Headliner do ARVO, BK’ reflete sobre os desafios de gerir o festival Gigantes
Rapper realizou a primeira edição do evento recentemente na Praça da Apoteose


Dias depois de realizar a primeira edição do Gigantes, festival idealizado por ele no Rio de Janeiro, BK’ subiu ao palco do ARVO, em Florianópolis, como uma das principais atrações do evento.
O rapper, que vem consolidando uma trajetória marcada tanto pela consistência lírica quanto pela ousadia estética, agora experimenta um novo tipo de protagonismo: o de gestor e articulador cultural. Em entrevista à Billboard Brasil, ele reflete sobre o impacto dessa virada, celebra os números de “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer” — disco que já rendeu single de platina e disco de ouro — e exalta a dimensão quase mística de criar rimas em tempos de alta produtividade.
Confira a entrevista completa com BK’, abaixo
Você já esteve em muitos festivais como artista contratado, como é o caso aqui do ARVO. No festival Gigantes, no último dia 26 de abril, você esteve no comando de tudo. Como foi essa experiência de organizar seu próprio festival e colocar seus parceiros no palco com você?
BK’: Cara, a gente tem feito nossa caminhada com base no que acredita sobre rap, música, cultura. Sempre pensamos em como agregar mais do que só subir no palco e rimar. A ideia era jogar algo de volta pra cultura, criar algo divertido, mas com propósito. E com o Gigantes, acho que conseguimos dar uma cara de hip-hop mesmo, sabe? Um festival com identidade, com alma. Claro que tem muito a melhorar — é normal, foi a primeira edição —, mas só de termos conseguido entregar isso logo de cara, já mostra que estamos no caminho certo. É o que a gente acredita: devolver pra cultura tudo que ela nos deu. E acho que temos feito isso ao longo da nossa carreira. Esse festival foi mais um marco nessa história.
“DLRE” já recebeu disco de ouro e single de platina. E nem chegamos ao meio do ano. O jogo dos números é algo importante para você ou apenas consequência de um bom trabalho?
BK’: Até “ICARUS” (2022), eu fazia tudo muito pelo que sentia. Sempre fui assim — faço o que quero fazer. Quando a gente viu o quanto o público abraçou “ICARUS”, eu pensei: “Beleza, agora vamos jogar esse jogo”. E aí veio o “DLRA”, que foi o primeiro disco em que eu quis mesmo disputar espaço. Mostrar que sei jogar dentro do meu estilo. Se não fosse o The Weeknd lançando disco na mesma semana, o nosso teria sido o mais tocado do Spotify. Ficamos em segundo lugar, e isso diz muito. Foi uma forma de provar que dá pra fazer bem feito, alcançar metas — as nossas, as da distribuidora, as do público — sem perder a essência. Em três meses, a gente bateu todas.
Em nove anos você lançou cinco discos, isso sem contar Pirâmide Perdida, Nectar Gang e participações especiais em projetos de outros artistas. Como você se desafia a manter o nível da sua escrita tão alto com tanta produtividade?
BK’: Cara, eu sei que esse tipo de resposta às vezes soa clichê, mas não é por isso que deixa de ser verdade. Quando eu faço música, quando eu paro pra fazer um disco, é onde eu realmente me conecto com algo além — com uma quarta dimensão, com Deus, com o que for. É uma sensação muito forte de criação. É pensar em algo, achar que não vai sair, e de repente flui. De repente, vem uma ideia, e outra, e vai acontecendo. É mágico, mesmo. Então, sempre que faço um disco, o primeiro motivo é essa conexão. E depois disso, vem a pergunta: “Até onde essa ideia pode me levar?” A motivação não vem só do ego, de competir com o rapper tal ou fulano. Vem muito mais do prazer real de criar, de estar nesse estado de fluxo criativo.