Como história de fã com câncer raro se cruzou com a de Ed Sheeran
Mariane Barcelos, de 32 anos, tem uma longa história de amor pelo cantor
Ed Sheeran despontou no cenário musical mundial em 2011, com o lançamento de seu primeiro álbum, “Plus”. O trabalho foi impulsionado pelo sucesso de singles como “Lego House” e “Wake me Up”, que trouxeram o britânico para o Brasil em 2015. Naquela época, Mariane Barcelos, fã do cantor britânico, vivia o auge de seus 20 e poucos anos.
Seus sonhos de vê-lo ao vivo em um show, porém, acabaram frustrados. Mariane teria que passar por uma cirurgia na coluna, para colocar quatro pinos. “Ele veio um dia depois de eu operar pela primeira vez”. Naquela época, ela sofria com um problema na região, mas não tinha recebido ainda o diagnóstico que viraria sua vida de cabeça para baixo.
Em 2017, Ed voltou para terras brasileiras com a “Divide Tour”. Mariane tinha acabado de passar mais uma cirurgia, sua segunda. “Tirei os pinos da cirurgia anterior, e coloquei seis [no lugar]”. Apesar disso, a jornalista não deixou o problema de saúde a impedir. Apelou para a avó e comprou um ingresso, escondida do restante da família, para ter um primeiro encontro com o seu ídolo.
“Fui de camarote, para evitar qualquer outro problema. Foi um show que eu amei muito, mas precisei assistir bem paradinha. Fazia dois meses que tinha feito a cirurgia.”
Ed voltou ao Brasil em 2019, ainda com a “Divide Tour”. E a luta que Mariane travava com sua saúde continuava. Naquela ocasião, nem a avó foi capaz de ajudá-la. “Quando fiquei sabendo que ele viria para Rock in Rio, achei que não iria conseguir ver de novo”. Isso porque, em novembro de 2022, ela descobriu um câncer no pulmão.
“Em janeiro do ano passado precisei tirar o lóbulo inferior do pulmão esquerdo, e tive algumas metástases: uma na membrana que envolve o cérebro [as meninges] e, neste ano, uma no pulmão direito”, conta. Há três meses, Mariane precisou fazer cinco sessões de radioterapia, o que a debilitou ainda mais.
Apesar de seu amor pelo britânico, quando soube que ele viria ao Rock in Rio nestes 40 anos do festival, Mariane achou mais prudente não se empolgar. Ela chegou a combinar com uma amiga, também muito fã de Ed, de acompanhar o show de casa. O jogo virou quando ela foi convidada pela marca responsável pelo espaço de acessibilidade do Rock in Rio.
Com o apoio, ela resolveu se arriscar e vir até a Cidade do Rock. “O festival tem toda uma estrutura para me receber. Todos os estandes tinham fila preferencial, e uma das coisas que me espantou pela tranquilidade foi o banheiro”, disse ela, que precisa se locomover com uma cadeira de rodas.
Hoje com 32 anos, Mariane não sabe explicar exatamente de onde surgiu o amor por Ed Sheeran, mas sempre teve na música um refúgio para os momentos mais difíceis de sua vida. “Cheguei a ficar três meses internada por conta da quimioterapia, e passava muito tempo sozinha. Criava playlists com músicas dele, mais calmas, para me fazer companhia, conseguir dormir.”
O amor pelo britânico foi eternizado na pele: ela tatuou um trecho da música “Thinking Out Loud”, uma das mais famosas de Ed (e sua favorita), no braço. “Poder estar aqui dessa vez, e me divertir de verdade, sem precisar ficar paradinha como em 2017, tem toda uma mágica. Para mim está sendo muito legal sair de casa para fazer algo diferente no meio dessa rotina tão pesada.”