Em 2009, época da turnê do álbum “The Fame”, Lady Gaga passou a chamar seus fãs de “little monsters” (monstrinhos, em português). O apelido caiu no gosto do público e acabou se tornando não só o nome do fandom da cantora como também um termo de identificação para toda uma comunidade que acompanha a cantora e se vê representado em suas letras e na estética de seu trabalho.
Nos anos seguintes, a comunidade acabou criando gestos de identificação próprios, como erguer a mão com os dedos dobrados, em forma de garra, a saudação “monster paw”. Se eram os Little Monsters, passaram a chamar Lady Gaga de “Mother Monster”. Assim, a cantora fundou uma rede social (LittleMonsters.com), criou o Monster Pit, área do show exclusiva para fãs fantasiados e fez duas tatuagens em homenagem ao seu fandom.
Como uma artista pop conquistou um fandom tão fiel? Que sentimentos Lady Gaga desperta nas mais de 1,5 milhão de pessoas que irão assisti-la nesse sábado, na Praia de Copacabana? O que faz com que fãs do Brasil e do mundo todo se reúnam no Todo Mundo No Rio? Conversamos com o público e as respostas são tão diversas quanto as características que compõem um Little Monster.
Os amigos Wellington, Gabriel e Lucas vieram de São Paulo para o Rio de Janeiro para assistirem juntos o show da cantora. O trio afirma que a Mother Monster foi fundamental para se sentirem livres e parte de uma comunidade: “É impossível não estar aqui hoje. A Gaga é uma artista grandiosa que inspira muitas pessoas e acredito que ela possa ser a nossa última popstar. Não vejo que depois dela surgiu nenhuma outra que tenha superado o fenômeno que ela é. É uma diva pop que nos ensina a ter ousadia, paixão e vontade de mudar o mundo”, comenta Wellington.
Gabriel tem 38 anos e também acompanha a Mother Monster desde o começo de sua carreira, época em que, segundo o fã, “estava prestes a sair do armário”. Para o paulista, a música e a estética da artista tiveram importância ímpar em seu crescimento como pessoa: “Foi uma cantora que surgiu para mim nas baladas. Eu sou de São Paulo e frequentava muito o Clube Glória, onde a noite gay fervilhava muito. Foi o primeiro lugar que vi as pessoas frequentando um espaço montadas, com looks inspirados na Lady Gaga, esse universo me atrai muito”.
Para Gisele, mãe de Lis, uma Little Monster de 13 anos, a Lady Gaga é uma artista revolucionária para a música contemporânea. Esperando por um tchauzinho da diva pop na frente do Copacabana Palace nesta quinta-feira, a carioca declarou: “Ela é muito importante, esse tipo de autorização que ela deu para todo mundo ser o que quiser, a representatividade que ela tem na comunidade LGBTQIAP+, é fundamental para as pessoas se aceitarem como são, e isso torna os fãs dela muito fieis, tanto que a comunidade toda dela está aqui hoje”.
A emoção de ser little monster é inexplicável para Felipe Machado. O paulista fala sobre seu amor pela artista e o sentimento de estar no Todo Mundo no Rio: “Eu descobri que as músicas dela são a trilha sonora da minha vida. Quando saí do ônibus eu já estava eufórico, com essa energia da presença dela na cidade. Ver todo mundo conversando, amizades se formando, ela une muito as pessoas. Acredito que estamos vivendo um momento histórico. Um show gratuito de uma artista como a Lady Gaga é algo sem precedentes, fico emocionado só de pensar na quantidade de pessoas que não teriam condições de pagar passagem, hospedagem e um ingresso caro e vão poder assisti-la de graça. Vou tentar ficar bem perto do palco, mas em qualquer lugar dessas areias que eu estiver já estou extremamente realizado”.