Ela já fez até série na Globo; agora, Isadora Melo curte liberdade ao lançar álbum
Cantora de 34 anos, que também é atriz, produziu o disco 'Anagrama'
Isadora Melo, de 34 anos, é uma artista que desafia os rótulos regionais, comumente colocados em sua música. A carreira da cantora é marcada pela busca da autenticidade. O resultado pode ser visto em seu álbum mais recente, “Anagrama,” em que ela assumiu o controle da produção e se viu livre para explorar referências, as composições e suas próprias habilidades.
“Eu tenho problemas com o termo regional, sabe? Eu acho que ele separa e cria algumas barreiras. Meu álbum traz referências de onde eu venho, como o frevo, mas existe uma amplitude nessas referências. Eu acho que isso é indissociável de quem eu sou. Não porque eu acho que eu tenho que fazer isso, mas é porque essas referências estão em quem eu sou. Trago de maneira muito natural e orgânica”, explica.
A artista veio de uma família artística. A mãe é atriz e o pai é bacharel em canto. Com incentivo deles e vivência nos bastidores, Isadora se apaixonou pela música. Estudou em conservatório, foi vocalista da banda Arabiando e conheceu grandes nomes da música de Pernambuco como Zé Manoel e Juliano Holando – com quem trabalhou anos depois.
“Meus pais não me pressionaram a ser e nem a não ser artista. Tem muito desse medo, preconceito, com a profissão. Eles sempre me deixaram muito livre e tive contato com música, esporte, dança. É uma coisa que eu penso muito com meu filho também, de você poder se expressar”, conta ela, que é mãe de Sereno, de 3 anos, com o companheiro Rafael Marques.
A cantora já se apresentou em diversos festivais na América Latina, Estados Unidos e Europa. Isadora também é atriz. Ela participou de “Amorteamo”, da Globo, em 2015, “Gabriela, um musical” (2016) e “Dorinha, Meu Amor” (2017). Seu primeiro disco foi “Vestuário” (2016), seguido do EP “Todo Ar” (2022) e o álbum “Anagrama” (2022). O disco precisou ter o lançamento adiado por causa da pandemia de covid-19, mas a artista usou o momento para se aprofundar em referências – como Yara Ferreira, Adriana Calcanhoto e Sofia Freire.
“Em ‘Anagrama’, me despi dessas figuras de produtor, de músicos conhecidos, que trazem peso para um disco acontecer. O intuito era de me sentir mais livres para fazer escolhas. Eu estava muito certa do que eu queira e assumi a produção. Não estou criticando quem coloca, é muito importante trocar com outros artistas. Mas foi quando me senti mais livre para seguir o que eu acreditava.”
Questionada sobre a influência das redes sociais na música atual, como os virais do TikTok, Isadora faz uma reflexão sobre a importância das canções atreladas às memórias.
“É válido quem faz música nesse caminho para viralizar. O entretenimento está aí para quem gosta de consumir. Mas eu tenho muito medo da superficialidade das coisas, de não aprofundarmos. Fico feliz de ver pessoas criando a partir da outra lógica, que é fazer a música e depois descobrir como fazê-la chegar nas pessoas”, explica.
“O mais bonito é esse poder que uma música pode marcar o tempo, um espaço, um cheiro, uma situação. A marca na pessoa fica mais profunda, permanece muito mais tempo na história. É algo tão especial.”