Carnaval 2024: veja as letras das escolas de samba do Rio que desfilam na segunda
Viradouro será escola que vai encerrar desfiles na Sapucaí


Na segunda (12), seis escolas encerram os desfiles do grupo especial das escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro.
Mocidade, Portela, Vila Isabel, Mangueira, Paraíso do Tuiuti e Viradouro fecham os desfiles na Sapucaí em 2024.
Os desfiles começam às 22h e terão transmissão da TV Globo e da plataforma de streaming do grupo, o Globoplay.
A Billboard Brasil separou as letras de cada escola de samba que desfilará na Sapucaí na segunda-feira. Confira:
Mocidade
Sensação do Carnaval de 2024, o samba “Pede Caju Que Dou… Pé de Caju Que Dá” já é febre antes mesmo da escola ir para Sapucaí. A homenagem ao Caju, de composição Diego Nicolau, Paulinho Mocidade, Marcelo Adnet, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax.
Letra do samba da Mocidade para o Carnaval 2024:
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida
Provou porã (provou!), Fruta do pé
Se lambuzou, Tamandaré
O mel escorre, olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Por outras praias a nobreza aprovou
Se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para Seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal Cunhã Poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É Tropicália, Tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
Portela
Baseado no romance da escritora Ana Maria Gonçalves, a Portela vai refazer os caminhos imaginados da história da mãe Preta, Luíza Mahim.
Letra do samba da Portela para o Carnaval 2024:
O samba genuinamente preto
Fina flor, jardim do gueto
Que exala o nosso afeto
Me embala, oh! Mãe, no colo da saudade
Pra fazer da identidade nosso livro aberto
Omotunde, vim do ventre do amor
Omotunde, pois assim me batizou
Alma de Jeje e a justiça de Xangô
O teu exemplo me faz vencedor
Sagrado feminino ensinamento
Feito águia corta o tempo
Te encontro ao ver o mar
Inspiração a flor da pele preta
Tua voz, tinta e caneta
No azul que reina lemanjá
Salve a lua de Benin
Viva o povo de Benguela
Essa luz que brilha em mim
E habita a Portela
Tal a história de Mahin
Liberdade se rebela
Nasci quilombo e cresci favela!
Orayeye oxum, Kalunga!
E mão que acolhe outra mão, macumba!
Teu rosto vestindo o adê
No meu alguidar tem dendê
O sangue que corre na veia e Malê!
Em cada prece, em cada sonho, nêga
Eu te sinto, nêga, seja onde for
Em cada canto, em cada sonho, nêgo
Eu te cuido, nêgo cá de onde estou
Saravá Kehinde! Teu nome vive!
Teu povo é livre! Teu filho venceu, mulher!
Em cada um de nós, derrame seu axé!
Vila Isabel
A Unidos de Vila Isabel vai reeditar em 2024 o enredo “Gbala – Viagem ao Templo da Criação”, de 1993. O samba-enredo de Martinho da Vila vai novamente embalar a escola. Em 1993, o enredo foi desenvolvido por Oswaldo Jardim e agora terá como carnavalesco Paulo Barros.
Letra do samba da Vila Isabel para o Carnaval 2024:
Meu Deus
O grande criador adoeceu
Porque a sua geração já se perdeu
Quando acaba a criação
Desaparece o criador
Pra salvar a geração
Só esperança e muito amor
Então foram abertos os caminhos
E a inocência entrou no Templo da Criação
Lá os guias protetores do planeta
Colocaram o futuro em suas mãos
E através dos Orixás se encontraram
Com o Deus dos deuses, Olorum
(E viram)
Viram como foi criado o mundo
Se encantaram com a mãe natureza
Descobrindo o próprio corpo compreenderam
Que a função do homem é evoluir
Conheceram os valores do trabalho e do amor
E a importância da justiça
Sete águas revelaram em sete cores
Que a beleza é a missão de todo artista
Gbalá é resgatar, salvar
E a criança é a esperança de Oxalá
Gbalá, resgatar, salvar
A criança é a esperança de Oxalá
Vamos sonhar
Mangueira
Com o enredo “A negra voz do amanhã”, além de homenagear Alcione, a “Marrom”, o desfile também vai fazer referências ao Maranhão, terra natal da cantora.
