Você está lendo
Alice Cooper e Deep Purple mostram que nunca é tarde para ser jovem

Alice Cooper e Deep Purple mostram que nunca é tarde para ser jovem

Roqueiros veteranos foram atração do festival Best of Blues and Rock

Alice Cooper (divulgação)

O público do festival Best of Blues and Rock 2025 curtiu alguns do maiores ícones do rock no Parque do Ibirapuera, no fim de semana dos dias 14 e 15 de junho. E os shows de São Paulo inevitavelmente transbordaram fortes emoções para iniciados e para quem teve acesso aos veteranos roqueiros pela primeira vez.

VEJA TAMBÉM
Sting (divulgação)

A penúltima vez que Alice Cooper veio ao Brasil foi no dia 26 de setembro de 2017. Era, precisamente, meu aniversário de 18 anos, e um dos seus hits mais famosos é a música  “I’m Eighteen”. Apesar de recentemente Alice ter brincado em uma entrevista que deveria mudar a letra do refrão pra “I’m Eighty, and I like it” (“tenho oitenta anos e gosto disso”) era como se o padrinho do shock-rock me abençoasse, morbidamente, para a vida adulta.

Alice Cooper, começou sua carreira no começo dos anos 1970 trazendo consigo uma teatralidade de um freak show circense. Cobras vivas no palco, maquiagem como patas de aranha ao redor dos olhos, além de “morrer” no palco a cada show, apenas para ressuscitar na próxima música.

Passaram-se 8 anos desde a última vinda e Alice ainda segue um performe com energia. Ele joga os músicos de um lado para o outro no palco, chicoteia o público e rege a banda com uma muleta em frangalhos. 

Apesar da invocação visual do artista, as músicas até as menos desconhecidas como “He’s Back (The Man Behind The Mask)”, feita exclusivamente para promover o sexto filme da franquia de filmes de “Sexta-Feira 13”, eram cantadas com o mesmo fervor pela mais diversa audiência, enquanto no palco o Jason degolava alguns atores no meio da banda.Velho, novo, o público do festival era diverso, no banheiro havia uma fila para fazerem uma maquiagem parecida com o cantor. Pessoas jovens e, bem, nem tão jovem assim, vestidas de spandex, couro, maquiagem borrada e sangue falso. 

Mas a par da teatralidade e de quem pegou essas bandas dos anos 1970 na época, o que mantinha o público unido era um certo espírito eterno de rebeldia, além de refrãos que te pegam universalmente.

Uma prova? No dia seguinte foi o dia do Deep Purple, com um show bem mais sóbrio em termos de teatralidade, de atestar a favor disso.

O quinteto inglês Deep Purple (André Veloso/Divulgação)
O quinteto inglês Deep Purple (André Veloso/Divulgação)

Deep Purple é uma das bandas essenciais do rock dos anos 1970, uma das mais influentes do rock e pioneira do hard rock e heavy metal. Com riffs marcantes e performances intensas, ajudou a moldar o som e a atitude do rock pesado, influenciando gerações de músicos ao redor do mundo.

O show do Deep Purple realmente é de se impressionar, não só pela destreza dos quinteto, mesmo com uma idade avançada, mas pelo gosto de tocar:  Eles tocam sorrindo, fazendo piada mas sem muita pausa, é uma música quase que colada no outro dividindo espaço com alguns solos mais longos aqui e acolá, como por exemplo o segundo solo da noite de Don Airey, que contou com trechos de “Chega de Saudade”,  clássico do repertório de João Gilberto, e “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso.

Mesmo com gritos da platéia disparando “Toca aquela lá, toca aquela lá”, referenciando claramente, o maior hit da banda: “Smoke on the Water”.

O público do Purple era menos espalhafatoso mas igualmente diverso, compondo crianças de colo até pessoas que acompanham a banda desde os anos 1970. Havia uma menina de colo que não resistiu e acabou cochilando. Mas quando chegou a hora de “aquela lá”, ela acordou e pulava nos ombros de seu pai, cantando cada palavra.

Sobre essa diversidade de público perguntei ao quinteto durante a coletiva, o que faz esse som pegar até hoje, onde eles me responderam brincando:

“Não tínhamos ideia do que estávamos fazendo, nós não conseguiríamos definir nosso público nem se quiséssemos, a música conecta por que ela é muito bonita, uma beleza nem sempre perfeita, mas uma beleza universal e atemporal”, disseram.

Alice Cooper e Deep Purple são a prova da atemporalidade do rock.

 

Mynd8

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
Publicado pela Mynd8 sob licença da Billboard Media, LLC, uma subsidiária da Penske Media Corporation.
Todos os direitos reservados. By Zwei Arts.