‘Something Beautiful’, de Miley Cyrus: veja o ranking das faixas da Billboard
O nono álbum da cantora é um banquete visual e sonoro


Classificar as músicas de um álbum visual pode ser um pouco como classificar cenas de um filme — e, no entanto, as favoritas sempre surgem. A cena que te faz chorar, a que motiva e inspira, ou a que resgata o poder. Com “Something Beautiful”, o ambicioso e glamoroso nono álbum da superestrela Miley Cyrus, ela nos dá tudo isso — e muito mais.
Ao longo das 13 faixas do álbum, incluindo um prelúdio e dois interlúdios, Cyrus consegue entregar seu álbum mais cru até agora. Ela detalha abertamente a ginástica mental que acompanha o fim de um relacionamento, o desejo de ser amada e sua própria capacidade de dar amor. Tudo está em jogo, e o resultado é um retrato claro de uma artista que se dedicou — e emergiu em seu auge.
A cantora será a primeira a dizer que só chegou a este momento graças a uma vida pública de altos e baixos — mas, como este projeto prova, há beleza em tudo isso. Ela também só chegou a este momento graças a se conhecer bem o suficiente para colocar seus próprios desejos e necessidades em primeiro lugar.
O álbum será seguido por um curta-metragem de mesmo nome. Após estrear no Festival de Cinema de Tribeca, “Something Beautiful” será exibido em uma única noite nos cinemas norte-americanos em 12 de junho e internacionalmente em 27 de junho – incluindo o Brasil.
E embora essas 13 faixas, como um todo, sejam o que criam “Something Beautiful”, você pode encontrar o ranking da Billboard das músicas que compuseram a trilha sonora da própria metamorfose de Miley abaixo.
13. “Interlude 2”
Sem uma única palavra, o segundo interlúdio do álbum parece dizer: “Chega disso”. Servindo como o ponto médio do projeto, ele sinaliza uma mudança em direção ao que está por vir: batidas mais fortes, bolas mais fortes e, finalmente, um suspiro de alívio que marca o fim de uma era de significativo crescimento pessoal. E, realmente, o que é mais bonito do que isso?
12. “Interlude 1”
O que começa como um interlúdio rastejante rapidamente se transforma no que parece ser uma cena de perseguição a pé, tarde da noite. O fato de esse trecho instrumental de 14 segundos estar posicionado entre “More to Lose” e “Easy Lover” não é coincidência – após cantar sobre o fim de um relacionamento e compartilhar reflexões posteriores, esse tempo parado no meio pode ser comparado a uma mente acelerada, tentando escapar dos próprios pensamentos – e, no caso de uma superestrela como Cyrus, dos pensamentos de todos os outros também.
11. “Prelude”
Essa abertura, em sua maioria falada, transita de uma introdução cintilante e deslumbrante para um ponto de entrada doloroso, quase sinistro. Miley atrai o ouvinte com a quantidade certa de intriga, suspense e, acima de tudo, confiança. “Como caminhar sozinha por um sonho lúcido”, ela diz lentamente, enquanto a produção se desenvolve.
“A beleza que se encontra sozinho é uma prece que quer ser compartilhada”, ela diz mais tarde, destacando toda a missão deste projeto. Não é apenas uma jornada que cada ouvinte deve trilhar sozinho – formando suas próprias perspectivas, encontrando sua própria beleza refletida em uma cena ou música específica – mas é uma jornada que Miley teve que trilhar sozinha para chegar a este ponto. E agora, ela está compartilhando essa prece.
10. “Pretend You’re God”
Relembrando os dias que Miley passou trabalhando com o The Flaming Lips ou mesmo a inspiração que ela disse ter tirado de “The Wall”, do Pink Floyd (embora principalmente de sua adaptação para o cinema), “Pretend You’re God” é uma interrogação psicodélica lenta e intensa: “Você ainda me ama?”, Miley implora para saber.
“Eu preciso saber. Deixa pra lá, só fique quieto se não quiser… Eu preciso saber”, ela canta, oscilando entre querer a verdade e pensar que talvez seja melhor não dizer. À medida que a música continua, o tormento do desconhecido cobra seu preço, e as vozes em sua cabeça ficam mais altas e nebulosas. Ao final da música, não há uma resposta clara, e talvez seja esse o ponto; “Pretend You’re God” poderia muito bem ser um comentário sobre religião e fé, e a busca por respostas que não podem ser respondidas por ninguém mais.
9. “Reborn”
Uma continuação de “Every Girl”, há uma qualidade hipnótica, semelhante a um transe, em “Reborn” — talvez uma necessidade para o processo de matar o ego. Embora, ao mesmo tempo em que Miley sugere um renascimento, ela peça: “me dê todo o seu amor!” — colocando a eterna batalha do ego sob os holofotes. Mas se é isso que é preciso — todo o amor — para renascer, aqui soa como uma troca justa e digna.
No final da música, em uma das poucas vezes em que Miley usa a palavra “bela” fora da faixa-título, ela grita “você é tão linda” repetidamente, como se estivesse olhando diretamente para si mesma, recém-descoberta. Como ela disse em um evento de audição para fãs no início da semana: “O que é considerado bonito deve ser pessoal. Trata-se de pegar essas experiências e envolvê-las em lindas fitas e laços.”
8. “Give Me Love”
Há uma natureza mais leve e libertadora em “Give Me Love” – como se tudo existisse em perfeita harmonia do outro lado do renascimento que Miley canta em “Reborn”. Ou, como ela diz aqui, “uma vez que você supere o cinza”. Na metade da música, os vocais de Miley se harmonizam para formar o que pode ser melhor descrito como um coro de anjos, envolvendo o ouvinte exatamente naquilo que ela pede: amor.
