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Incrível, fantástico, extraordinário. Alice Cooper traz seu show de horrores

Incrível, fantástico, extraordinário. Alice Cooper traz seu show de horrores

Astro americano é uma das principais atrações do festival Best of Blues & Rock

Alice Cooper

Performances de Alice Cooper são acontecimentos aos quais ninguém fica imune. O artista plástico Salvador Dali (1904-1989), por exemplo, disse que elas tinham um quê de surrealismo –movimento artístico do qual foi um dos principais representantes. O público inglês ficou tão assustado com as cenas de assassinato e decapitação que o cantor traz para o palco que tentaram proibi-lo de fazer shows no país. “Eles nunca assistiram a ‘Macbeth’?”, diz, referindo-se ao sanguinolento espetáculo teatral criado pelo dramaturgo William Shakespeare (1564-1616), no qual um nobre escocês promove um banho de sangue a fim de se manter no trono de seu país.

O fato é que faz mais de cinco décadas que o sujeito nascido com o nome de Vincent Furnier apresenta uma das performances mais vibrantes do universo do rock. O personagem Alice Cooper –nome também da banda que o acompanha– é um vilão, um malfeitor cujos crimes são punidos na guilhotina. “Ele tem de morrer porque o mal nunca pode ficar impune”, diz Alice, que é uma das atrações do festival The Best of Blues and Rock, que acontece nos dois primeiros finais de semana de junho. O evento traz ainda shows de Deep Purple, do cantor inglês Richard Ashcroft (ex-The Verve, um dos grupos mais importantes do britpop) e Dave Matthews Band.

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Nascido na cidade de Detroit, região industrial que gerou, entre outros, o pai do punk Iggy Pop e o rapper Eminem (além da Motown, a maior gravadora americana de black music), Vincent Furnier conheceu o guitarrista Glen Buxton (1947-1997) e o baixista Dennis Dunaway (que participaram do período clássico da banda) ainda na adolescência. Naquele período, eles faziam covers dos Beatles e atendiam pelo nome de Nazz. Foi quando descobriram que existia uma banda com o mesmo nome, passaram a utilizar o nome de Alice Cooper. Vincent ainda criou uma maquiagem caraterística: pintura ao redor dos olhos e boca, inspirado pela atriz Bette Davis.

Vincent (ou melhor, Alice Cooper), Glen e Dennis, juntamente com o também guitarrista Michael Bruce e o baterista Neal Smith criaram um estilo batizado como “shock rock” e lançaram pelo menos três álbuns que todo fã do gênero tem de ter –mais detalhes abaixo. Em 2025, eles se uniram após décadas de separação e preparam um novo trabalho. “The Revenge of Alice Cooper” deverá ser lançado em julho deste ano. “É incrível, parece que a gente nunca deixou de tocar juntos”, alegra-se o cantor. O trabalho –que trará ainda solos inéditos do falecido Buxton– foi precedido pela macabra faixa “Black Mamba”, que remete ao som daquele período.

Na apresentação que fará em solo brasileiro, no entanto, Alice Cooper será acompanhado pela banda com a qual costuma excursionar –e tem como destaque Nita Strauss, uma musicista que une charme à destreza em sua função como guitarrista do grupo. “Ela é ótima”, elogia Alice. O cantor, aliás, fez questão de que seus músicos “de estrada” colaborassem em um de seus álbuns. Uma dessas criações conjuntas foi “Road”, de 2023, um dos seus melhores lançamentos dos últimos tempos.

Alice Cooper e sua banda (Jenny Risher/
Divulgação)

O roqueiro americano tem uma ligação estreita com o mercado brasileiro de shows. Ele veio pela primeira vez em 1974, quando apresentações de nomes de alta patente eram raras por esses lados. A última performance dele por aqui se deu em 2017, quando veio para o Rock in Rio e para uma performance no Allianz Parque, em São Paulo, abrindo para o Guns N’ Roses (e aqui vale uma nota engraçada. Este redator foi com o filho, que fazia dezoito anos no dia do show e se emocionou ao ouvir “I’m Eighteen” naquela noite. “Você deveria ter falado para seu filho que cantei em homenagem a ele”, brinca Alice –e, sim, eu falei isso).

Alice também possui um trabalho interessante como ator. Trabalhou com pelo menos dois mestres do terror moderno. Foi um mendigo tomado por uma força do cramulhão em “O Príncipe das Sombras” (1987), do cineasta John Carpenter, e foi o pai do aterrorizante Freddy Krueger num dos filmes da franquia “A Hora do Pesadelo”, criada por Wes Craven (1939-2015). Um dos seus momentos mais interessantes na atuação se deu no musical “Jesus Cristo Superstar”, onde interpretou nada menos que o Rei Herodes. “Todo mundo fazia esse papel como se fosse um bufão afetado. Eu fiz um Herodes malvado, que tem mais o meu jeito”, jacta-se. Seja no palco da Broadway ou na guilhotina, Alice Cooper é uma diversão para toda vida.

 

BEST OF BLUES AND ROCK

Quando: 07 e 08 e 14 e 15 de junho na plateia externa do Auditório Ibirapuera

Atrações: Alice Cooper, Deep Purple, Dave Matthews Band, Richard Ashcroft, Judith Hill, Barão Vermelho, Black Pantera e muitos outros

Ingressos: Eventim 

 

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