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Patrimônio francês, AIR toca clássico ‘Moon Safari’ no Brasil: ‘SP é um choque’

Patrimônio francês, AIR toca clássico ‘Moon Safari’ no Brasil: ‘SP é um choque’

Duo eletrônico é atração do C6 Fest no sábado (24), no Parque do Ibirapuera

Air traz celebração de 25 anos de 'Moon Safari' ao C6 Fest (redes sociais)

Só me dei conta que Moon Safari é um excelente disco anos depois. 

Quando o duo francês Air surgiu no horizonte, no final dos anos 1990, com seu som eletrônico vintage e sofisticado, o impacto no mundo pop foi enorme: quem seriam esses caras que, do nada, chegaram para mudar o nosso jeito de ouvir música eletrônica?

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Com seu álbum de estreia, “Moon Safari”, lançado em 1998, o duo formado três anos antes pela dupla Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel trouxe como novidade uma sonoridade desacelerada, introspectiva e viajandona, que misturava elementos de ambient (gênero da música eletrônica mais contemplativo) e synthpop, com referências fortes aos alemães do Kraftwerk, “fundadores” da eletrônica como a conhecemos hoje, Pink Floyd, pela lisergia, e, claro, com o toque francês de Serge Gainsbourg, ídolo nacional do país do croissant, odiado pelo público mais conservador. 

Depois de “Moon Safari”, todas as portas se abriram para o Air e sua carreira decolou ao patamar do primeiro time da música francesa. A força do trabalho não esmoreceu ao longo dos seis álbuns seguintes, consolidando a dupla como um patrimônio identitário da nação, quase como um pain au chocolat à beira do rio Sena. 

Quase dez anos depois de sua segunda passagem pelo Brasil, a dupla retorna ao país agora trazendo o hoje clássico álbum “Moon Safari” para ser tocado na íntegra dentro da programação do classudo C6 Fest. Com ingressos esgotados, a dupla se apresenta no sábado (24), no Parque do Ibirapuera.

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“Será que vai chover”, me pergunta um sorridente Nicolas Godin, na entrevista concedida via Zoom à Billboard Brasil. A lembrança se refere ao shows anteriores do duo no Brasil, em 2010, dentro do festival Natura Nós, quando um pé d’água transformou a Chácara do Jóquei em corredeiras, e em 2016, quando tocaram no Audio Club lotado, mesmo após uma chuvarada que quase trouxe o público dentro da Arca de Noé.

Sou suspeita para falar de “Moon Safari”, um dos meus discos (literalmente) de cabeceira. Ele é chique, profundo, hipnótico, mas às vezes beira uma cafonice que o aproxima de qualquer balada romântica de bar de estrada. Melhor do que falar sobre o disco, é ouvir o que Nicolas Goudin nos contou sobre ele. Abaixo, o bate-papo. 

Billboard Brasil – Se eu fosse traduzir o som do Air para um ET, eu provavelmente diria que se trata de uma mistura de sons que funde Ennio Morricone, Pink Floyd, Serge Gainsbourg e Kraftwerk. É por aí?
Nicolas Godin: Diria que você mandou bem, mas eu acrescentaria Claude Debussy, por causa das harmonias românticas francesas.  

Faz 25 anos desde Moon Safari. Como era a época em que fizeram esse álbum, e o que mudou desde então no jeito de vocês fazerem música?
Era uma época mais ingênua, sem inteligência artificial, com máquinas analógicas superquentes. Hoje, tudo mudou. Se fôssemos gravar “Moon Safari” agora, seria muito diferente. Naquela época, usávamos apenas 8 pistas; hoje, os artistas usam 80! O conceito de álbum também mudou — antes, era uma obra completa, como uma ópera. Agora, a atenção do público é mais fragmentada.  

Como vocês recriam a complexidade de “Moon Safari” ao vivo, e como isso será feito no show em São Paulo?
Temos máquinas escondidas nos bastidores — sintetizadores, vocoders, pedais — tudo sincronizado por computador. No palco, mantemos a estética minimalista, mas é complicado. Hoje, aceitamos “Moon Safari” como ele é, mas, no passado, sempre queríamos explorar sons novos.    

Vocês têm uma relação forte com a música brasileira. O que mais admiram?
 A Bossa Nova e o Tropicalismo dos anos 60 são enormes influências. A música brasileira é sofisticada e elegante — como Serge Gainsbourg, mas com acordes que parecem franceses. Erasmo Carlos, por exemplo, é um gêmeo brasileiro do Gainsbourg! O Brasil tem um *soft power* enorme na França; admiramos muito sua cultura. Acho que vocês deveriam saber mais disso e dar mais valor à música que produzem!  

 E suas memórias de turnês no Brasil?  
São Paulo é um choque! Esperávamos praias, mas é um oceano de concreto. Adoro a energia, a comida (como o porco beeeeeem assado) e os frutos exotícos. Só sinto falta do vinho francês — aqui só tem champanhe caro ou cachaça! (Risos)  

Para encerrar: um álbum perfeito, na sua opinião?
 “The Man-Machine“, do Kraftwerk. E, claro, “Moon Safari” — se bem que só me dei conta disso muitos anos depois. 

SERVIÇO – C6 FEST 2025

🗓️ Quando: 22 a 25 de maio de 2025
📍 Onde: Parque Ibirapuera – São Paulo
🎫 Ingressos: C6 Fest

Ouça o “Moon Safari” do Air

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Published by Mynd8 under license from Billboard Media, LLC, a subsidiary of Penske Media Corporation.
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