Gabriel O Pensador foi um dos convidados da Music Mansion Powered by Billboard Brasil, parceria com a Abramus em Miami, nos EUA. Em entrevista, o rapper de 50 anos falou sobre sua indicação ao Grammy Latino.
A premiação acontece nesta quinta-feira (14), e ele concorre na categoria de melhor interpretação de música urbana em língua portuguesa com “Cachimbo da Paz 2”.
“É incrível. Eu comecei esse trabalho todo em 1992. Algumas músicas estão viralizando com a molecada, sendo estudadas em sala de aula. São temas muito atuais, o que é uma pena, porque estamos falando de racismo, intolerância… Problemas enraizados no Brasil”, avalia Gabriel.
O single conta com a participação de Lulu Santos e Xamã.
“Nesta versão, eu ressuscitei o personagem principal. Ele volta e se surpreende com o fato de a gente continua atrasado demais. Entramos mais na questão indígena, no descaso com os povos originários.”
Na categoria de música urbana, Gabriel concorre com:
- “Joga para Lua” de Anitta, Dennis e Pedro Sampaio;
- “Da Braba” de Gloria Groove, Ludmilla e MC GW;
- “Carta Aberta” de MC Cabelinho;
- “Fé nas Maluca” de MC Carol e IZA;
- “La Noche” de Yago o próprio e Patricio Sid.
A expansão do mercado brasileiro
Questionado sobre a influência das plataformas de streaming na expansão do mercado musical brasileiro, o rapper diz que as ferramentas facilitaram a compreensão das obras.
“O consumo de música ultrapassa as fronteiras com mais facilidade. Até a questão dos idiomas… Hoje é tudo mais fácil. Quando eu escutava música na adolescência, sabia um pouco de inglês e queria entender as letras. Tinha que correr atrás de um encarte de CD que tivesse isso”, relembra.
“Hoje, você clica em um botão e traduz tudo. Isso ajuda o entendimento, tudo fica mais compreensível. Assim, a gente consegue superar essas diferenças dos idiomas.”
Popularidade do trap
Gabriel O Pensador lançou o primeiro álbum, homônimo, em 1993. Desde então, acumula hits como “Cachimbo da Paz”, “Tô Feliz”, “Se Liga Aí”, “Até Quando?”, “2345meia78”, entre outros.
Perguntado sobre a popularidade do trap, ele avalia: “Existe essa linha de mostrar o poder, a independência e o lado da ostentação. No início do hip hop americano já tinha os cordões de ouro”.
“Isso faz parte, mas é perigoso também, porque se fica só nisso, muito a frente de outros temas que a música pode despertar, pode limitar o ouvinte e o artista. São caras muito criativos, até o nível das rimas”, avalia.
“Mas o risco é a repetição exagerada de uma temática. Eles estão entendendo isso. É natural imitar o que está dando certo, mas quem vai se destacar é quem trouxer um discurso, uma linguagem diferente. Quem trouxer seus pontos de vista de maneira original.”