Ao lado de Luiz Caldas, Saulo celebra 40 anos do axé em SP
A dupla foi uma das atrações do segundo e último dia de Turá
São Paulo se transformou na Bahia por 60 minutos neste domingo (29). Como parte da programação do Festival Turá, no Parque Ibirapuera, o cantor e compositor baiano Saulo celebrou o fim de tarde com energia única, entregando um show contagiante que ainda contou com a participação de Luiz Caldas, referência nacional no axé music.
A dupla fez o público cantar a plenos pulmões e pular como se estivesse no Carnaval. O repertório do show de Saulo contou com músicas de sua carreira solo, como “Raiz de Todo Bem” e “Não Precisa Mudar”, homenagens ao Nordeste e à outros compositores, como “Anunciação” (Alceu Valença), “Beija-flor” (Timbalada), “Eu só Quero um Xodó” (Dominguinhos) e “Nossa Gente (Avisa Lá)” (Olodum), além de sucessos da Banda Eva, como “Me abraça”.
Elevando a atmosfera – e também o braço da plateia no ritmo da música -, a performance de Saulo chegou ao ápice no momento em que Luiz Caldas é convidado a subir ao palco. Embora sejam de diferentes gerações, a sintonia de ambos dentro e fora dos palcos é marcada por uma amizade e um amor pelo axé music. Detalhe: “Magia”, lançado por Caldas em 1985, é considerado o marco inicial dessa sonoridade.
Saulo e Luiz Caldas, parceria de sucesso
Em entrevista à Billboard Brasil, eles comentaram sobre o motivo da parceria ter dado tão certo. “Para mim é uma oportunidade de aprendizado, eu sempre falo que é legal você andar com pessoas que te melhoram, que te provocam melhoramentos, né? Quando eu estou com o Luiz, quando eu vou para casa, eu acho que eu estou tocando violão melhor, eu acho que eu estou cantando melhor… Ele me estica, ele me amplia e é muito rico. E fora a oportunidade, né. Um cara que eu sempre vi como o maior, ficava ‘Meu Deus do céu’, e hoje do lado dele eu ainda fico nervoso. A gente tem um show de voz e violão junto, que em vez de ficar olhando pra plateia, eu fico sempre assim [olhando para o lado] e com medo de errar, tenho um profundo respeito por esse cara, qualquer oportunidade de vida, como você falou, não só música, mas de vida com ele, é uma glória”, declarou Saulo.
Luiz Caldas continua: “A nossa amizade vem em primeiro lugar, mas o ponto mais importante é que para se ter amizade a gente tem que respeitar, tem que aceitar, tem que discutir, tem que se olhar muito, e a gente se olha, se respeita e se ama e se cuida. Eu torço pela carreira dele o tempo todo, ele pela minha. Então a gente, quando tem a oportunidade de se encontrar no mesmo palco, a gente celebra isso com muita música e muito amor. E vocês viram aí no Festival Turá”.
“E eu sou muito sortudo, porque eu acho que todos os artistas da Bahia queriam estar no meu lugar. Eu sempre falo isso, porque todos queriam dividir com ele, queriam fazer um show voz e violão com ele, então eu tô com muita sorte”, brinca Saulo.
No Turá, Luiz Caldas subiu ao palco para performar três faixas ao lado do amigo: “O que é que essa Nega Quer?”, “Haja Amor” e “Frevo Mulher” (Zé Ramalho).
As diferenças entre ambos aparecem só na forma física: os pés descalços de Saulo se contrapõem ao coturno preto com estampa de caveira de Caldas; a bata branca é oposta à camisa preta e vermelha com longo casaco; o cabelo curto se difere das longas madeixas encaracoladas. Mas quando falamos de música, eles parecem se tornar um só.
Depois de dançar em coreografia um pagodão, com o show caminhando para o final, Saulo anunciou uma sequência boa para “deixar a batata da perna doendo”. Para completar, ele desceu até a plateia e entrou na roda que ele mesmo pediu para criarem. Mesmo com a imagem de Saulo sumindo da visão de todos, a energia de felicidade era sentida por qualquer um.