Vídeo de boas-vindas e emoção no palco: como é participar do balé de Pedro Sampaio?
Bem além do Tiktok, Pedro e seus bailarinos contam sobre a importância da dança


Qual é a importância de um balé para a música atual? Claro, estamos vivendo a era do TikTok, e a coreografia se tornou o carro-chefe de muitos sucessos da atualidade. No entanto, a possibilidade de ter outros artistas como fontes de criatividade e afeto na estrada podem mudar a vida da estrela principal e, é claro, vice-versa. Esse é o caso de Pedro Sampaio e seus dançarinos atualmente.
Em 2021, o cantor tinha quatro bailarinas além dele, que também entravam na dança. No entanto, a importância das coreografias dos shows foi crescendo e a necessidade de expandir o time também.
No início deste ano, o cantor embarcou em uma jornada para compor o seu primeiro balé, aventura esta que até cruzou os oceanos, literalmente. “Fizemos uma grande audição, foram mais de 3.500 inscritos, com pessoas até de Portugal. Foram 16 escolhidos por mim e minha coreógrafa Bella Fernandes“, conta para a Billboard Brasil. “Montamos dois balés de oito pessoas, entre homens e mulheres, para atender o volume de shows. Para videoclipes, premiações e shows maiores, como o Lollapalooza, vamos com o elenco completo.”
Dançar ao lado de Pedro, um dos nomes mais populares da música pop brasileira, já pode ser considerado um privilégio para várias pessoas, mas ele fez questão de deixar o momento de recepção dos bailarinos ainda mais descontraído. “Fizemos um vídeo de boas vindas [risos] Eu gosto de me aproximar dos meus dançarinos desde o início, já criando uma conexão legal, sabe? Quero que se sintam parte do time mesmo”, conta.
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Os testes e a estrada
Um dos convocados foi Junior Ollier, de 28 anos. O profissional, que dança desde os sete anos de idade, passou quase dez anos em turnê com a Banda Uó, jornada que ele considera sua faculdade no mundo da coreografia. Depois da experiência e, hoje, com mais de uma década de estrada, já passou pelos palcos de nomes como Luísa Sonza e Manu Gavassi até chegar em Pedro.
“Foram dois dias intensos de audição com dinâmicas diferentes para que a gente pudesse entender como seria de fato a vivência em estrada com ele, disseram que não era apenas coreografia, precisaríamos ter muita criatividade e consciência de trabalho em grupo porque na estrada poderiam acontecer coisas que precisam de ajustes de última hora, e tínhamos que estar preparados para isso”, recorda. “No último dia, o Pedro estava presente para participar da escolha de cada bailarino. Ele foi super receptivo e deixou o clima mais descontraído do que uma audição costuma ser.”
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Os testes foram uma prévia da atmosfera que ele encontraria na estrada. “O Pedro é um artista muito envolvido com todas as áreas relacionadas ao show dele. Ele sabe tudo o que vai acontecer no palco, o telão, o tempo do fogo, cada hora do balé, entradas e saídas, tudo. Eu fiquei impressionado como ele opina, mas sempre respeita a visão do profissional que ele contratou, confiando em seu time”, conta.
Mesmo com a entrada recente de Júnior na equipe, as aventuras ao lado do DJ já renderam histórias emocionantes. “O show em Lisboa foi marcante para todos presentes, a casa estava cheia, era um evento só do Pedro. Sempre no final do show ele faz um discurso para a plateia e nesse dia ele indiretamente falou não só com a plateia sobre realização de sonhos, mas com todos do elenco que estavam ali em um palco imenso, realizando seus sonhos, com um artista imenso fora do país. Com certeza é o sonho de muitos, conseguir realizar seus sonhos através da nossa arte, o que é algo tão difícil no Brasil”, relembrou.
Por trás das ‘dancinhas’
A história no balé do cantor também foi marcante para Bella Fernandes, atual coreógrafa de Pedro, e que tem a dança como paixão desde os onze anos de idade em um projeto social da escola pública que estudava. “O meu primeiro trabalho com o Pedro foi no MTV Miaw, na época ainda estávamos naquele momento saindo da pandemia”, conta.
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“Com o tempo, Pedro e eu criamos naturalmente uma relação de muita confiança, rolou uma intimidade natural entre a gente, teve uma química. Eventualmente, o produtor do Pedro, me chamou para assumir o balé como coreógrafa, porque eu já estava cumprindo o papel de ‘dance captain’, que a gente chama, que não é a coreógrafa mas, é uma pessoa que fica na liderança do elenco”, Bella conta. “Sou eu que treino as coreografias, administro as coisas na estrada. Na virada para janeiro do ano passado eu assumi o balé do Pedro.”
Apesar de ressaltar como a equipe do cantor tem um diferencial de tratar o balé e a equipe de maneira cuidadosa e dedicada, Bella sabe, através de sua experiência, que essa não é a realidade de muitos dançarinos no Brasil, e chama atenção para a questão. “Sempre caímos em problemas muito graves, como remunerações que não são justas, e que podem demorar mais dos 30 dias prometidos. As condições de trabalho são complicadas, como ensaiar em lugares insalubres, trabalhar várias horas sem ter uma alimentação devida. Os dançarinos estão na base da pirâmide dos valores”, desabafa. “Existe também o novo momento da indústria com as ‘dancinhas’ que viralizam. Quando você cobra o valor para montar uma coreografia, isso é questionado, porque ‘qualquer um’ pode montar uma dança que vire sucesso. Estamos tendo que se readaptar para não perder esse espaço.”