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Entrevista: Hayley Kiyoko celebra vinda ao Brasil e sucesso de livro

Entrevista: Hayley Kiyoko celebra vinda ao Brasil e sucesso de livro

Cantora e escritora de 'Girls Like Girls' participa da Bienal em São Paulo

Avatar de Billboard Brasil
A cantora Hayley Kiyoko

Hayley Kiyoko finalmente virá ao Brasil: a cantora e escritora marca presença na 27ª edição da Bienal do Livro em São Paulo, no dia 13 de setembro, no painel sobre seu livro “Girls Like Girls” –obra baseada no single homônimo lançado em 2015.

“É como ir para casa, porque eu não teria minha carreira sem meus fãs, especialmente os do Brasil. Eles sempre foram meus maiores apoiadores. Estou muito feliz de finalmente poder ver alguns rostos pessoalmente”, diz Hayley em entrevista exclusiva para a Billboard Brasil.

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“Estou muito animada, vai ser divertido. Tenho um aplicativo de idiomas no celular e estou aprendendo algumas palavras para ir preparada! [risos].”

O livro (R$ 49,90), lançado em 2019, se baseou no clipe de anos antes, que alavancou a popularidade de Hayley no pop e nas redes sociais. Na obra, a autora apresenta o relacionamento entre Coley e Sonya –personagens em uma jornada de autodescoberta.

“A história foi inspirada no meu coração partido no ensino médio. Mas eu não tinha planos para além do clipe. Obviamente, eu queria que ele terminasse com esperança, porque eu não via representação esperançosa na minha vida. Especialmente sendo uma mulher queer e não branca”, explica.

“Foi uma experiência muito gratificante e terapêutica ler meus diários, lembrar quando eu me apaixonei pela ‘minha Sonya’ e pensar em como implementar minhas características na Coley”.

Veja o clipe de “Girls Like Girls”:

A Sonya da “vida real”, inclusive, não sabe que seu fora em Hayley virou best-seller do “New York Times”.

“Ela não tem ideia! E não poderia se importar menos comigo [risos]. É engraçado, porque foi uma época horrível da minha vida, quando eu tinha uns 16 anos. Foi legal usar esse trauma, esse desgosto, e transformá-lo em algo positivo. Consigo me conectar com meus fãs e compartilhar uma sensação de esperança.”

A cantora, apelidada carinhosamente pelos fãs de “Lesbian Jesus” (Jesus lésbico, em tradução livre), viria pela primeira vez ao país em 2020 para o Lollapalooza, mas a pandemia de Covid-19 fez com que todos os eventos e festivais fossem cancelados na época.

A compositora norte-americana de 33 anos lançou o primeiro EP da carreira em 2013, “A Belle To Remember”. Hoje, é dona de dois álbuns: “Expectations” (2018) e “Panorama” (2022). Ela ficou conhecida pelas letras sobre amor entre mulheres e é pioneira no pop lésbico.

Singles como “Curious”, “What I Need”, “Feelings”, entre outros, alavancaram ainda mais a popularidade de Hayley.

Leia a entrevista com Hayley Kiyoko na íntegra:

Billboard Brasil: Como é sua relação com os fãs brasileiros?
Hayley Kiyoko: Vejo muitas mensagens de carinho e apoio nas redes sociais. Lembro de uma fã brasileira, acho que o nome dela é Maria. Ela me ajudou muito durante a época do meu primeiro EP. Então, literalmente, desde o começo, os brasileiros estão comigo. Provavelmente tenho mais fãs brasileiros do que norte-americanos. Me sinto muito conectada com todos. Fico feliz que vou poder abraçar alguns deles. Às vezes o mundo pode ser um lugar muito ruim. Então ter esses momentos com pessoas com quem me importo e amo é sempre especial.

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Hayley Kiyoko (Trevor Flores/Divulgação)

E você conhece algum artista brasileiro?
Eu quase fiz uma música com Anitta há um tempo… Eu amo as músicas dela e da Pabllo Vittar.

Faz quase 10 anos desde o lançamento do clipe de “Girls Like Girls”. Você faria algo diferente na história do vídeo se pudesse?
Acho que sempre teremos momentos na vida que você pensa que poderia ter feito outras coisas. Mas a realidade é que tomamos as decisões com base nos recursos da época, nas oportunidades, no nosso tempo. Então não me arrependo. Sou grata pelo desafio de poder contar minha história por meio desses personagens. Procuro oportunidades para eu me expressar como uma contadora de histórias [seja na música, no audiovisual ou na literatura]. Sou grata também por tantas pessoas no mundo todo terem se conectado com a história. Isso me faz sentir que tenho um propósito e que pertenço e tenho uma comunidade… Algo com que sempre tive muita dificuldade.

