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Otaviano Costa e as memórias musicais de um menino da porteira

Otaviano Costa e as memórias musicais de um menino da porteira

Apresentador é o convidado da coluna Playlist, da Billboard Brasil

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Otaviano Costa, homem branco de cabelos grisalhos, com camiseta listrada e blazer branco sobre fundo vermelho

Até Mogli, o menino lobo, sacaria rapidamente que Otaviano Costa é um cara muito musical só de vê-lo por cinco minutos na TV, na internet ou em suas redes sociais. Seja no ar ou nos bastidores dos muitos programas que apresenta, sempre que pode, o orgulhoso marido de Flávia Alessandra está soltando o gogó. Não é para menos. Para ele, a música foi essencial durante um período de muitas mudanças em sua vida.

Jovenzinho, ele estava saindo de Cuiabá, no Mato Grosso do Sul, onde nasceu e foi criado, e começava a trilhar seus caminhos em São Paulo, primeiramente como jogador de vôlei e, logo em seguida, como radialista. Sim, teve isso. Eram os estertores dos anos 1980, e Otaviano José, com 15 para 16 anos, desembarcava na maior metrópole da América Latina para tentar a vida como atleta, defendendo o Clube Banespa. Acabou caindo na rádio Jovem Pan FM.

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“Quando cheguei, a música era uma companhia para me curar das dores e da tristeza por estar distante da minha família e dos meus amigos de infância”, explica Otaviano em entrevista à Billboard Brasil, deixando de lado a vibe brincalhona que exibe quase que o tempo todo para adotar um tom mais nostálgico.

“Nessas horas, eu recorria a dois remédios: o primeiro era a música caipira, mas caipira raiz, de Almir Sater”, diz ele, cantarolando versos de “Trem do Pantanal”. “Ou então Sérgio Reis em sua verve mais interiorana, de ‘Menino da Porteira’, e aquelas músicas todas de Renato Teixeira…”, segue, emendando com o clássico “sou caipira-pirapora Nossa Senhora de Aparecida…”, de “Romaria”.

“Essas músicas me falam muito ao coração, me representam espiritualmente e representam uma fase que continua muito viva aqui dentro”, explica o apresentador, que credita à influência do gênero a simplicidade com que leva a vida e trata as pessoas.
O segundo remédio, bem… Todas as noites, antes de dormir, Otaviano colocava em seu microsystem trilhas sonoras clássicas do cinema.

“Era como eu meditava, pensava no dia que havia passado e no que poderia vir amanhã”, conta ele, que teve muitas noites embaladas por Ennio Morricone, especialmente pela trilha de “A Missão” (1986), estrelado por Robert DeNiro. “A mania ficou. Toda vez que viajo de avião, ouço alguma trilha clássica. Estes dias foi a de ‘Interestellar’, do Hans Zimmer”, diz ele, que está escolhendo as músicas que vão embalar seu primeiro filme, a comédia “A Missão de Ulisses”, prevista para estrear em 2024.

Mas, voltando aos anos 1980, quando Otaviano chegou a São Paulo ele era ainda um adolescente. O gosto pela música caipira era bastante incomum em uma metrópole que respirava rock nacional. Ao mesmo tempo, Ota, que começou a tocar piano muito cedo, adorava arranhar um Supertramp nas teclas. “Eu ouvia desde música caipira a rock progressivo. Os amigos que fiz em São Paulo se perguntavam: ‘Que bicho é esse que veio do Pantanal?’”, diverte-se.

Foi quando arrumou um emprego como âncora de rádio e, enquanto os amigos estavam nas baladas, ele animava as madrugadas dos insones, dando seus primeiros passos na comunicação e se jogando de vez no mundo pop. “Foi a fase mais foda da minha vida, e eu sempre começava o programa dedicando ‘Sunday Bloody Sunday’, do U2, para os meus amigos”, diz ele, citando ainda Pet Shop Boys, Crazy e outros hits da época.

Ouça a seleção abaixo.

https://open.spotify.com/playlist/6Yy4inLQ8FPnlMOeIHFPXC?si=0144f01f76d04073

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