Como o Plano de Menina se tornou um grande aliado da diversidade na música
Projeto criado em 2016 conecta mulheres a grandes oportunidades de trabalho


Criado com a ideia de fomentar o trabalho de meninas e mulheres no Brasil inteiro, o Plano de Menina também se tornou um grande aliado da música. Desde 2016, o projeto vem criando pontes entre expoentes da cultura brasileira e o público de maneira geral. Foi o que aconteceu com o trabalho de Ludmila Singa, natural de Salvador, na Bahia, que viu sua carreira tomar novos rumos a partir do Plano de Menina.
Ela começou a se envolver com o movimento hip-hop aos 18 anos por meio do Slam das Minas da capital soteropolitana. A partir de 2019, quando tinha 22, Lud passou a dar uma chance para a sua poesia se transformar em música. Em agosto de 2022, lançou seu primeiro trabalho, “Yê e Yê” —que ela define como uma reza para Yemanjá. “Eu lancei essa música e ela chegou até o Plano de Menina. Foi um dos retornos mais incríveis que eu já tive, e o que me encorajou a continuar trabalhando com a música”, contou ela em entrevista à Billboard Brasil.

Ludmila foi conectada com o universo da publicidade, o que lhe possibilitou investir financeiramente em seus projetos futuros. Para 2025, inclusive, ela planeja lançar seu primeiro EP autoral. “Imagina só. Eu lancei o meu primeiro single e no mesmo ano recebi um convite desses. Eu senti que estava no caminho certo, e que as portas estavam abertas para mim.”
Esse empurrão para frente também aconteceu com Amanda Lyra, de 33 anos, nascida em Curitiba. A cantora e ativista já é dona de uma longa trajetória na música, mas viu a coisa tomar um novo rumo quando sofreu um acidente, aos 26, e passou a andar de cadeira de rodas. “Ali, foi a primeira vez que eu me reconheci enquanto uma pessoa com deficiência. Eu tinha, antes, uma deficiência ‘oculta’, que as pessoas não conseguiam entender”, conta Amanda, que nasceu com atrofia muscular espinhal, uma condição degenerativa.

Depois que ela teve essa percepção sobre si mesma e sobre o mundo, tem passado a sua vida dedicada a trazer diversidade para o mundo da música, com a inclusão de pessoas com deficiência. Amanda chegou a passar alguns anos sem lançar nenhuma música e, desde 2021, tem feito trabalhos em que envolve apenas outros artistas com deficiência. “Quando eu falo sobre pesadelos [na música ‘Sem Parar’], não é sobre estar na cadeira de rodas, mas sobre enfrentar o capacitismo.”
O contato de Amanda com o Plano de Menina aconteceu em 2022, em que ela foi convidada para ser a principal atração de um evento promovido pela organização do projeto. “Foi a primeira vez que eu vim para São Paulo como artista. Cantei no palco principal do Masp. De lá para cá, tanta coisa mudou. Foi surreal”.
O próximo evento do Plano de Menina acontece no dia 5 de outubro, em São Paulo.
SAIBA MAIS:
Festival Plano de Menina 2024
Em 5 outubro, das 12h às 19h
No Memorial da América Latina, Auditório Simón Bolívar (portão 132) – Avenida Mário de Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo – SP
Grátis, com retirada de ingressos pelo Sympla
Haverá painéis como “O poder da autoconfiança” e “Inovar é sair da bolha”, entre outros, além de premiação, talks, shows e brindes.