Na história, a Sonya é um pouquinho… má. Fiquei surpresa com isso…
Não sei se ela é totalmente má [de verdade]… Ela não tem ferramentas para se comunicar adequadamente. Não teve a experiência ou teve o apoio na vida para poder comunicar seus sentimentos. Esse tipo de pessoa acaba descontando nos outros e magoam. É comum.

Há planos para um filme?
Olha… Deixa eu te contar, não é tão fácil fazer um filme, viu? [risos]. Tenho trabalhado duro para tentar fazer esse sonho se tornar realidade. Há uma razão pela qual não há muita representatividade queer na indústria, porque é muito difícil conseguir um financiamento.  Meu sonho é fazer isso acontecer para todos os outros. Minha maior paixão é contar histórias. Então meu objetivo é dirigir filmes, criar programas de TV, escrever músicas, mais livros e ter o máximo de representação possível, porque merecemos milhões de histórias. Todos nós temos nossa própria história para contar.

E geralmente, quando retratam nossas histórias, elas são marcadas pela violência.
Sim, pois é!

Você é uma pioneira no pop lésbico e hoje em dia temos muitas cantoras cantando sobre amor entre mulheres. Você enfrentou alguma resistência no começo da sua carreira? Acha que está mais fácil hoje em dia?
Enquanto eu crescia e também nos últimos 10 anos, eu enfrentei muita resistência. Em 2015, foi desafiador criar qualquer tipo de conteúdo queer. Estou muito inspirada em ver as artistas lésbicas de hoje prosperando e recebendo o apoio que merecem. Nós estamos por aqui há muito tempo. Fico orgulhosa de fazer parte dessa jornada desde o começo. Torço muito pelos meus fãs também, porque é realmente assustador viver sua verdade. Há muita violência e desigualdade. Então, criar esperança e nos lembrar dela é o que nos ajuda a continuar, a prosperar, a existir e aproveitar a vida. Esse é o meu foco. Quero que as pessoas se sintam seguras e consigam o emprego que desejam… Se tornar uma estrela pop [como eu], uma jornalista [como você]. Estou aqui para ajudar a lembrar as pessoas [que elas podem].

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Hayley Kiyoko (Instagram/Reprodução)

Sempre teve esse objetivo em mente?
Não! [risos]. Quando eu tinha 16 anos, eu nunca nem imaginava que alguém saberia que eu era lésbica. Achava que eu ia ficar escondida para sempre. Eu sonhava em ser uma estrela do pop. Nunca imaginava que um dia escreveria livros ou seria diretora de clipes. Foram surpresas ótimas nessa trajetória. Eu pensava: ‘Como eu escondo quem sou e como eu fico segura?’. Era meu foco na adolescência. Até minha relação com a palavra ‘lésbica’ evoluiu. Meus fãs me chamam de ‘Jesus lésbica’ [risos]. Agora, eu posso falar com orgulho e em voz alta, algo que eu não conseguia quando eu era mais nova.

Esse é o melhor apelido de todos! Como você reagiu quando ouviu ele pela primeira vez?
Não lembro onde foi, mas fizemos um meet & greet e os fãs ficavam me chamando assim. Eu pensei que era algo comum, que todo mundo se chamava assim. Mas percebi que era só comigo [risos]. Eu sou muito grata, porque sempre quis um apelido no ensino médio e nunca tive. Agora eu tenho!

E como você reagiu quando viu que “Girls Like Girls” era um best-seller?
Nossa… Eu chorei tanto. Estava muito emocionada. Pode ser muito solitário para um artista ter muitas de suas interações nas redes sociais e nos algoritmos. Você se sente sozinho e não tem ideia se as pessoas estão te ouvindo ou se elas se importam. Se tornar um best-seller foi como um lembrete de que elas se importam. Me senti emocionada com a gratidão pelos meus fãs estarem sempre lá por mim. Sempre fui meio underground, nunca atingi o topo das paradas da Billboard e coisas assim. Ser capaz de ter um best-seller do “New York Times” inspirado em uma música que escrevei há tantos anos… Me fez me sentir amada.

O que você planeja para o restante do ano e para 2025?
Tenho trabalhado em um segundo livro, que tem sido muito emocionante…

Uma sequência de “Girls Like Girls” ou uma nova história?
Não posso te responder! [risos] Mas anunciarei muito em breve! E lançaremos uma versão de livro de bolso de “Girls Like Girls”. Tenho escrito muito! Fiquem ligados porque teremos coisas divertidas chegando.

Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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