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João Lucas: como Xuxa influencia carreira, agora pop, de genro

João Lucas: como Xuxa influencia carreira, agora pop, de genro

Sasha sempre quis um namorado que compusesse canções para ela: aconteceu.

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João Lucas conheceu Sasha por meio de Priscilla e Bruna Marquezine. “Eu acredito no destino, sem dúvida. Era amigo da Priscilla na adolescência. Ela era convidada da Bruna em uma reunião de música e um dia a Sasha foi convidada”, conta. A amizade na célula gospel virou namoro, casamento e, logo, João estava pedindo conselhos musicais para a sogra. Foi a própria que incentivou a caseira declaração “Meu Bem” tornar-se single de uma fase menos ligada ao mercado gospel da carreira de João — cujo sobrenome Figueiredo ficou pra trás.

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Sasha Meneghel e João Lucas casando em cerimônia de 2021. (Divulgação)

“Eu amo muito mostrar as coisas para a Xu”, revela o cantor que, nascido na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo, viu questões brotarem acerca do relacionamento com a filha de uma santidade do pop televisivo brasileiro. “Apesar de ela ter crescido em uma estrutura social totalmente privilegiada, de acessos… A Xuxa vem de uma origem simples, entende? Então tudo isso também é muito presente na criação da Sasha”, desenha.

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Um pequeno João (ainda Figueiredo) de 8 anos como calouro mirim no palco do Programa Raul Gil (Arquivo Pessoal)

A filha que restaurou a fé da apresentadora que orou pedindo um João

Aos 23 anos, ele lança “Meu Bem”, canção dada como presente de aniversário à esposa Sasha. “Ela começou a correr pela casa, em Angra, gritando que tinha ganhado uma música toda pra ela. A ‘Xu’ ouviu e insistiu que fosse lançada”, conta mais uma vez chamando a apresentadora pela forma ainda mais curta e carinhosa do apelido oficial. Ele expõe um bastidor curioso. “A Sasha sempre teve um desejo de ter um namorado que pudesse compor canções para ela. A Xuxa orava pedindo a Deus que um dia isso acontecesse”. Foi a filha Sasha que “restaurou a fé” da mãe, como ela revelou em conversa via Instagram com a atriz e comediante Nany People.

Não deixa de ser curioso ver a apresentadora ser desenhada em um contexto de comunhão evangélica. Nos anos 80 e 90, histórias fantasiosas e popularescas associavam o sucesso estrondoso da apresentadora a pactos com o diabo – lendas urbanas afirmavam que, tocados ao contrário, seus discos podiam revelar mensagens subliminares. Balelas ensejadas por um público que, possivelmente, também rejeita a fé de Sasha, João e Xuxa em um mundo que precisa discutir a responsabilidade das instituições e sociedade para assuntos urgentes — e que nem sempre se combate só com oração, mas com mão na massa.

“Passou o tempo de colocar tudo de ruim na conta do diabo”

Antes assinando como João Figueiredo, o artista acumulou milhões de ouvintes em canções que o categorizavam como gospel. “Eu ouvi e li bastante [comentários críticos acerca de uma carreira mais secular]. Mas eu queria ser dono de circo desde criança. Consequentemente, por eu estar na Igreja, foi nesse palco que eu comecei a tocar bateria, cantar, enfim, ter minha faceta artística ali. Só que eu percebi, na verdade, que havia uma barreira de comunicação, da expressão artística. E eu não gosto disso”, explica salientando sua criação evangélica vinda dos pais enraizados na Bola de Neve Church, fundada no começo do século 21 e disposta a acolher tatuados, skatistas, surfistas dispostos a uma vida regrada ao evangelho.

Os pais, mesmo assim, estranharam a verve pop da carreira do filho. “A Bola de Neve tem esse visual que faz parecer tudo mais aceito, de mente mais aberta. Mas não é bem por aí. Acho que já foi mais, sabe? Mas eles me apoiaram quando eles me viram feliz e apaixonado. Eles são diferentes das pessoas ali de dentro. Nossa relação abriu a cabeça deles”, diz expondo um comum conflito geracional evangélico.

João engrossa o coro por uma Igreja mais participativa nos assuntos urgentes. “É muito perigoso colocar tudo na conta do espiritual. Eu acho que a gente chegou em um momento em que não podemos mais fechar os olhos. Racismo, homofobia, machismo ou qualquer problema social latente não podem ser ignorados. Nossa geração vive esse momento e passou do tempo de colocar isso [tudo de ruim] na conta do Diabo ou qualquer coisa do tipo. Não tem nada de espiritual nisso. Porque, senão, a gente isenta nossa responsabilidade, nossa necessidade de agir”, analisa o agora frequentador da Igreja Por Amor, pastoreada por Victor Azevedo, líder frequentemente chamado de “herege” por leitores mais radicais da Bíblia ou identificados com a pauta conservadora.

João diz que a rotina musical do casal é eclética. “A gente ouve muito jazz”, diz citando Nina Simone e já revelando que depois disso a rádio vira brasilidade. “Caetano, Gil… Tem um cara que eu gosto muito de ouvir… Nossa… É que faz muito tempo que eu não escuto, não estou lembrando. Mas eu gosto muito!” coça a cabeça enquanto percebe-se em dificuldade de lembrar o nome de Jorge Vercilo.

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