Léo Santana é alvo de caretice religiosa após vinheta (antiga) de show ‘polemizar’
O boi zebu realmente mexe com a imaginação e o medo de muita gente
“Ei, e aí, vocês estão curtindo o maior baile do Brasil? Aqui é onde toda a santinha perde o juízo, onde você toma uma e vira um perigo, é abastecido com aquele combo que você desce gostoso até o show. Aqui você pode sair beijando de boca em boca, aqui no Baile da Santinha você pode curtir em alta e sem moderação”, diz uma voz em tom grave, simulando o que seria a voz de um demônio da pagodeira, na abertura do show de Léo Santana.
Naturalmente, o Brasil católico-evangélico questionou a imagem. “Não é novidade nenhuma que essa turma do show business tá tudo envolvida com satã o ambiente é de intensa lascívia, as músicas estimulam promiscuidade tudo que o capiroto quer pra humanidade fazer companhia com ele no inferno”, tuitou o perfil verificado Pastor Redpill no post publicado pelo perfil da Pan. Você já sentiu o nível.
A coluna de Fábia Oliveira, no Metrópoles, já havia apurado que a tal abertura já nem é mais usada por Léo Santana nos shows. Ela é de meados do ano passado e início desse ano.
Abertura dos shows de Leo Santana, onde o cantor aparece com chifres e rabo em meio ao fogo, choca crentes:
“Quando chegar o ‘Dia’, não acharão graça nenhuma.”pic.twitter.com/vXF9BYXDIN
— PAN (@forumpandlr) November 25, 2023
A verdade é que a oposição chega a ser simples. O nome do baile do cantor baiano é “Baile da Santinha”, uma forma irônica de adjetivar as pessoas que às três da manhã estão, de fato, abraçando o capeta. No entanto, os comentários são, em sua maioria, condenatórios, em níveis que John Lennon não ouviu quando comparou os Beatles a Jesus Cristo.
“Ele queimou o filme dele. Literalmente kkkk No vídeo tá pegando fogo”, acrescentou outro usário. “Tudo acham que é uma alfinetada religiosa ou sei lá o que. Vocês nunca se esforçam o mínimo para entender o contexto e já saem criticando. Cada vez mais insuportável usar as redes sociais”, desabafou uma, representando a minoria dos comentários que deram de ombros à polêmica.
Ainda segundo o Metrópole, “a tal abertura polêmica não foi repercutida por inteiro. Isso porque o vídeo também conta com um recado dado por uma mulher, vestida de branco, fazendo referência a um anjo, a santinha”. Doideira.
Apesar de vazia, a polêmica é uma boa demonstração de que país é esse para além do “é a p… do Brasil” que acompanha a pergunta do refrão. Curiosamente, é durante o tocar suingado das bacurinhas da banda de Léo Santana que a Polícia Militar de Salvador ostenta uma demoníaca violência contra todo e qualquer folião que ouse estar em sua frente — mesmo que ele esteja em situação de carnaval: feliz, bêbado e entregue aos braços divino da festa. Não deixa de ser irônico encontrar, nas palavras dos comentaristas desse tipo de vídeo, os policiais na posição de defensores de alguma coisa.
O Padre Pedófilo não incomoda vcs.
O Pastor que Rouba dinheiro como Dízimo nao incomoda vcs.
O Crente que ataca e destrói terrero de Umbanda nao incomoda vcs.
O Evangélico matando o Gay À paulada não incomoda vcs. Mas o clipe do Leo Santana incomoda vocês!— Rica de Taubaté (@rkamarante) November 25, 2023
Parece que Léo Santana, sem querer, sentiu o que todos os artistas, principalmente baianos, sofrem quando signos do inconsciente religioso aparecem: uma turba cisma em associá-los e também o seu sucesso (e também a umbanda e o candomblé) ao diabo.
O Padre Pedófilo não incomoda vcs.
O Pastor que Rouba dinheiro como Dízimo nao incomoda vcs.
O Crente que ataca e destrói terrero de Umbanda nao incomoda vcs.
O Evangélico matando o Gay À paulada não incomoda vcs. Mas o clipe do Leo Santana incomoda vocês!— Rica de Taubaté (@rkamarante) November 25, 2023
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