Brazilian phonk: conheça a variação gringa do funk que é viral no Tik Tok
Produtores internacionais unem o phonk ao ritmo brasileiro e criam novo estilo
Navegando pelo TikTok talvez você tenha se deparado com uma trend em que gringos falam: “I’m not brazilian, I don’t speak portuguese, but this song is fire” (em tradução livre, “eu não sou brasileiro, não falo português, mas essa música é quente”). No vídeo, se ouvem batidas dançantes e uma voz conhecida, a do MC GW. A música em questão é “Montagem – PR Funk” e a princípio você pode achar que é um funk comum, mas foi criada por um argentino e representa uma nova vertente do estilo, chamada de Brazilian phonk.
Lançada em maio desse ano, “Montagem – PR Funk”, do produtor S3BZS, MC GW e MC Menor da Alvorada já conta com mais de 143 milhões de streams no Spotify e apareceu no chart Hot Dance/Electronic Songs da Billboard americana em 28º.
@adrien_nunezSome one tell me what they are saying♬ original sound – Adrien Nunez
Na tentativa de reproduzir o mandelão que é um subgênero do funk mais pesado, repetitivo e eletrônico, produtores e DJs estrangeiros fundiram o phonk e o funk. Dessa mistura nasceu o chamado Brazilian phonk, que vem conquistando alto desempenho nas plataformas digitais.
Ainda que os nomes sejam parecidos, o funk e o phonk são estilos distintos. Com origem norte-americana, o phonk se popularizou em 2022 no TikTok, e tem como características uma sonoridade futurista e distorcida, aliada a elementos do rap, hip hop e da eletrônica.
A origem do Brazilian Phonk
Apesar de ter o Brasil no título, o Brazilian phonk foi criado por produtores estrangeiros. Natural da Noruega, Slowboy, de 21 anos, é pioneiro e referência do estilo. Só ele conta com mais de 6 milhões de ouvintes mensais nas plataformas de áudio.
“No fim do ano passado, comecei a ouvir muito mais funk brasileiro e senti que vocês se destacavam muito… o som, ritmo, tudo isso se destaca. Isso me fez querer experimentar. Não era algo a que estava acostumado, e isso me deixou mais curioso”, conta, em entrevista a Billboard Brasil.
Foi navegando na plataforma que o norueguês descobriu a faixa “Maldição Eterna“, do DJ GLK. Esse foi o primeiro contato do produtor com o funk brasileiro.
Viralizado em vários países como Índia, México, Turquia e Noruega, o Brazilian phonk tem ainda como particularidade singles de curta duração e a repetição algumas palavras em português.
Slowboy acredita que a sonoridade é o principal motivo para o sucesso do movimento. “Eu acho que é por conta do som, ele tem muita energia, é como um house agressivo. Muitas pessoas escutam quando vão a academia, por exemplo, e isso te dá um gás. Isso atrai as pessoas”, explica o produtor.
Uma das pioneiras do gênero, com vocais em inglês, “Brazilian Phonk Mano“, de Slowboy, Lucaf. e Crazy Mano, foi liberada no Spotify em 20 de janeiro. Atualmente, ela já conta com mais de 76 milhões de streams por lá. Foi essa faixa que deu origem ao nome da nova vertente.
Questionado sobre o fato de não ser brasileiro, o produtor norueguês reconhece ser considerado um forasteiro: “Eu meio que entendo isso, mas para mim, é tudo sobre você saber respeitar a música”.
Conheça os Dragon Boys
Aqui no Brasil, o duo Dragon Boys, formado por MC Ramiro, 29 anos, e MC Mauro, de 30, são os principais nomes do estilo. Artistas independentes de São Mateus, Zona Leste de São Paulo, hoje contam com mais de 1 milhão de ouvintes mensais no streaming.
Embora os gringos estejam se beneficiando mais que os artistas nacionais com o Brazilian phonk, a dupla brasileira vê mais prós do que contras na situação.
“Os que mais estão lucrando com o phonk hoje são de fora do Brasil. Em contrapartida, gravadoras internacionais como Black 17 Media, Aurorian Records e Void Of Phonk estão abrindo portas para nós”, diz MC Ramiro.
Para os paulistanos, o ponto de virada na cena, foi quando Kordhell resolveu se aventurar na versão brasileira do gênero. O produtor inglês ,que participou da trilha do filme “Velozes e Furiosos 10”, fez questão de convidar brasileiros para a sua estreia no estilo.
“Kordhell se preocupou em fazer o primeiro Brazilian phonk com brasileiros. Pegou nossas vozes, fez a música, deu crédito”, disse o produtor.
A partir daí, portas foram abertas para os brasileiros no gênero inspirado em nossas criações.
“A gente estava terminando um trabalho com um russo, também fizemos com um produtor de Israel. Nunca imaginei na minha vida que eu ia trocar ideia com cara de Israel. A gente entra aqui no Google no chat GPT e traduz”, conta MC Ramiro.
Conexão nostálgica
Uma marca do Brazilian phonk é a ligação com games e animes, especialmente nas capas dos singles. O nome Dragon Boys por exemplo, é inspirado na animação “Dragon Ball Z”. “Queríamos algo que tivesse feito parte da nossa infância e de muitos da nossa idade, algo que trouxesse nostalgia”, contou Ramiro.
O público do Brazilian phonk é jovem, logo esses elementos ajudam a chamar a atenção.”A gente colocava um anime e muita criança gostava, mas isso também o pega o público mais velho por conta da nostalgia”.
Isso também explica o crescimento do subgênero, especialmente no TikTok. A hashtag #BrazilianPhonk já passou a marca de 876,7 milhões de visualizações, se caracterizando como um dos grandes virais da plataforma.
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