Letra do samba da Mangueira para o Carnaval 2024:
Xangô chama Iansã
Que a voz do amanhã já bradou no Maranhão
Tambor de Mina, Encantados a girar
O divino no altar, a filha de toda fé
Sob as bênçãos de Maria, batizada Nazareth
Quis o destino quando o tempo foi maestro
Soprar a vida aos pés do velho cajueiro
Guardar no peito a saudade de mainha
Do reisado a ladainha, São Luís o seu terreiro
Ê bumba meu boi! Ê boi de tradição!
Tem que respeitar Maracanã que faz tremer o chão
Toca tambor de crioula, firma no batuquejê
Ô pequena feita pra vencer
Vem brilhar no Rio Antigo, mostra seu poder de fato
Fina flor que não se cheira não aceita desacato
Vai provar que o samba é primo do jazz
Falar de amor como ninguém faz
Nas horas incertas, curar dissabores
Feito uma loba impor seus valores
E seja o pilar da esperança
Das rosas que nascem no morro da gente
Sambando, tocando e cantando
Se encontram passado, futuro e presente
Mangueira! De Neuma e Zica
Dos versos de Hélio que honraram meu nome
Levo a arte como dom
Um Brasil em tom marrom que herdei de Alcione
Ela é Odara, deusa da canção
Negra voz, orgulho da nação
Meu Palácio tem rainha e não é uma qualquer
Arreda homem que aí vem mulher
Verde e rosa dinastia pra honrar meus ancestrais
Aqui o samba não morrerá jamais
Paraíso do Tuiuti
A escola de São Cristóvão vai para avenida homenageando João Candido, marinheiro conhecido como “Almirante Negro”, responsável por liderar a Revolta da Chibata.
Letra do samba do Paraíso do Tuiuti para o Carnaval 2024:
Nas águas da Guanabara
Ainda o azul de Araras
Nascia um herói libertador
O mar com as ondas de prata
Escondia no escuro a chibata
Desde o tempo do cruel contratador
Eram navios de guerra, sem paz
As costas marcadas por tantas marés
O vento soprou à negrura
Castigo e tortura no porão e no convés
Ôôô A Casa Grande não sustenta temporais
Ôôô Veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais
Lerê lerê mais um preto lutando pelo irmão
Lerê lerê e dizer nunca mais escravidão
Meu nego… A esquadra foi rendida
E toda gente comovida
Veio ao porto em saudação
Ah! nego… A anistia fez o flerte
Mas o Palácio do Catete
Preferiu a traição
O luto dos tumbeiros
A dor de antigas naus
Um novo cativeiro
Mais uma pá de cal
Glória aos humildes pescadores
Yemanjá com suas flores
E o Cais da luta ancestral
Salve o Almirante Negro
Que faz de um samba enredo
Imortal!
Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A Cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti
Viradouro
“Arroboboi, Dangbé” fala sobre a energia do culto ao vodum serpente. Segundo o carnavalesco Tarcísio Zanon, que desenvolveu o tema, trata-se da força que se manifestou desde épicas batalhas na Costa ocidental da África e que influenciou as lutas das guerreiras Mino, do reino de Daomé, iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé.
Letra do samba da Viradouro para o Carnaval 2024:
Eis o poder que rasteja na Terra
Luz pra vencer essa guerra, a força do Vodun
Rastro que abençoa Agoyê
Reza pra renascer, toque de Adahum
Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher
Um levante à liberdade, divindade em Daomé
Já sangrou um oceano pro seu rito incorporar
Num Brasil mais africano, outra areia, mesmo mar
Ergue a casa de Bogum, atabaque na Bahia
Ya é Gu rainha, herdeira do candomblé
Centenário fundamento da Costa da Mina
Semente de uma legião de fé
Vive em mim
A irmandade que venceu a dor
A força que herdei de Hundé e da luta minó
Vai serpenteando feito rio ao mar
Arco-íris que no céu vai clarear
Ayi! Que seu veneno seja meu poder
Bessen que corta o amanhecer
Sagrado Gume-Kujo
Vodunsis o respeitam, clamam Kolofé
Os tambores revelam seu afé
Ê Alafiou, ê Alafiá, é o ninho da serpente
Jamais tente afrontar
Arroboboi meu pai, arroboboi Dangbê
Destila seu axé na alma e no couro
Derrama nesse chão a sua proteção
Pra vitória da Viradouro