco novo, “Y”. As 12 faixas relatam o que o vocalista, Gabriel Aragão, antecipou em comunicado à imprensa na época do lançamento em maio: “Depois de ter tomado a decisão de dar um tempo na banda, no ano passado, me recolhi das redes sociais e mergulhei fundo escrevendo música atrás de música. No início, era questão de sobrevivência: eu tinha que escrever aquelas músicas, colocar para fora o que eu estava sentindo, toda a minha dor”. Muito rock, guitarra, muita raiva e desabafos. Delícia de ouvir. Destaque para as faixas “Melhor Assim” e “Pessoas Invisíveis”. (Isabela Pacilio)

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.