Tudo o que já sabemos sobre o documentário de Dennis DJ
Com exclusividade, conversamos com o produtor e o diretor Oscar Rodrigues Alves
“Dennis, o brabo!”, é a frase usada uma marca registrada nos inúmeros sucessos de Dennison de Lima Gomes, mais conhecido como Dennis DJ. Aos 43 anos, e com 27 de carreira, o DJ e produtor não foge de tal título. Embalando as batidas de clássicos do funk, o carioca foi um dos principais responsáveis para aproximar o gênero ao mainstream, ficando conhecido nacionalmente.
Mas além dos plays, qual é a história de vida do DJ? Afinal, como ele chegou até aqui? É isso que o documentário “Dennis: Eu Vim Para Sacudir o Baile” [nome provisório da produção] que tem previsão de estreia no começo de 2024, irá contar. O longa foi feito pela Nuclear, produtora do diretor Oscar Rodrigues Alves, com roteiro do jornalista Silvio Essinger.
Conversamos com Dennis e Oscar sobre o processo do documentário, e o que o público pode esperar da produção. Leia abaixo!
Batidões iniciais
“Eu sempre tive muitos sonhos, um deles sempre foi contar a minha história”, Dennis conta em entrevista a Billboard Brasil. “Quando se trata de música urbana, de artistas que vieram de comunidade, a realidade é a outra [de outras pessoas que trabalham com música]. Muitas vezes temos vontade, mas não condições financeiras de nos aprimorar.” Com as aulas de violão e a guitarra fora de questão, o jeito foi se dedicar ao vinil. Aos 16 anos, realizou um de seus primeiros sonhos: ser contratado pela Furacão 2000.
Mas sua jornada, de longe, não foi individual. Por isso mesmo, Dennis não poderia mostrar apenas a sua história. Para isso, no ano de 2020, convocou Oscar, diretor de documentários como “Titãs – A Vida Até Parece uma Festa”, de 2008, e do longa “The groove under the groove, the sounds of Paulinho da Costa”, ainda em produção.
“Quando entrei em contato com Oscar, falei que queria muito fazer um documentário, mas que não cheguei aqui sozinho. Eu fui influenciado por muitos MC’s, DJs, e produtores. Queria ser igual eles, só conseguia pensar em funk”, conta.
Após o contato inicial com Dennis, Oscar quis encontrar o produtor pessoalmente e, em suas palavras, olhar nos olhos dele. “Ainda era período de pandemia, e ainda tinha muito protocolo, mas eu fiz questão. Quando eu entro um documentário, eu fico anos dentro. Eu levo realmente muito a sério”, conta.
A partir disso, o diretor fez todas as perguntas para começar o processo de realização do projeto, e escolheram Silvio para o roteiro, por sua realização do livro “Batidão – Uma História do Funk”.
A imersão no paredão
Oscar e Silvio decidiram entrevistar o maior número de pessoas, e concentraram as gravações na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Segundo o diretor, foram cerca de 80 pessoas entrevistadas para a produção. Entre os convidados, estavam Anitta, Valesca Popozuda, DJ Marlboro, e MC Marcinho, que morreu em agosto deste ano.
Para o diretor, um dos momentos mais emocionantes da produção é o relato de MC Serginho a respeito da lendária Lacraia. “Emocionou a mim e a toda equipe que estava presente”, conta.
O documentário também retrata bastante a cidade de Duque de Caxias, e levaram Dennis de volta para a casa que ele nasceu. “Foi ali que eu descobri o funk, a Furacão 2000”, conta. “Aquela casa era dos meus avós, e desde que eles morreram, eu nunca havia voltado. Fazem cerca de 21 anos (…) Pude ver a minha mãe [dando entrevista], e perceber que estava certo. Eu mudei a vida dela, dos meus irmãos, de toda a minha família. Me emociono falando disso agora até. (… ) Não sei se eu teria a coragem que minha mãe teve, ela confiou em mim”, conta. “Eu tinha tudo para dar errado, mas escolhi o caminho do trabalho.”
O processo de imersão na vida de Dennis realizado durante o documentário foi intenso. “Graças a Deus eu faço terapia”, admitiu aos risos. “A vida é tão corrida. Tem filho, ai tem que cuidar, trabalho, viagem. Então quando você tem que parar e contar toda a sua história, é uma sessão de terapia mega ultra power [risos]. Eu tinha várias sensações, boas e ruins.”
Depois desse processo, e com o filme pronto para ser lançado, Dennis segue refletindo sobre seu percurso até aqui, e garante: “Deus é muito generoso comigo, mas eu sei o quanto eu trabalho. Só hoje eu já masterizei duas músicas, e fiquei de madrugada produzindo outra. Não é por grana ou status. Isso aqui é a minha vida. É o que eu amo fazer”, diz.