Morre Edy Star, ícone queer e parceiro de Raul Seixas, aos 87 anos
Cantor estava internado em hospital em São Paulo


Ícone da contracultura, Edy Star morreu aos 87 anos. A notícia foi confirmada pela assessoria de imprensa do artista. Ele estava internado em estado grave em São Paulo.
Segundo a equipe, as causas foram insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.
Nascido em Salvador, Edy Star foi uma figura singular na música brasileira.
Integrante do icônico álbum “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10” (1971), ao lado de Raul Seixas (1945-1989), Miriam Batucada (1946-1994) e Sérgio Sampaio (1947-1994), Edy deixou sua marca como um dos primeiros artistas brasileiros a desafiar abertamente as normas de gênero e comportamento em cena.
Trajetória de Edy Star
Edivaldo Souza, mais conhecido pelo nome artístico Edy Star, é uma figura icônica da cultura brasileira, destacando-se como cantor, compositor, ator, dançarino, produtor teatral, apresentador de televisão e artista plástico.
Nascido em Juazeiro, Bahia, em 10 de janeiro de 1938, Edy iniciou sua carreira ainda na adolescência, no programa “A Hora da Criança”, da Rádio Sociedade da Bahia.

Desde cedo, ele demonstrou um estilo irreverente, influenciado pela chanchada, pelo cabaré e pelo teatro de revista, gêneros que moldaram sua trajetória.
No final dos anos 1960, Edy iniciou sua transição para os grandes centros culturais do Rio de Janeiro e São Paulo, em busca de novas oportunidades.
Nos anos 1970, envolveu-se em projetos vanguardistas, incluindo o revolucionário álbum “Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10”, em parceria com Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada.
Com performances audaciosas que questionavam as normas sobre sexualidade, Edy conquistou o público, se apresentando desde os espaços marginais da Praça Mauá, no Rio de Janeiro, até as boates sofisticadas da alta sociedade carioca, como a Number One e a Up’s.

Sua carreira expandiu-se com a participação na versão brasileira do musical “The Rocky Horror Show”, que abriu caminho para o lançamento de seu álbum autoral, “Sweet Edy”. Durante as décadas seguintes, Edy se dividiu entre o teatro e a televisão no Brasil.
Na década de 1990, mudou-se para a Espanha, onde continuou sua trajetória artística no teatro e como produtor de boates.
Após quase 20 anos na Europa, Edy retornou ao Brasil, retomando sua carreira musical com o relançamento de seu álbum original e o lançamento de “Cabaré Star” em 2017 (produzido por Zeca Baleiro) e “Meu amigo Sergio Sampaio” em 2023.
Em 2017, lançou seu segundo álbum solo, “Sweet Edy”, 44 anos após o primeiro, com participações de Ney Matogrosso e Caetano Veloso.
Pioneiro na cena artística brasileira, Edy Star foi o primeiro artista a assumir publicamente sua homossexualidade, tornando-se um símbolo de resistência e liberdade.