E embora Miley tenha dito em seu evento de audição no início da semana que o que é considerado belo é pessoal, esta faixa de encerramento ressalta a única coisa com a qual podemos concordar universalmente: uma troca e um fluxo contínuos de amor.
7. “Walk of Fame”
Uma faixa disco-pop magnética e cheia de sintetizadores, “Walk of Fame” é um glorioso beijo de despedida que trilha sonora metaforicamente mostrando Miley se afastando daquilo que não lhe serve. Para onde ela está indo? Não importa; como ela diz, “toda vez que eu caminho, é a Calçada da Fama”.
Esta música – que conta com a participação de Brittany Howard, uma convidada que faz todo o sentido quando a ponte funky e elétrica entra em cena – serve como um manifesto para seguir em frente. Porque, se ainda não estava claro, “Something Beautiful” é sobre a jornada.
6. “Golden Burning Sun”
Esta música de quase cinco minutos de duração é indiscutivelmente a mais agridoce do álbum, com Miley se perguntando repetidamente: “Posso ter você, se eu nunca te decepcionar?”. No entanto, à medida que a música continua – e especialmente após o segundo interlúdio do álbum, que chega como um tapa na cara – ela levanta uma questão diferente: com quem ela está tentando fazer o certo?
“Renda-se”, ela canta mais tarde, “e eu nunca te decepcionarei”. E ali, ao que parece, ela está falando mais consigo mesma; renda-se a tentar agradar a qualquer outra pessoa, ela está dizendo. E, ao fazer isso, ela nunca pode se decepcionar. “Você é a única, sob o sol dourado e ardente”, ela canta.
5. “Something Beautiful”
A princípio, após o prelúdio estonteante, pode parecer que Miley vai levar os ouvintes para o seu mundo com esta música jazzística e comovente. Mas, pouco antes dos dois minutos, esse mundo é abalado por um estrondo distorcido e distorcido, enquanto seus vocais soam como se ela estivesse caindo em um poço e apresentando falhas ao mesmo tempo.
E é bem possível que tenha sido assim que ela se sentiu ao fazer este álbum, que narra a jornada que a trouxe até aqui. Como ecoa ao longo do projeto, há beleza em tudo – mesmo, ou talvez especialmente, em momentos de caos crescente.
4. “Every Girl You’ve Ever Loved”
“Every Girl You’ve Ever Loved” poderia ser uma prima distante de “Midnight Sky”, já que traz os mesmos vocais potentes de Miley. Mas aqui, as arestas mais ásperas do rock foram refinadas em uma faixa disco brilhante. Com a participação de ninguém menos que Naomi Campbell, seu papel é tanto de observadora quanto de companheira, enquanto ela estimula Miley (“Ela tem o perfume perfeito. Ela fala o francês perfeito”, afirma). Ao longo da segunda metade da faixa, Campbell repete uma instrução singular — “pose” — enquanto a produção gira e se transforma na trilha sonora perfeita para um concurso de moda fascinante.
3. “Easy Lover”
Enquadrada na categoria de música pop sensual, “Easy Lover” soaria perfeitamente em um clube de jazz escuro e nebuloso. Apesar de estar separada por um breve interlúdio, ela parece relacionada a “More to Lose”, só que mais influenciada pela raiva e aceitação do fim de um relacionamento do que pela tristeza repentina.
Como ela admite em “More to Lose”, Cyrus sabia que seu parceiro faria o que ela não conseguiu; e em “Easy Lover”, ela reforça, dizendo: “Amarre-me a cavalos e eu ainda não te deixaria”. Depois de ouvir várias vezes, o título da música assume um duplo sentido: enquanto Miley canta sobre alguém ser difícil de amar, ela detalha sua própria capacidade de amar apesar disso. A questão então se torna: ela ama com muita facilidade? Mais uma vez, o sentimento abrangente do álbum se destaca: Isso não pode ser lindo também?
2. “End of the World”
Para quem acompanha, Cyrus escreveu “End of the World” para sua mãe, Tish. É também uma das músicas que se moldaram enquanto ela trabalhava o álbum em shows privados para amigos e familiares no Chateau Marmont. Mas em sua forma atual, “End of the World” é um hino sublime que convida todos a cantarem junto o refrão de “oh ooh, oh ooh”. Para uma música que pede ao ouvinte para fingir que não é o fim do mundo, Cyrus consegue oferecer uma distração – e mesmo que dure apenas cerca de quatro minutos, a mensagem é eterna.
1. “More to Lose”
Enquanto Something Beautiful oferece glam rock energético ao lado de canções pop sensuais, “More to Lose” se destaca como a única balada – e, como todos sabem, as baladas de Cyrus nunca falham. Assim como em “The Climb” ou “Angels Like You”, sua destreza vocal e sua composição pungente se fundem nesta canção devastadora sobre um relacionamento chegando ao fim. “Eu sabia que um dia você faria o que eu não conseguia fazer”, ela canta.
No entanto, é o pré-refrão que se torna o mais grudento, quando ela declara com um toque de frustração consciente: “Você está parecendo uma estrela de cinema com um casaco surrado, então eu jogo fora meu orgulho. Acontece o tempo todo.” Há uma relação risível com o verso, no qual uma superestrela por si só pode ser influenciada tão facilmente quanto qualquer outra pessoa — provando o poder e o custo do amor. Mas mesmo assim, para todo o seu ponto, como é lindo ter amado e perdido.
[Esta lista foi traduzida da Billboard dos EUA. Leia a reportagem original aqui.]