Recife e Belém disputam no Congresso título de ‘berço do brega’
Belenenses contestam decisão da Comissão de Educação e Cultura do Senado
As cidades de Recife e Belém entraram em uma disputa no Congresso Nacional pelo título de “Capital Nacional do Brega”, que garante o reconhecimento como berço do ritmo. Artistas de ambos os estados estão se manifestando nas redes sociais sobre o tema.
A disputa ganhou força depois que a Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou um projeto de lei que deu o título a Recife. O senador e relator do projeto, Humberto Costa, deu destaque à relação da capital de Pernambuco com o gênero.
Segundo o político, Recife é uma cidade em que o brega, além de tudo, é uma “atividade econômica relevante”.
Vale lembrar que o brega foi uma manifestação cultural muito forte inclusive durante a ditadura militar, quando esse movimento falava para uma população importante, que era o das pessoas oprimidas socialmente. Foi uma forma de resistência, na qual temas que eram tabus eram abordados”, disse Humberto, em entrevista à Agência Senado.
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Belém discorda
A decisão não agradou os belenenses, que vieram a público para protestar contra a PL. O senador Beto Faro encaminhou um recurso ao Senado para que o projeto fosse avaliado pelo plenário. No documento, ele questiona os méritos de Recife para receber o título.
De acordo com o texto, o projeto vai contra a lei 14.959/2024, que estabelece os critérios mínimos para os títulos de Capital Nacional de algo. Entre eles é apresentada uma manifestação da Câmara Municipal que demonstra o apoio do município a homenagem e os seus possíveis benefícios para a cidade.
O parlamentar alega que não houve comprovação de consulta ou audiência pública para justificar a decisão. Faro ainda complementa dizendo que outros ritmos dominam Recife, e não o brega. “Não há equivalência com a identificação daquela capital como berço de grandes manifestações culturais, a exemplo do Frevo e do Maracatu”, argumenta.
O que é o brega
O brega surgiu em meados dos anos 1960, com letras românticas e ritmos que lembram o bolero. Com o tempo, foi ganhando diversas variantes regionais, como o tecnobrega —popularizado por todo o país por nomes como Joelma.
Em uma conversa para a capa da 8º edição da Billboard Brasil, Joelma refletiu sobre os preconceitos que enfrentou por conta do gênero: “Eu realmente sou [brega]. As pessoas achavam que era uma ofensa, mas para mim o brega é outra coisa. O [gênero] calipso, inclusive, é muito parecido com o rock. A única diferença é que a gente faz um rock dançante, falando de amor.”
Pernambuco já foi reconhecido por sua relação com o brega antes. O estilo musical foi declarado Expressão Cultural Pernambucana e Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Recife em 2021, pelo prefeito João Campos. Nomes como Reginaldo Rossi e Augusto César representam o sucesso do gênero no estado.