Como versão pirata de música de Billie Eilish chegou entre as mais ouvidas do país?
Remix 'MTG CHIHIRO', criada por Múlu, ganhou paradas com nome de outro autor
A canção “CHIHIRO”, de Billie Eilish, repercutiu duas vezes no Brasil: uma quando do lançamento do álbum “Hit Me Hard and Soft” e outra quando os usuários do You Tube descobriram a versão remix do DJ Múlu. Intitulada “MTG CHIHIRO”, o remix se aproveita do ritual belohorizontino das montagens e desdobra o hit da norte-americana em funk. Em pouco tempo ganhou os corações dos internautas e, sem autorização —da autora original e do autor do remix—, foi tornar-se uma das mais ouvidas do país.
Hoje, a faixa que chega ao Billboard Brasil Hot 100 em #90 é de autoria de um desconhecido Lewis Hanton. A pirataria, segundo Múlu, aconteceu no interim da autorização da Universal Music, que detém os direitos de “CHIHIRO” no Brasil. Ou seja: a burocracia da gravadora e editora, aqui no Brasil e nos EUA, permitiram que o remix que tentava ser autorizado fosse roubado.
“A gravadora vai removendo as que aparecem, mas não adianta. O Spotify precisa pensar em um mecanismo que considere o direito autorais do artistas e, ao mesmo tempo, não despreze essa cena de DJs e remixes”, começa o DJ.
Respeitando o processo, o produtor carioca entrou, com ajuda de Diplo, em contato com a gravadora e com Finneas Baird O’Connell, irmão de Billie Eilish. “É um processo lento. Eu não sei se vai ser aprovado e quando. Paralelamente, pensamos em lançar como cover ou versão. Pode ser legal. É o que fazemos de melhor no Brasil, digerir e colocar nosso tempero. Mas estamos em stand by“, explica. Múlu chegou a trocar algumas palavras com o irmão de Billie, mas não teve nenhuma resposta muito certeira se irá ou não ter a autorização para subir oficialmente “MTG CHIHIRO” nas plataformas.
E foi nessa demora que a versão pirata atacou —e hitou. Hoje, as plataformas de streaming dependem de solicitações de gravadoras e editoras para que versões piratas sejam removidas. Para alguns autores, isso é um alívio. Interpolações e versões criadas no piseiro, sertanejo e funk, muitas vezes, fazem uso de trechos não autorizados de canções do pop brasileiro e estrangeiro.
Mas, como no caso do DJ Múlu, que bombou com o remix no YouTube e no Soundcloud, esses remix podem cair no streaming tendo como responsáveis autores que não produziram a canção. Basta o autor fazer o download e subir, como autor, nas plataformas oficiais.