Beyoncé brasileira: como a música fez a ginasta Rebeca Andrade encantar o mundo
Ginasta é uma das esperanças de medalha para o Brasil nos Jogos de Paris
Impossível pensar em Rebeca Andrade sem falar de música. A ¬ filha de Rosa Santos, mãe solo de sete filhos, fez o Brasil acordar emocionado ao som de “Baile de Favela”, em 2021. Enquanto o país tentava se reerguer após ter sido fortemente atingido pela pandemia de covid-19, a menina da periferia de Guarulhos, em São Paulo, trazia alegria direto do Japão, onde conquistou a primeira medalha de ouro da ginástica do país em uma Olimpíada.
Assim como sua trajetória no esporte, em que começou a dar os primeiros passos com quatro anos em um projeto da prefeitura, sua relação com a música também teve início quando era uma criança, ao lado dos outros seis ¬filhos de dona Rosa. “Eu gosto muito de música, fui criada nesse meio, né? Porque eu cantava na igreja quando era mais nova, com os meus irmãos. Inclusive, todo mundo da minha família canta. É por isso que eu gosto tanto. Depois, quando eu entrei no meio esportivo, a ginástica também pedia muito isso. Foi um jeito de a música continuar na minha vida”, conta.
Mas não foi apenas “Baile de Favela” que fez Rebeca encantar o mundo. A ginasta foi capaz de fazer olhos brilharem enquanto exibia movimentos impressionantes ao som de “End of Time”, de Beyoncé, e “Movimento da Sanfoninha”, em um pot-pourri de dar inveja aos mais criativos produtores musicais.
“As músicas [das coreógrafas] vieram como uma surpresa para mim nestes últimos três ciclos olímpicos. Aquela foi a primeira vez que eu consegui escolher as faixas com o pessoal do Comitê Olímpico. Peguei referência de artistas de quem eu gosto, como Anitta e Beyoncé. Mandei as que eu gostava, que eu achava que iam ¬ ficar legais, aí eles ¬ zeram a junção de tudo e deu certo.” E foi ao som das divas do pop que Rebeca conquistou a medalha de prata no Mundial da Antuérpia, na Bélgica, em 2023. O ouro só não veio porque ela competia com a quase perfeita Simone Biles, ginastas dos Estados Unidos.
Aliás, mais um momento marcante depois de sua apresentação ao som de Beyoncé e Anitta foi o pódio. Medalha de ouro no Mundial, Biles fez questão de passar uma coroa simbólica para a brasileira. A reação de Rebeca talvez resuma quem é a ginasta durante suas apresentações: uma alegria que contagia e faz com que todos torçam por ela, já não mais só os brasileiros. Os movimentos perfeitos da menina de Guarulhos se encaixam harmonicamente com as batidas de grandes hits da música. “Acho que para combinar comigo tem que ter uma batida forte, porque eu sou uma pessoa que tem explosão, que é muito alegre, que gosta de dançar e gosta de sorrir e tudo mais. Eu acho que vocês veem isso nas minhas apresentações. Então, tem que ter isso.”
E com tantas batidas bombando nas playlists do Spotify, Rebeca tem di¬ficuldade para elencar o que mais toca em seus fones de ouvido. A exceção acontece quando a Billboard Brasil pede para que a ginasta escolha uma cantora favorita. Nesse momento, não há espaço para nenhuma dúvida. “Beyoncé”, responde Rebeca sem gastar nem um segundo para pensar.
Neste ano, Rebecca chega à Olimpíada de Paris com muito mais holofote do que há três anos, no Japão. Para além de sua apresentação no solo, ela também poderá trazer medalhas para o Brasil em outras categorias, como o salto, em que conquistou o ouro na Bélgica. Resta torcer para que ela brilhe como Beyoncé em “Texas Hold’em” –seja ao som da norte-americana, ou Anitta, ou Shakira ou qualquer outra estrela da música que a inspira a ser essa potência e esse orgulho do esporte nacional.